A aprovação da Lei 15.269/2025 pelo governo marcou um dos passos mais relevantes da história recente do setor elétrico brasileiro.
Em até três anos, 92 milhões de consumidores, residências, comércios, produtores rurais e pequenas indústrias poderão escolher de quem comprar energia, rompendo um monopólio de décadas e abrindo espaço para um mercado finalmente competitivo, transparente e orientado pelo interesse do consumidor.
O Brasil está, de fato, entrando na sua “era da escolha energética”, e isso inaugura um novo tipo de relação entre o país e sua própria infraestrutura.
Um novo desenho de mercado
Até hoje, apenas grandes consumidores podiam negociar diretamente com geradoras e comercializadoras. A maior parte da população permanecia dependente das distribuidoras locais, sem possibilidade de negociar condições ou preços.
Com a Lei 15.269/2025, essa lógica se desfaz: famílias de classe média, pequenos comércios, produtores rurais e pequenas indústrias passam a ter acesso ao mesmo modelo que já beneficia empresas de maior porte.
Estimativas do setor apontam que cerca de 40% dos consumidores devem migrar para o mercado livre em até quatro anos, impulsionados pela busca por economia, previsibilidade e autonomia.
Benefícios que vão além da redução de custos
O impacto econômico da medida é expressivo. Um estudo da Abraceel projeta que a economia anual para os consumidores do Grupo B pode chegar a R$ 17,8 bilhões.
Esse alívio no orçamento das famílias e dos pequenos negócios tende a gerar um círculo virtuoso: mais investimentos em melhorias internas, maior competitividade, expansão de atividades e, em escala nacional, a criação de novos empregos e o aumento da produtividade.
A abertura da energia acompanhou, com certo atraso, processos de liberalização já vistos em setores como telecomunicações e serviços financeiros, e agora adentra uma fase em que a digitalização e a transparência se tornam normas estruturantes.
A maturidade energética chega ao consumidor comum
Mas a transformação não é apenas regulatória. Ela inaugura uma nova mentalidade de consumo de energia. Pela primeira vez, o pequeno consumidor terá de fazer escolhas que até então eram invisíveis: comparar fornecedores, analisar produtos, entender prazos e assumir uma postura ativa diante do próprio consumo. É o início de uma maturidade energética que até hoje se restringia às grandes empresas.
Para que isso avance com segurança, será essencial um esforço robusto de comunicação e de educação energética, além de plataformas digitais que simplifiquem a jornada do consumidor e tragam previsibilidade para suas decisões.
Dois passos, três anos: o cronograma que redefine o setor
A Lei estabelece que o acesso ao mercado livre ocorrerá em duas etapas: primeiro para indústria e comércio, em até 24 meses; depois para os demais consumidores, incluindo residências, em até 36 meses.
O governo ainda pode antecipar essas etapas caso desenvolva um plano de comunicação capaz de orientar a população sobre como escolher seu fornecedor.
A experiência internacional mostra que a velocidade da migração depende menos da regra e mais da clareza com que os consumidores entendem seus benefícios, seus direitos e suas novas responsabilidades.
Competição saudável e inovação: o caminho que se abre
Quando há liberdade de escolha, há também incentivo para que as empresas inovem. A abertura deve impulsionar novos modelos de oferta, combinações entre energia e eficiência, pacotes que integrem geração distribuída, soluções digitais de monitoramento e contratos mais transparentes.
Essa dinâmica já transformou o mercado industrial, no qual mais de 90% da energia consumida é adquirida no mercado livre. Agora, essas inovações devem se estender às famílias e aos pequenos negócios, acelerando um movimento de modernização do setor.
O futuro da energia é híbrido, digital e orientado pelo consumidor
A universalização do mercado livre não representa apenas um avanço regulatório; ela inaugura um novo ecossistema energético. Combinando tecnologias de geração distribuída, armazenamento, medição avançada e ofertas mais flexíveis, o setor se aproxima de uma lógica híbrida, digital e profundamente centrada no consumidor.
Esse consumidor, antes espectador passivo, passa a ser protagonista das suas escolhas. Para empresas como o Grupo Bolt, que atuam na estruturação dessa transição, o cenário abre espaço para ampliar soluções, inovar e contribuir para um sistema mais competitivo, sustentável e inteligente.
Mais do que reduzir custos, a abertura do mercado livre marca uma virada cultural no Brasil. Surge uma nova relação com a energia, uma relação baseada em autonomia, transparência e liberdade de escolha. E essa mudança, depois de décadas, finalmente chega a todos nós.
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