Caros leitores,
A Medida Provisória 1.300/2025 consolida o ambiente de inflexão regulatória que se desenhava nos últimos anos no setor elétrico brasileiro. A proposta altera fundamentos operacionais, econômicos e tarifários do mercado, reacendendo discussões sobre alocação de custos, sustentabilidade financeira e equilíbrio competitivo.
O texto que abre esta edição apresenta uma análise detalhada sobre os vetores dessa reforma, que tende a redesenhar a arquitetura do setor no horizonte de curto e médio prazos.
Na reportagem que segue, examinamos os efeitos práticos da nova política de tarifa zero para determinados consumidores, e como essa decisão, na outra ponta, produz deslocamentos de custos que impactam diferentes perfis de usuários. A dinâmica tarifária volta ao centro do debate, com repercussões relevantes tanto no ambiente regulado quanto no avanço do mercado livre.
Ao mesmo tempo, observa-se uma aceleração na adoção de soluções de geração distribuída e armazenamento, que ganham espaço não apenas pela busca por eficiência, mas também como resposta a cenários de instabilidade tarifária e insegurança energética.
A reportagem sobre a implementação de sistemas híbridos em uma granja no interior de São Paulo ilustra como modelos descentralizados estão se consolidando como ativos estratégicos para consumidores de diversos perfis.
Na mesma direção, a expansão da infraestrutura de recarga para veículos elétricos, analisada na reportagem sobre modelos de negócio para eletropostos, evidencia como a mobilidade elétrica começa a gerar novas frentes de monetização — um fenômeno que tende a se intensificar nos próximos ciclos de investimento.
No campo técnico, esta edição dedica uma sequência de artigos que detalham indicadores e ferramentas que serão cada vez mais relevantes no contexto da operação, manutenção e performance de sistemas fotovoltaicos.
A análise do Índice de Performance (PR), da rastreabilidade de módulos e baterias, do funcionamento de sistemas tracker, e da adoção do conceito de Digital Twin no mercado brasileiro, revela como a eficiência operacional e a gestão inteligente de ativos se tornam elementos centrais na nova dinâmica do setor.
Questões estruturais, por sua vez, seguem pressionando o sistema. A análise sobre os gargalos da transmissão reforça que, sem expansão da infraestrutura, os ganhos de eficiência e de geração renovável não serão plenamente capturados.
No mesmo eixo, os desafios associados à viabilização da energia eólica offshore no Brasil e o papel do mercado de carbono na precificação e atratividade de sistemas de armazenamento mostram como as fronteiras tecnológicas, regulatórias e econômicas se sobrepõem no atual estágio da transição energética.
Por fim, a reportagem sobre o avanço do setor de armazenamento na Alemanha — que atingiu a marca de 20 GW de capacidade instalada — oferece uma perspectiva internacional valiosa.
O estudo desse mercado revela caminhos possíveis, lições aprendidas e as condições necessárias para que o Brasil acelere sua própria trajetória na consolidação do armazenamento como vetor estratégico da transição energética.
Esta edição reflete um setor em transformação estrutural, no qual convergem mudanças regulatórias, avanços tecnológicos e novos modelos de negócio — elementos que, combinados, estão moldando o futuro da matriz elétrica brasileira.
Boa Leitura!