A adoção em larga escala de sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) poderá transformar o mercado elétrico brasileiro, segundo relatório divulgado pela Aurora Energy Research.
O estudo indica que, se os sistemas BESS representarem 40% da capacidade contratada nos próximos LRCAP (Leilões de Reserva de Capacidade), o curtailment solar poderá ser reduzido em até 46%, os preços de captura da energia solar poderão subir mais de R$ 20/MWh, e o spread médio diário de preços poderá cair cerca de R$ 40/MWh até 2040 — resultando em um sistema mais estável, eficiente e renovável.
Além disso, nesse mesmo cenário, os custos de capacidade poderiam cair 14% e as emissões de CO₂ seriam reduzidas em 37%, tornando os leilões mais vantajosos tanto econômica quanto ambientalmente.
“O Brasil, um dos maiores mercados de energia do mundo, está em um ponto de inflexão. Com recordes de geração renovável e crescente congestionamento da rede, o curtailment tornou-se um desafio operacional diário”, avalia Rodrigo Borges, Líder de Mercado no Brasil da Aurora Energy Research.
Segundo ele, o BESS se consolida como a solução de curto prazo mais viável para reduzir cortes de geração, estabilizar os preços e ampliar a flexibilidade do sistema.
“Nossos estudos mostram que, se 40% da capacidade contratada nos próximos LRCAPs viesse de baterias, poderíamos reduzir os pagamentos de capacidade em 14% e mitigar as emissões em 37%. Este relatório apresenta recomendações para aprimorar a regulação e o desenho dos leilões de capacidade, além de explorar as dinâmicas de mercado e as implicações de risco”, acrescentou Borges.
Ajustes regulatórios e competitividade
De acordo com o estudo, a falta de clareza sobre onde os projetos de BESS devem ser instalados é um dos principais desafios. Hoje, as regras favorecem regiões com preços e tarifas de rede mais baixos, sem priorizar as áreas mais críticas em termos de capacidade.
Outro entrave é a carga tributária sobre os sistemas de armazenamento, que pode ser até 30% superior à aplicada a outros componentes do setor, o que reduz a atratividade dos investimentos.
Pedro Luz, analista sênior da Aurora, destaca que é necessário aprimorar os sinais de investimento e revisar a estrutura tributária e tarifária do setor elétrico, de forma a criar um ambiente regulatório mais competitivo e favorável ao avanço do BESS.
A Aurora também recomenda que os leilões passem a considerar não apenas o custo das fontes, mas também sua pegada de carbono, promovendo um ambiente mais sustentável e alinhado à transição energética global.
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