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Instituições Financeiras de Desenvolvimento são fundamentais na transição energética

Levantamento da IEA traz a importância dessas instituições rumo à promoção das energias limpas
Instituições Financeiras de Desenvolvimento são fundamentais na transição energética
Países emergentes e economias em desenvolvimento respondem por 15% do total de investimentos em energias renováveis. Foto: Freepik/Reprodução

A IEA (International Energy Agency) em seu mais recente relatório, World Energy Investment, destacou a necessidade de aumentar os investimentos em energia limpa, principalmente em mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

De acordo com o levantamento, 85% dos projetos em energia limpa estão em economias avançadas e na China. Dentro desse cenário, a Agência destaca a importância fundamental que as IFDs (Instituições Financeiras de Desenvolvimento) podem desempenhar na transição energética e na equalização da situação, pois atualmente elas respondem somente por cerca de 1% do financiamento total para investimento no setor de energia.

As IFDs têm a função de financiar projetos econômicos e sociais que não receberiam financiamento comercial. Um segundo papel dessas instituições é viabilizar investimentos, fornecendo suporte de política específica do setor ou assistência técnica para mudanças de longo prazo em mercados emergentes.

As instituições têm contato com bancos multilaterais de desenvolvimento para buscar compromissos conjuntos sob o processo da COP 28. Recentemente, tais instituições assumiram o compromisso de gerar empréstimos adicionais na casa de US$ 300 bilhões a US$ 400 bilhões na próxima década.

Entre 2019 e 2022, as IFDs destinaram, em média, US$ 24 bilhões por ano para financiar projetos do setor energético, impulsionando a transição energética. Desse total, 80% foi destinado para projetos de energias renováveis e o restante à combustíveis fósseis.

As regiões que mais se beneficiaram foram Ásia, África e América Latina. Ainda assim, os países emergentes e economias em desenvolvimento respondem por 15% do total de investimentos em energias renováveis.

O relatório aponta ainda que a participação do capital privado nas intervenções de IFDs é pequena. Entre 2016 e 2022, para cada dólar desembolsado pelas instituições, cerca de 33 centavos foram mobilizados pelo setor privado. Para chegar à emissão líquida zero até 2050, seria necessário que até 2035 esse setor concedesse mais de 7 dólares.

Quando se olha para a distribuição do capital privado mobilizado por grupo de renda, o relatório aponta que há espaços para melhorias.

“Apesar de 40% da AOD (Assistência Oficial de Desenvolvimento) ir para países de renda mais baixa, apenas 3% do capital privado chegou ao grupo de 48 países de renda mais baixa, enquanto 27% e 41% do capital privado foi mobilizado para investimentos e projetos relacionados à energia em 36 países de renda média-baixa e 56 países de renda média-alta, respectivamente”, diz o documento. 

Segundo a pesquisa, para melhor utilização do capital, as IFDs e os governos locais devem trabalhar para utilizar capital para reduzir riscos de investimentos privados em mercados emergentes e economias em desenvolvimento, principalmente em países de baixa renda. 

Esforços conjuntos são necessários para criar ambientes favoráveis ​​que atraiam e sustentem o investimento privado, promovendo o desenvolvimento sustentável de longo prazo”, informa o relatório.

O financiamento climático ultrapassou a meta de US$ 100 bilhões em 2022. Foi a primeira vez que o feito aconteceu, desde seu estabelecimento em 2010. As IFDs tiveram grande participação para o atingimento da meta. 

Apesar do bom resultado, a pesquisa diz que essas instituições podem fazer mais para atingir o cenário de emissões líquidas zero até 2050, para isso seria necessário triplicar o nível atual de financiamento concessional para o cenário de transição energética em mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

De acordo com estimativas da própria IEA e da Corporação Financeira Internacional, seria necessário de US$ 80 bilhões a US$ 100 bilhões em financiamento concessional em mercados emergentes e economias em desenvolvimento para mobilizar quantidade de financiamento privado necessária para o cenário de emissões líquidas zero 2050 até o início da década de 2030. 

Portanto, as instituições IFDs são peças-chave para a busca por um mundo mais sustentável, pois detêm posição única entre setores público e privado, e pelos cenários político e financeiro global. Esta posição lhes permite ter potencial para exercer mais influência para angariar investimentos globais em energia, principalmente as renováveis. 

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Viviane Lucio
Jornalista graduada pela UNIP (Universidade Paulista) e especialista em jornalismo científico pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Possui experiência em produção de notícias, reportagens, fotografia, assessoria de comunicação e de imprensa.

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