As discussões para a COP30, que será realizada no Brasil, em novembro, podem começar sob um cenário de incerteza ampliada quanto às ações de combate ao aquecimento global por parte dos países participantes.
Surgiu uma nova questão crítica, que se soma a outro ponto fundamental que ficou sem solução na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão.
Na época, a NCQG (Nova Meta Coletiva Quantificada) de financiamento climático ficou pendente. Houve sinalização de uma disponibilidade de apenas US$300 bilhões anuais contra uma demanda de US$1,3 trilhão, cobrados pelos países em desenvolvimento para transição energética e resiliência climática.
Dúvidas sobre o progresso global foram reforçadas ontem (28), quando da divulgação do principal relatório da ONU que servirá de subsídio para a COP30.
O documento acabou inconclusivo, porque 134 dos 198 membros da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) não entregaram suas NDCs, que são as metas nacionais de redução de emissões, até o prazo final de setembro.
Por conta da ausência de informações, a UNFCCC não conseguiu calcular a temperatura para a qual o mundo caminha, o risco disso é que fica totalmente indefinida a possibilidade de se atingir ou evitar o limite de 1,5°C.
O relatório analisou dados de apenas 64 países, uma parcela que representa menos de um terço das emissões. Entre os que não entregaram as metas no prazo constam China, Índia e União Europeia, três das quatro nações que mais emitem gases de efeito estufa.
Paralelamente, o fundador da Microsoft, Bill Gates, que não participará da COP30 no Brasil este ano, divulgou um memorando que teve uma repercussão de alto impacto, adicionando mais imprevisibilidades.
Numa manifestação inesperada, ele passou a criticar o que chama de “visão apocalíptica” das mudanças climáticas.
Gates, que já dedicou bilhões em recursos para alertar o mundo sobre o aquecimento global, agora entende que seria hora de adotar um tom mais ponderado.
Ele argumenta que o foco excessivo em metas de emissões de curto prazo desvia recursos de soluções mais eficazes, e que questões como saúde humana e igualdade correm o risco de serem ofuscadas.
Bill Gates defende que é preciso “colocar o bem-estar humano no centro de nossas estratégias climáticas” e recomenda que a COP30 seria uma oportunidade para focar em como se adaptar à realidade e melhorar vidas.
Surgiram rumores no mercado de que essa nova postura, poderia ter alguma ligação com o um suposto realinhamento de conveniência por parte das “big techs”, envolvendo as políticas refratárias do presidente dos EUA, Donald Trump, quanto a questões climáticas.
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