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Bárbara Rubim, ‘Energia Solar tem tido cada vez mais lideranças femininas’

No Brasil, isso não é diferente, a gente tem visto cada vez mais lideranças femininas

Hoje é dia de estreia do podcast Papo Solar e a nossa convidada é a especialista em geração distribuída Bárbara Rubim. Destaque no setor de energia renováveis há anos, a vice-presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) contou como iniciou a sua carreira no setor e fez uma análise do que está por vir neste ano com a atualização da REN 482.

Além disso, Bárbara comentou suas expectativas sobre a criação do marco legal da geração distribuída no Brasil por meio de um projeto de lei.

Bárbara, conta pra gente como foi o seu começo no setor elétrico aqui no Brasil?

Bem, eu comecei minha carreira no setor elétrico há mais ou menos oito anos e foi por meio do terceiro setor, pelo Greenpeace. Antes disso, eu já tinha uma experiência como assessora parlamentar e aí fui convidada para trabalhar no escritório do Greenpeace, em São Paulo. Quando comecei no escritório, comecei a trabalhar diretamente na campanha de energia com o tema de energias renováveis, que é um dos focos do Greenpeace: promover produção energética.

Eu estudava possíveis desenvolvimentos e desdobramentos da matriz elétrica brasileira a entender que tipo de políticas públicas a gente deveria estimular para conseguir a transição energética. Foi assim que eu me tornei cada vez mais próxima do setor de renováveis e também do setor de energia solar. Isso foi, mais ou menos, na época da vinda da 482 e das opções sobre como ficaria a geração distribuída e como as distribuidoras iriam se adequar a isso. Depois dessa entrada, nunca mais saí do setor.

Você acompanhou toda a transição, desde o estabelecimento em 2012, quando teve a resolução até o momento. Como que é a sua visão da energia solar aqui no país em comparação com os países lá de fora?

Tivemos dois momentos na regulação de energia solar: quando veio a 482, quando falamos de geração solar distribuída, e outro quando a gente teve a revisão da 482, em 2015. Na ocasião em que tivemos a revisão em 2015, costumamos dizer que isso colocou o Brasil entre os países referências do mundo no assunto de regulação para geração distribuída. Uma regulação extremamente avançada e que estimulava o desenvolvimento disso no país.

Acho que muito do que a gente tem visto de desenvolvimento no setor desde então é um pouco fruto disso, mas é também fruto de uma política pública um pouco mais ampla que começou também em outubro de 2014, quando a gente teve o primeiro leilão federal dedicado para energia solar. O Brasil é um país referência em termos de energia solar por causa do potencial que temos aqui, mas, sem dúvida, deixamos muito a desejar quando pensamos no quanto podemos crescer enquanto país nessa fonte e no quão pouco a gente aproveita o potencial que temos hoje.

Bárbara, você esteve na apresentação da minuta do projeto de lei que tem como objetivo criar o marco legal da geração distribuída no Brasil. Qual é a sua perspectiva quanto a este projeto de lei ou outros que também já tramitam na Câmara dos Deputados?

Bem, a primeira coisa que a gente precisa dizer é que existe uma minuta que tem sido construída pelo deputado Lafayette e que não temos muita certeza de como é que ela vai ser apresentada  formalmente ao Congresso. Ainda não é um projeto de lei em si. Temos mais de sete projetos tramitando no Congresso Nacional referentes à questão da geração distribuída. Esses projetos têm, sobre vários aspectos, buscado trazer uma solução mais equilibrada para o setor, com relação a forma como se dá o sistema de compensação do que a solução apresentada pela ANEEL, em outubro do ano passado.

Você espera que a ANEEL apresente essa atualização que está sendo muito discutida ainda neste primeiro semestre?

Com certeza. No final do ano passado, a ANEEL publicou a agenda regulatória dela de 2020 e 2021 e, nessa agenda atualizou o tópico da revisão 482, dizendo que esse processo seria concluído até o final do primeiro semestre. Então, eu não acredito mais que a gente vai ter uma conclusão dele ainda no primeiro trimestre, que era a previsão inicial passada até pelo diretor/relator.

Porém, acredito que, no primeiro semestre, pode ser finalzinho de junho, vamos ter algum andar disso formal pela agência. O que temos que lutar e esperar enquanto setor é que a gente consiga ter uma resolução, uma mudança vinda por meio de um projeto de lei antes de termos a conclusão do processo de revisão administrativa pela própria ANEEL.

Falando sobre este mês, que é o mês das mulheres. Como você vê a participação feminina no setor de energia solar?

Primeiro é importante dizer que o setor elétrico é extremamente marcado pela presença de homens. A entrada das mulheres de forma mais maciça no setor elétrico tem ocorrido mais recentemente e é muito legal ver isso. Eu lembro que quando comecei no setor, há oito anos, era muito difícil ver mulheres debatendo o setor elétrico, matriz energética, sobretudo levantando e falando sobre energia solar nos eventos. Então é uma mudança muito bem vinda e muito necessária.

Um dado super importante pra ter em mente nesse mês tão importante é que o setor de energias renováveis é um dos setores que mais empregam mulheres no mundo nos últimos anos, em termos de crescimento de vagas. Isso mostra algumas coisas: a primeira é o quanto que as mulheres têm se interessado pelo tema e o quanto que é um setor que mundialmente tem se aberto a trazer mais oportunidades. No Brasil, isso não é diferente, a gente tem visto cada vez mais lideranças femininas surgindo.

Acho que precisamos agora é ser capaz, no nosso setor, de construir cada vez mais espaço de igualdade entre os gêneros. E, não só entre os gêneros, mas um espaço que seja verdadeiramente diverso, seja para gênero ou para minorias, valorizando a voz de todo mundo e o que cada um tem a agregar do ponto de seus conhecimentos, suas expertises, suas crenças e das suas capacidades para o setor.

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Ericka Araújo
Head de jornalismo do Canal Solar. Apresentadora do Papo Solar. Desde 2020, acompanha o mercado fotovoltaico. Possui experiência em produção de podcast, programas de entrevistas e elaboração de matérias jornalísticas. Em 2019, recebeu o Prêmio Jornalista Tropical 2019 pela SBMT e o Prêmio FEAC de Jornalismo.

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