O setor eletroeletrônico brasileiro deve registrar um 2026 um maior dinamismo, especialmente em GTD (Geração, Transmissão e Distribuição).
Segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), a previsão é alcançar um faturamento de R$ 34,9 bilhões no próximo ano, ante R$ 31.5 bilhões registrados em 2025, variação de 7% – ou cerca de 3%, descontada a inflação.
Segundo o diretor de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica da entidade, Marcelo Machado, o desempenho em GTD estará diretamente ligado ao volume expressivo de investimentos em infraestrutura esperados em função tanto dos leilões de transmissão já realizados, como também em razão dos previstos para o próximo ano.
Durante entrevista coletiva de final de ano realizada na quinta-feira (4), pela Abinee, Machado lembrou que o leilão de transmissão de outubro último movimentou R$ 5,5 bilhões em novos ativos — entre linhas e subestações — e que para 2026 estão confirmados dois novos certames, sendo um no primeiro semestre, estimado em R$ 3,5 bilhões, e outro no segundo, com aproximadamente R$ 20 bilhões, voltado à integração de renováveis e reforços sistêmicos na rede básica.
A perspectiva é reforçada pelo presidente da Abinee, Humberto Barbato, que destacou que as distribuidoras também devem sustentar um ciclo de investimentos significativo em 2026.
Segundo ele, as concessionárias estão diante de ciclos tarifários que exigem a entrada de novos ativos para reconhecimento regulatório, além da necessidade crescente de investir em automação e digitalização.
Barbato chamou atenção para a urgência de tornar a rede mais resiliente diante de eventos climáticos extremos, que vêm acontecendo com maior frequência e intensidade.
“As concessionárias estão investindo muito para reduzir o tempo das faltas e fortalecer a rede, porque os eventos climáticos estão se antecipando ao verão e já causam impactos relevantes”, afirmou.
Retomada solar
Quanto ao mercado solar fotovoltaico, Machado reconheceu que 2025 foi marcado por queda significativa na demanda por módulos — em torno de 40% —, influenciada por incertezas regulatórias e pela incapacidade momentânea do sistema interligado de absorver excedentes de geração, o que levou o ONS a ampliar cortes (curtailment) em grandes usinas.
O diretor, entretanto, avaliou que essa conjuntura deve começar a se transformar. Segundo ele, a nova legislação do setor elétrico — Lei 15.269 — trouxe maior clareza sobre compensações e sobre o papel do armazenamento na rede, o que tende a dar impulso renovado aos investimentos.
Machado citou a expectativa de um leilão de reserva de capacidade para sistemas de armazenamento em abril de 2026, elemento que, em sua visão, destravará a expansão tanto de grandes plantas solares quanto da mini e micro geração distribuída.
Barbato complementou, apontando fatores adicionais que impulsionam o mercado. Ou seja, na visão do presidente da Abinee, tanto a evolução tecnológica dos módulos como a queda de preços desses equipamentos terão impactos positivos nesse segmento.
Segundo ele, os painéis atuais já apresentam potências significativamente maiores que as observadas nos últimos anos, o que aumenta sua competitividade e amplia o interesse dos consumidores.
“O interesse pela solar continua aquecido. O que vemos é efeito direto da evolução tecnológica e da redução de preços, inclusive porque fabricantes brasileiros começam a ocupar espaço e pressionar os concorrentes internacionais”, disse.
Medidores para o mercado livre
Questionado quanto a capacidade de atendimento da indústria de medidores eletrônicos inteligentes para o pleno atendimento da total abertura de mercado livre de energia (ACL), prevista agora para 2028, Machado garantiu que o setor nacional está preparado.
Ele detalhou que a produção de medidores atende simultaneamente às exigências do Inmetro, às características mínimas definidas pela ANEEL e às diretrizes que vêm sendo discutidas com o MME (Ministério de Minas e Energia), em especial as relacionadas à digitalização das redes e às tarifas horárias.
Machado afirmou também que a capacidade da indústria brasileira está hoje em cerca de três vezes a atual demanda das distribuidoras, indicando que o país poderá suprir a entrada dos novos consumidores no ACL sem gargalos.
O diretor de GTD ressaltou ainda que o avanço da medição inteligente envolve tanto hardware quanto software, exigindo integração com sistemas de operação e plataformas de redes digitais.
Observou ainda que a modernização desses equipamentos será essencial para o funcionamento do mercado livre residencial, já que a medição precisa garantir precisão, segurança, telemetria e aderência à estrutura tarifária regulada.
A chegada desse novo mercado, afirmou ele, representa um dos mais relevantes vetores de crescimento industrial no curto e médio prazo.
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