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ONS acende a luz amarela em relação ao atendimento eletroenergético do país

Órgão vê chuvas abaixo da média histórica e já prepara plano para aumentar a disponibilidade de recursos energéticos

Autor: 19 de fevereiro de 2024fevereiro 26th, 2024Setor Elétrico
4 minutos de leitura
ONS acende a luz amarela em relação ao atendimento eletroenergético do país

Imagem: Pixabay

A falta de chuvas e o aumento da demanda elétrica do país têm preocupado o ONS (Operador Nacional do Sistema). O Órgão já vem se preparando para aumentar a oferta de recursos energéticos nos próximos meses para garantir o atendimento aos horários de ponta de carga.

Não é de hoje que o ONS vem dando sinais sobre a situação do setor elétrico. A preocupação recai sobre os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, fundamentais para a garantia da oferta de energia flexível e barata.

Segundo o ONS, “as perspectivas gerais são de atendimento à demanda, no entanto, já há uma sinalização para a necessidade de atenção devido a afluência abaixo da média histórica no período tipicamente úmido em curso”.

Na última reunião do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), realizada no dia 7 de fevereiro, o ONS alertou que as afluências previstas para o período de fevereiro a julho de 2024 variam entre 51% e 78%, ou seja, abaixo da média histórica.

“Mesmo se confirmadas as condições do limite superior, o índice ainda será classificado como a 5ª menor do histórico de 94 anos”, disse em nota.

Dados estimados para o final de julho apontam que a energia armazenada nos reservatórios deve variar entre 75,2% e 44,2% no SIN (Sistema Interligado Nacional).

Historico-Energia-Armazenada.png

Histórico de Energia Armazenada (ER) de 01/01/2023 a 18/02/2024. Fonte: ONS.

Em janeiro, as fluências ficaram abaixo da média histórica nos submercados Sudeste/Centro-Oeste (56%), Nordeste (48%) e Norte (43%). Apenas no Sul a afluência ficou acima da média (138%).

“Os indicadores estão entre os mais baixos para a ENA [Energia Natural Afluente] no mês de janeiro. As perspectivas de curto prazo, ou seja, referentes a fevereiro de 2024, são similares”, informou o ONS.

Em dezembro, a situação foi ainda mais crítica. As afluências ficam abaixo da média no Sudeste/Centro-Oeste (59%), no Nordeste (18%) e no Norte (27%). No submercado Sul o índice ficou em 209%. Lembrando que no Sul as chuvas ficam mais intensas por causa do fenômeno climático El Niño.

O ONS já recomendou uma eventual flexibilização das influências mínimas das hidrelétricas Porto Primavera e Jupiá a partir de março de 2024, com o objetivo de melhorar as condições de atendimento futuro do SIN e a garantia da preservação dos usos múltiplos da água.

O Canal Solar analisou a ata da primeira reunião do CMSE do ano, realizada em 10 de janeiro, já que a ata de fevereiro ainda não se tornou pública. Nela o órgão destaca preocupação com os níveis de demanda máxima, superando valores acima de 100 gigawatts (GW) entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2023.

Acrescenta que em vários dias daquele mês – em função das elevadas temperaturas, carga elevada e condição de oferta de energia reduzida – o Custo Marginal da Operação (CMO) chegou a atingir R$ 395/MWh no dia 18 de dezembro no subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

O CMO é fundamental para a formação do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) e dos preços de energia no mercado livre. Uma fonte de uma comercializadora disse que os preços futuros de energia no mercado livre estão aumentando à medida que o cenário hidrológico se agrava. Outro efeito do CMO alto é a possibilidade de retorno das bandeiras tarifárias, que adicionam mais custos à conta de luz dos brasileiros.

Medidas para o aumento da disponibilidade de recursos

O ONS listou algumas medidas que podem ser tomadas para o aumento da disponibilidade de recursos energéticos para atender, principalmente, os horários de ponta de consumo do Sistema Interligado Nacional. 

Dentre esses recursos adicionais estão: 

  • Antecipar despacho de usinas termelétricas que não conseguem iniciar operação em menos de 24 horas (rampas longas); 
  • Operar o rio São Francisco para atendimento à ponta; 
  • Maximizar a disponibilidade de geração e da transmissão; 
  • Incentivar a Resposta da Demanda;
  • Importar energia elétrica dos países vizinhos; 
  • Utilizar usinas termelétricas a GNL (Gás Natural Liquefeito), em configuração de ciclo aberto, e Merchant sem CVU (Custo Variável Unitário) calculado.

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Wagner Freire

Wagner Freire

Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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