“O Brasil dispõe de um enorme potencial solar, mas a expansão exige esforços, inovação e coragem”. A avaliação é de Florian Wessendorf, CEO da Solar Promotion International GmbH, durante a abertura da segunda edição do Intersolar Summit Brasil Sul 2025.
O evento teve início nesta terça-feira (28), em Porto Alegre (RS), no Centro de Eventos da FIERGS, e segue até quarta (29).
Além de Wessendorf, a cerimônia contou com a presença de Celso Mendes, consultor da Aranda Editora, de Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), e de Markus Vlasits, diretor-geral da NewCharge Energy.
Durante a abertura, Mendes destacou o papel da geração solar no avanço da transição energética e no fortalecimento da autonomia dos consumidores.
“A energia elétrica de fonte renovável como a solar é democrática e já está madura o suficiente para que o acesso seja cada vez mais difundido”, comentou.
O debate trouxe ainda reflexões sobre os desafios institucionais e regulatórios que limitam o avanço da geração solar no país. Os participantes ressaltaram a importância de uma agenda estratégica que una poder público, empresas e entidades do setor em torno de um propósito comum: garantir previsibilidade e segurança para os investimentos em energia limpa.
Para Rodrigo Sauaia, o momento é de mudança estrutural. “Sempre ouvimos falar que o Brasil é um País com potencial fotovoltaico enorme. Pois, passou da hora de deixar a inovação tecnológica aflorar em favor do desenvolvimento”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil possui 258 GW de potência instalada em sua matriz elétrica, dos quais 61,8 GW são provenientes da fonte solar fotovoltaica — o que representa 24% da matriz nacional, consolidando a energia solar como a segunda maior fonte do país, atrás apenas das hidrelétricas.
“Foram mais de R$ 277 bilhões em investimentos na fonte solar no país nos últimos 13 anos, atraindo 1,8 milhão de empregos. Só no ano passado foram gerados por volta de 450 mil novos empregos pela fonte solar, e isso também ajudou a evitar 96 milhões de toneladas de CO2 a serem emitidos na atmosfera”, disse.
Panorama da energia solar na Região Sul
Durante a abertura, também foi destacado o potencial da Região Sul para o mercado brasileiro de energia solar. De acordo com a ABSOLAR, a região soma 9 GW em operação, representando R$ 43 bilhões em investimentos, 270 mil empregos gerados nos últimos 13 anos e R$ 13 bilhões em arrecadação tributária.
“O estado do Paraná lidera a região Sul em terceiro lugar no ranking nacional com 3,8 GW. O Rio Grande do Sul está atualmente em quarto lugar, com 3,5 GW, e Santa Catarina está atualmente em décimo primeiro no ranking com 1,5 GW em operação”, destacou.
Ainda segundo o executivo, 45% da potência instalada está em telhados residenciais, 22% em comércios e serviços, 21% em propriedades rurais e 10% em pequenas indústrias.
Sauaia também alertou para desafios estruturais do setor, como a inversão de fluxo de potência em sistemas de pequeno porte, riscos regulatórios e a falta de fiscalização adequada sobre distribuidoras.
“Temos a necessidade de mais fiscalização sobre as distribuidoras e no quesito da concorrência, para que haja uma concorrência mais adequada entre pequenos e grandes negócios”, comentou.
Ele ainda mencionou os cortes de geração em usinas de grande porte, que têm causado prejuízos significativos.
“Isso tem imposto um severo prejuízo para as usinas solares de grande porte, incompatível com os investimentos e com as regras que estavam em vigor quando essas usinas foram construídas. A gente tem acompanhado muito de perto esses temas junto ao governo federal, a ANEEL, o Congresso Nacional, para buscar resolver esses gargalos para o mercado e para o setor”, completa.
Brasil pode enfrentar colapso elétrico
Durante sua fala, Markus Vlasits, diretor-geral da NewCharge Energy, trouxe um alerta contundente sobre os riscos do sistema elétrico brasileiro diante da rápida expansão das fontes renováveis.
“Estamos caminhando para um impasse. A triste realidade é que o sistema elétrico brasileiro não está preparado para o montante de energia renovável que somos capazes de criar”, comentou.
Vlasits destacou a necessidade de repensar a precificação da energia elétrica e reforçou que o armazenamento de energia é parte essencial da solução.
“Precisamos repensar como precificamos a energia elétrica. Mas também temos soluções, capacidade de inovar e de superar as adversidades, entre elas o armazenamento”, completou Vlasits.
O evento, que marca a segunda edição regional do Intersolar Summit Brasil Sul, retorna em 2025 após o cancelamento no ano anterior devido às enchentes históricas no Rio Grande do Sul.
A programação segue até quarta-feira (29) com painéis técnicos, debates, apresentações de projetos inovadores e uma feira de expositores de diferentes segmentos do setor solar.
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