Depois do boom de adesões registrado em 2024, o mercado livre de energia mostra sinais de desaceleração em 2025. Dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) indicam que, entre janeiro e setembro, 18.378 novas unidades consumidoras migraram para o ambiente livre – número praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado (18.414), quando o setor atingiu o maior crescimento de sua história.
Apesar da estabilidade no acumulado, o ritmo mensal vem perdendo força desde o início do ano, com reduções sucessivas nas migrações, como mostra o gráfico abaixo.
A retração reflete uma combinação de fatores regulatórios, econômicos e estruturais que vêm redesenhando o apetite das empresas pelo ambiente livre. A tramitação de medidas provisórias que revisam subsídios e encargos setoriais aumentou a percepção de risco entre agentes e consumidores, gerando cautela nas decisões de migração.
Além disso, a expectativa de revisão dos descontos de fio e de reajuste nos custos de contratação levou comercializadoras a adotar uma postura mais seletiva, priorizando contratos com margens mais seguras e menor exposição.
Outro elemento importante é a maturidade natural do processo de abertura. Após o impulso de 2024 (quando o mercado livre foi estendido a todos os consumidores de alta tensão), parte significativa do público elegível já migrou. O ritmo menor em 2025, portanto, também reflete um movimento de consolidação, com uma base crescente de consumidores já estabelecidos e um contingente reduzido de novos entrantes.
Segundo o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Alexandre Ramos, o resultado não indica retração, mas sim estabilidade em um patamar elevado. “O que observamos é um mercado maduro, que mantém um volume expressivo de crescimento e amplia sua diversificação regional e setorial. Isso mostra a confiança das empresas no modelo e na competitividade da energia negociada livremente”, avalia.
Serviços e telecom lideram o avanço em 2025
Entre os segmentos que mais cresceram no ano, o setor de serviços se destacou, com 6 mil novas unidades migradas, um avanço de 25,6% frente a 2024. Telecomunicações (+19,6%) e transportes (+15,7%) também registraram resultados expressivos, impulsionados pela busca por gestão mais eficiente e previsibilidade de custos – especialmente entre empresas de médio porte e operações urbanas.
Na indústria, os setores de madeira, papel e celulose (+13,8%) e químicos (+1,9%) mantiveram trajetória positiva. Já segmentos tradicionais, como têxtil (-40,3%), veículos (-32,1%) e comércio (-17,7%), apresentaram retração após o forte movimento de entrada observado no ciclo anterior.
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