Após anos convivendo com a escassez de energia elétrica e as limitações impostas por geradores a diesel, a comunidade do Saco das Anchovas, acaba de ganhar acesso contínuo à eletricidade por meio de uma microrrede solar com sistema de armazenamento em baterias de lítio.
A chegada da energia limpa e estável trouxe com ela reflexos diretos na segurança alimentar e na geração de renda local, com os pescadores da comunidade podendo agora armazenar a produção em geladeiras e freezers movidos a energia solar – o que evita o desperdício e permite a comercialização dos produtos em momentos estratégicos.
Além disso, uma das residências foi adaptada para funcionar como hospedaria de ecoturismo, criando novas fontes de receita, especialmente durante a baixa temporada da pesca. A comunidade também passou a contar com acesso contínuo à internet via Starlink, proporcionando melhor comunicação e oportunidades de educação a distância.
Antes da instalação da microrrede, as famílias tinham acesso limitado à energia por poucas horas ao dia e apenas quando o gerador a diesel era ligado. A nova infraestrutura permite agora o fornecimento de eletricidade durante as 24 horas do dia, ao longo de todo o ano.
Ezequiel Santos, morador da comunidade, conta que a comunidade sempre foi iluminada com lamparinas, velas e lampiões, e que somente nos últimos 15 anos passou a usar gerador a diesel.
Agora, com a chegada da microrrede solar, todo mundo. “Até então, nunca tivemos apoio de nenhum órgão público para o problema da energia na comunidade. Com a nova tecnologia, podemos guardar nossa pesca e até montar um pequeno negócio com a venda desses peixes”, afirmou ele.
Detalhes do projeto
A microrrede instalada na comunidade tem capacidade de geração de 806,4 kWh/mês e inclui 5,8 kWp de painéis solares, 8 kW de inversores, 14,4 kWh de baterias de lítio, rede elétrica subterrânea em corrente contínua e alternada, além de câmeras de segurança, ventilação e sensores térmicos para controle ambiental do sistema.
A iniciativa também teve foco na capacitação técnica da própria comunidade, com os moradores locais passando por um treinamento para realizar a manutenção básica da usina, desde o uso de multímetros até a limpeza e análise de desempenho dos painéis solares.
“Eu nunca pensei que iria aprender sobre energia solar. Agora, com o treinamento que recebi, posso cuidar do nosso sistema de energia solar e ajudar toda a comunidade que vive aqui”, conta Carolina Santos, moradora da região.
O acompanhamento técnico da usina solar será feito de forma remota via IoT, com suporte contínuo da Liberdade Solar – empresa responsável pelo financiamento do projeto na região.
Michel Sednaoui, idealizador do projeto e CEO da Liberdade Solar, explica que o sistema instalado seguiu todas as diretrizes ambientais e que a expectativa é que o modelo possa servir de exemplo para outras comunidades isoladas no Brasil que enfrentam desafios semelhantes.
“A energia solar com baterias é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Em comunidades isoladas, essas tecnologias transformam realidades, trazendo dignidade, educação, saúde e renda, sem agredir o meio ambiente”, disse o executivo.
A comunidade do Saco das Anchovas fica localizada dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) do Cairuçu, no Parque Estadual da Juatinga – uma área protegida, com foco na preservação da biodiversidade e da cultura caiçara.
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