[gtranslate]

China, Brasil e Holanda são referências no setor solar e eólico

Ember aponta que países promoveram grandes transformações em seus setores de energia; saiba o que eles fizeram para isso acontecer
China, Brasil e Holanda são exemplos a serem seguidos no setor solar e eólico, aponta estudo
Solar e eólica foram as fontes de energia que mais cresceram no mundo em dez anos. Foto: Ember/Reprodução

O setor de energia está mudando rapidamente em grande parte do mundo devido ao aumento da geração de energia solar e eólica, sendo a China, o Brasil e a Holanda exemplos a serem seguidos, segundo análise publicada pela Ember – empresa especializada em pesquisas e análises sobre políticas públicas, questões sociais e econômicas.

De acordo com o estudo, as três nações promoveram uma enorme transformação em seus setores de energia e passaram a oferecer insights cruciais de como um país pode se aproveitar dos benefícios dessas fontes renováveis. 

A China é líder global em energia solar e eólica, com a maior geração absoluta e as maiores adições anuais por mais de uma década.

No Brasil, o estudo aponta que as fontes limpas têm sido usadas para atender à crescente demanda local por eletricidade.

“O país está aproveitando os baixos custos dessas duas fontes de energia, tornando o seu sistema mais resiliente e evitando criar dependência de fontes poluentes, conforme a demanda por eletricidade aumenta”, destaca a pesquisa.

Em 2023, somadas as duas fontes representou mais de 20% da energia produzida no país, um volume acima dos apenas 3,7% registrados, por exemplo, em 2015. 

O avanço ajudou também o Brasil a reduzir as emissões do setor de energia de 0,56 MtCO2 por habitante para 0,33 MtCO2 por habitante em dez anos, possuindo hoje a menor das emissões per capita de todo o G20.

Já a Holanda, reformulou o seu sistema de energia, buscando eliminar rapidamente a energia a carvão e reduzir a energia a gás. 

“O rápido aumento da energia eólica e solar reduziu a geração fóssil de mais de 80% da matriz energética para menos de 50% em apenas cinco anos, colocando o país no caminho da rápida descarbonização”. 

A Ember destaca ainda que o crescimento notável em energia eólica e solar nos três países não só transformou seus sistemas elétricos em um ritmo rápido, como também tem ajudado a criar um ambiente no qual as duas fontes podem prosperar e permitir a confiança de investidores.

“Escolher o conjunto certo de mecanismos de incentivo para impulsionar a demanda por sistemas eólicos e solares, bem como as soluções regulatórias para superar barreiras técnicas e facilitar a integração de energia eólica e solar é mais importante do que a posição econômica ou geográfica inicial de um país”, destaca o estudo.

China

O estudo identificou que as fontes renováveis receberam uma priorização estratégica do governo chinês nos últimos anos não apenas por preocupações com o clima e a poluição, mas também pelo desejo de reduzir a dependência em importações de energia e de construir futuros mercados de exportação. 

O país introduziu políticas direcionadas para incentivar a energia eólica e solar, como subsídios por meio de incentivos fiscais, que resultaram em maior investimento e na adoção mais rápida das duas tecnologias. 

Em simultâneo a isso, também foram feitos grandes investimentos em veículos elétricos e baterias. A expansão da infraestrutura de rede, como linhas de transmissão de longa distância, também foi outro fator importante para levar os recursos eólicos e solares para o interior da China. 

O resultado disso foi que o país construiu mais de um terço da expansão global de redes de transmissão, com metas para implantação de energias renováveis ​​sendo impulsionadas de forma rápida e em larga escala. 

“Embora a China tenha frequentemente superado as metas em nível nacional, com o país a caminho de atingir suas metas de implantação de 2030 para energia eólica e solar em 2025, as metas locais têm sido muito mais ambiciosas. Programas como “Whole County PV”, que exigiam que a energia solar fosse instalada em uma certa porcentagem de telhados, contribuíram para o rápido aumento da energia solar em telhados ao longo de 2022 e 2023”, destaca a Ember.

Brasil

O estudo avalia que os investimentos em fontes renováveis no Brasil é algo que passou a ser mais incentivado após a crise energética de 2001, na qual as secas restringiram fortemente a disponibilidade de energia gerada pelas hidrelétricas. 

Na ocasião, o país introduziu o PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) para promover outras fontes renováveis, como solar e eólica. 

“Isso incluiu leilões para projetos eólicos e solares a partir de meados dos anos 2000, que permitiram contratos de preço fixo e estimularam o investimento e o crescimento no setor de energias renováveis. Isso foi auxiliado pelo apoio financeiro a empresas privadas por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, destaca o levantamento. 

O estudo da Ember também chamou a atenção para a decisão da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) de introduzir e expandir o tamanho das instalações do segmento de micro e minigeração distribuída. 

“Este foi um tremendo impulsionador da adoção da geração distribuída, com a energia solar fotovoltaica compondo a vasta maioria dessas instalações”, destaca o estudo. 

Holanda 

Na Holanda, a geração solar e eólica aumentaram de 8% em 2015 para 41% em 2023, o que ajudou a reduzir a dependência do país europeu em combustíveis fósseis de 84% para menos da metade (49%) no período.  

Como resultado, as emissões da geração de energia caíram pela metade e as emissões diminuíram 46% desde 2015. As adições solares, por sua vez, têm aumentado especialmente rápido nos últimos anos. 

“Apesar de sua alta latitude, a Holanda agora tem a segunda maior geração solar per capita do mundo, atrás da Austrália”, destaca o estudo. 

Segundo o levantamento, um dos fatores que mais ajudaram a impulsionar o fomento das fontes solar e eólica na Holanda foi o anúncio feito em 2017 pelo governo local para eliminar o carvão até 2030.

Em 2019, o governo holandês concordou com metas juridicamente vinculativas para reduzir as emissões de CO2, o que exigiu uma redução gradual na geração de gás também. 

A decisão incluiu metas para energia eólica onshore e offshore, bem como energia solar, com direito a incentivos financeiros de longo prazo por meio dos programas que recompensavam os produtores pela redução de CO2 alcançada por meio da energia solar e eólica.

Na avaliação da Ember, isso criou no país um ambiente estável para investimentos em energias renováveis. 

“Para incentivar a adoção de energia solar em telhados, a Holanda introduziu um esquema de medição líquida em 2004. Combinado com altos preços de energia e a redução nos custos para instalações solares fotovoltaicas, essa política tornou a energia solar em telhados um investimento atraente para proprietários de residências”.

Desafios 

Mesmo considerando os três países como exemplos, a Ember ressalta que isso não significa que estas nações não tenham que enfrentar desafios, entre eles barreiras políticas, econômicas e de engenharia.

“Temos todas as ferramentas de que precisamos para fazer as transições decolarem onde elas acabaram de começar, facilitar a aceleração onde ela é mais necessária e impulsionar ainda mais o progresso em países que lideram a transição global”, ressalta o estudo. 

A nível global, o levantamento aponta que, desde o Acordo de Paris em 2015, a participação combinada de energia eólica e solar no mix global de eletricidade aumentou de apenas 4,5% para 13,4% nos últimos oito anos. 

Esse progresso fez da eólica e solar as principais soluções para combater as mudanças climáticas, já que nenhuma outra fonte cresceu de 100 TWh de geração para 1000 TWh mais rápido do que as duas. 

Ao todo, as fontes solar e eólica levaram apenas 8 e 12 anos, respectivamente, para fazerem isso, algo muito à frente do gás (28 anos), do carvão (32 anos) e das usinas hidrelétricas (39 anos). 

Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: [email protected].

Picture of Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba as últimas notícias

Assine nosso boletim informativo semanal

Baixe Agora Seu Exemplar!

Preencha os dados acima e receba seu exemplar gratuito da Revista Canal Solar.

Baixe Agora Seu Exemplar!

Preencha os dados acima e receba seu exemplar gratuito da Revista Canal Solar.