A Axia Energia entrou em um momento decisivo de transformação, combinando ambição renovada com uma estratégia de diversificação que vai além da geração e transmissão, suas atividades historicamente tradicionais.
Depois de completar um ciclo de reorganização interna, redução de contingências e finalização de obras estruturais, como o linhão Manaus–Boa Vista, a companhia agora volta suas atenções para as oportunidades promissoras que o setor elétrico brasileiro vem criando nos últimos meses.
Além de operar 74 mil km de linhas de transmissão e mais de 40 GW de geração — majoritariamente hidrelétrica — a empresa quer fortalecer sua atuação em frentes emergentes, de maior potencial tecnológico, segundo informou o CEO Ivan Monteiro, em entrevista à Agência Reuters.
Entre elas, data centers, hidrogênio verde, eletrificação industrial e baterias começam a ganhar espaço. A companhia presta assessoria técnica para projetos de data centers e já assinou memorandos de entendimento em diferentes fases de desenvolvimento.
Dois deles, em Campinas (SP) e Canindé do São Francisco (SE), avançam em tratativas com o governo federal. De acordo com Monteiro, a demanda por orientação técnica da Axia vem crescendo rapidamente: “Não é só energia. Avaliamos localização, infraestrutura e acesso à rede. O setor está mudando e nós estamos mudando junto”, disse.
A Axia também avalia oportunidades em geração renovável, sobretudo solar, ainda que não haja projetos de aquisição no pipeline imediato. O objetivo é conciliar modernização de ativos próprios, que garantam retorno de baixo risco, com opcionalidades que permitam à empresa se posicionar como fornecedora completa de soluções energéticas.
Com a abertura total do mercado livre e a aceleração das mudanças estruturais do setor elétrico, Monteiro afirma que a companhia vem investindo no que chama de “funding intelectual”. Ou seja, conhecimento técnico e capacidade analítica para navegar em um ambiente cada vez mais dinâmico e competitivo.
Radar voltado para grandes projetos de transmissão
No centro dessa agenda também estão os megaleilões de transmissão, que devem recolocar no mercado projetos bilionários de infraestrutura.
Monteiro informou que a empresa acompanhará com grande interesse os certames previstos pelo governo, incluindo o bipolo de 2,5 mil km que deverá ligar o Nordeste ao Sul e exigirá cerca de R$ 26,5 bilhões em investimentos.
Diante de tamanha escala, o executivo admite que a formação de parcerias — ainda não discutidas internamente — é uma possibilidade natural.
Monteiro fez um paralelo com o setor de petróleo. Mesmo gigantes globais recorrem a consórcios quando o investimento é muito elevado. E, no caso da Axia, disputar sozinha esses projetos poderia elevar significativamente o endividamento, com retornos apenas de longo prazo. A presença de competidores de peso, como a chinesa State Grid, adiciona ainda mais relevância a essa avaliação estratégica.
Os planos de expansão, no entanto, não se limitam aos leilões. A Axia prevê investir cerca de R$10 bilhões neste ano, mantendo a trajetória de crescimento nos próximos ciclos.
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