A Axia Energia confirmou foco no desenvolvimento de projetos de armazenamento de energia em baterias, indicando que a empresa vem estudando a tecnologia há bastante tempo, analisando as diversas possibilidades e modalidades.
Questionado durante conferência de resultados realizada na quinta-feira (06), o vice-presidente executivo de Estratégia e Novos Negócios, Elio Wolff, informou que essa é uma solução necessária para o sistema brasileiro e que sua implementação é considerada inevitável.
Segundo ele, embora o Brasil esteja apenas se iniciando neste campo, a empresa enxerga o avanço das baterias de forma bastante consolidada em vários outros mercados.
O principal vetor para o investimento no curto prazo que a Axia Energia enxerga é o leilão de baterias anunciado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) para março de 2026. O executivo lembrou, no entanto, que as regras do certame ainda não foram divulgadas.
Apesar do interesse, Wolff ressaltou que a forma como o sistema brasileiro está estruturado atualmente impõe uma barreira significativa ao desenvolvimento pleno do mercado de baterias. Ou seja, ainda não é possível a captura do valor intraday, visto como algo bastante importante para a operação da tecnologia.
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“A falta de mecanismos de mercado para a negociação de energia dentro do mesmo dia impede que as baterias operem com todo o seu potencial econômico”, explicou Wolff.
O cenário ideal para o desenvolvimento do setor seria aquele em que o mercado de baterias evoluísse não apenas através do instrumento do leilão governamental, mas também por meio de soluções de mercado efetivas, destacou.
Modalidade é implementada globalmente
O mercado intraday é um ambiente de comercialização de energia em tempo quase real, onde geradores, comercializadores, consumidores livres e operadores de baterias podem comprar ou vender energia com poucas horas — ou até minutos — de antecedência.
No contexto do armazenamento de energia, as baterias de grande porte participam do mercado intraday como agentes de equilíbrio instantâneo. Elas funcionam como “compradoras” e “vendedoras” de energia em tempo real, conforme as condições de preço e necessidade da rede.
As plataformas intraday permitem negociações automáticas e contínuas, com lances de compra e venda em tempo real. As baterias, integradas via sistemas digitais, conseguem responder em questão de segundos, o que é impossível para usinas térmicas ou hidrelétricas convencionais.
Existem várias fontes de receita para baterias no intraday: arbitragem de preços; serviços ancilares, como estabilização de frequência, controle de tensão, reserva de capacidade; compensação de desvios de contratos de geração renovável, e suprimento de demandas súbitas de grandes consumidores.
Na Europa e EUA o mercado intraday já é altamente desenvolvido e representa uma das principais fontes de receita para projetos de baterias. No Brasil, essa sistemática segue em fase de estudos.
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