Durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, representantes de 193 países participaram do Debate Geral em Nova York. O Brasil e outras 16 nações assinaram uma carta conjunta em apoio a uma transição energética justa. O documento estabelece metas como:
- Triplicar a capacidade instalada de geração limpa até 2030;
- Dobrar a eficiência energética no mesmo período.
A carta também propõe a criação do Fórum Global de Transições Energéticas, para mobilizar investimentos, reduzir riscos e apoiar países em desenvolvimento. O texto ainda destaca a necessidade de reformas na arquitetura financeira global e aponta a atual década como decisiva para o futuro energético do planeta.
Guterres defende renováveis; ONU destaca papel da IA
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou a urgência da expansão de fontes limpas e o desenvolvimento de sistemas modernos de rede e armazenamento. Ele associou as energias renováveis ao crescimento econômico e ao aumento do acesso à energia.
Simon Stiell, chefe do clima da ONU, mencionou o potencial da inteligência artificial como ferramenta para aumentar a eficiência energética e reduzir emissões industriais, mas alertou para a importância de regulações que garantam o uso responsável da tecnologia.
Trump critica fontes renováveis e exalta energia convencional
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divergiu do tom majoritário ao declarar que as fontes renováveis ainda são caras e insuficientes para atender à demanda de grandes países. Ele também criticou a dependência da China na fabricação de turbinas eólicas e defendeu fontes convencionais de energia.
Compromissos de outros líderes no primeiro dia:
- Indonésia: O presidente Prabowo Subianto afirmou que o país pretende atingir emissões líquidas zero até 2060, com ações em reflorestamento, transição energética e empregos verdes;
- África do Sul: Cyril Ramaphosa destacou o esforço para mobilizar financiamento para tecnologias sustentáveis conciliadas com fontes de energia de carga base;
- Coreia do Sul: O presidente Lee Jae-myung ressaltou investimentos em ciência, inovação e tecnologia para ampliar a participação das renováveis;
- Turquia: Recep Tayyip Erdoğan informou que a participação de energias renováveis na capacidade instalada da Türkiye superou 60%.
Espanha e Austrália reforçam metas ambiciosas
O Rei da Espanha defendeu triplicar a capacidade de energia renovável, considerando a meta ambiciosa, porém essencial.
Já a Austrália reafirmou seu compromisso com a redução de emissões:
- 43% até 2030 (base 2005);
- 62% a 70% até 2035.
O país quer conciliar industrialização e descarbonização, especialmente na região Indo-Pacífico, e melhorar a qualidade de vida por meio da energia limpa.
Marrocos e Senegal pedem mais cooperação global:
- Marrocos: Aziz Akhannouch afirmou que o país está dando grandes passos na promoção da energia renovável. Ele destacou que nenhum Estado sozinho possui recursos suficientes para lidar com a crise climática, apelando à cooperação internacional;
- Senegal: Reforçou o compromisso com o Acordo de Paris e defendeu uma transição justa com acesso à eletricidade e desenvolvimento competitivo. O país quer criar um fundo para perdas e danos e pediu solidariedade internacional para financiá-lo.
Namíbia e Ilhas Marshall ressaltaram vulnerabilidade e ação:
- A Namíbia destacou sua diversificação energética com uso dos recursos naturais e seu pacto energético apresentado no Fórum Africano de Energia;
- As Ilhas Marshall fizeram um apelo urgente por ação climática, reafirmando o compromisso com a energia limpa, dada a sua vulnerabilidade.
Europa acelera transição com foco em soberania e inovação
O Presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que a União Europeia está comprometida em:
- Reduzir as emissões em 55% até 2030;
- Alcançar a neutralidade climática até 2050.
Ele também destacou:
- Investimento em descarbonização, inovação e soberania energética;
- Defesa dos oceanos e apoio ao tratado das Nações Unidas sobre a biodiversidade marinha;
- O programa Global Gateway, que destina 300 bilhões de euros até 2027 em projetos sustentáveis e de conectividade.
Noruega: tecnologias limpas como oportunidade
O ministro das Relações Exteriores da Noruega, Espen Barth Eide, reforçou que adotar tecnologias com baixo carbono, circularidade e gestão responsável de recursos representa uma oportunidade de crescimento, e não um obstáculo.
China expande sistema verde e detalha compromissos
A China destacou seu compromisso com o desenvolvimento verde e de baixo carbono, declarando ter:
- O maior e mais rápido sistema de energia renovável do mundo;
- A cadeia industrial mais completa de novas energias.
O primeiro-ministro Li Qiang anunciou as Contribuições Nacionalmente Determinadas da China para 2035, abrangendo todos os setores e gases de efeito estufa.
Arábia Saudita defende tecnologia e uso eficiente de hidrocarbonetos
O príncipe Faisal bin Farhan Al Saud declarou o compromisso da Arábia Saudita com a sustentabilidade e destacou:
- Investimentos em energias limpas, incluindo hidrogênio verde
- Adoção de tecnologias de captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS)
- Reflorestamento em larga escala e proteção de ecossistemas
Ele pediu uma transição energética realista, sem exclusão de fontes fósseis, e ressaltou a eficiência saudita na produção de hidrocarbonetos, com baixas emissões de carbono e metano.
Canadá aposta em inteligência artificial e tecnologia limpa
Mélanie Joly, ministra das Relações Exteriores do Canadá, afirmou que os cientistas canadenses lideram em IA e tecnologia limpa, e que os trabalhadores do país estão envolvidos na transição energética global.
Assembleia da ONU encerra com otimismo e alertas
A presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock, revelou que os investimentos em energia renovável atingiram dois trilhões de dólares no último ano, sinalizando um ponto de inflexão positivo no mercado. Ela elogiou os países com metas climáticas mais ambiciosas.
Dinamarca vê ganhos múltiplos na transição verde
Christina Marcus Lassen, chefe da delegação da Dinamarca, afirmou que 90% da nova energia global em 2024 virá de fontes renováveis. Ela defendeu a transição como motor de:
- Inovação;
- Competitividade;
- Criação de empregos;
- Resiliência econômica.
“Às vezes, todas as coisas boas realmente andam juntas”, concluiu Christina.
Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: redacao@canalsolar.com.br.