Tendências emergentes no setor FV: o que os integradores precisam saber

Saiba como aproveitar as mudanças do mercado para gerar novas receitas e ampliar a atuação
Canal Solar - Tendências emergentes no setor FV o que os integradores precisam saber
O setor fotovoltaico brasileiro está consolidado, mas longe de estabilizado. Foto: Alexandre Finger/Click Solar

A energia solar fotovoltaica segue como uma das principais forças da transição energética no Brasil. Mas o setor deixou para trás a fase de consolidação inicial e entrou em um novo ciclo, mais maduro, mais técnico e muito mais competitivo.

Neste artigo, apresento uma leitura crítica das principais tendências emergentes que impactam o setor em 2025, com foco específico no que interessa ao integrador: como essas mudanças afetam seu dia a dia, como influenciam a decisão dos clientes e, acima de tudo, como podem se converter em novas fontes de receita.

O mercado segue em expansão — com mais sofisticação

O Brasil ultrapassou, no primeiro semestre de 2025, a marca de 53,9 GW de potência solar instalada, sendo mais de 70% em geração distribuída. A maturidade do setor, porém, não significa estagnação. Pelo contrário: a busca por soluções mais eficientes, integradas e duradouras impulsiona uma nova onda de crescimento.

Entre os principais vetores dessa expansão, destacam-se:

  • O aumento expressivo das tarifas reguladas;
  • A ampliação das linhas de financiamento para residências, empresas e propriedades rurais;
  • O avanço de modelos como geração compartilhada e assinatura solar;
  • A crescente demanda por autonomia energética em todas as regiões do país.

Esse cenário reforça o papel estratégico do integrador como elo entre tecnologia, viabilidade regulatória e valor percebido pelo consumidor final.

Tendências tecnológicas que abrem novas frentes de atuação

Armazenamento e sistemas híbridos

A popularização de sistemas com baterias de lítio marca um novo momento no mercado. A adoção de soluções híbridas está especialmente avançada em:

  • Propriedades rurais com operação contínua;
  • Estabelecimentos comerciais com alto consumo fora do horário solar;
  • Regiões com instabilidade no fornecimento da rede.

Para o integrador, essa tendência representa:

  • Aumento no ticket médio dos projetos;
  • Oportunidade de oferecer contratos de manutenção e monitoramento;
  • Ampliação do escopo de atuação técnica.

Um sistema de 15 kWp com 20 kWh de baterias pode representar um faturamento até 40% superior ao modelo tradicional, com margens médias acima de 30%.

Agrivoltaicos e soluções para o campo

A integração entre geração solar e produção agrícola é um tema cada vez mais presente. A aplicação de módulos fotovoltaicos em áreas cultivadas ou pastagens, com sombreamento controlado, irrigação solar e automação, tem se mostrado viável técnica e economicamente.

Além disso, o setor rural dispõe de acesso a crédito específico, como PRONAF Solar, BB Agro Energia e programas de fomento estadual.

Para o integrador, trata-se de um campo promissor, com menor concorrência, maior demanda por personalização e contratos de maior porte.

Energia solar por assinatura

A geração compartilhada e os modelos de assinatura solar abriram um novo mercado para consumidores que não desejam investir em sistemas próprios. Integradores que atuam como canais de aquisição para comercializadoras ou usinas remotas têm conseguido estabelecer receitas recorrentes, sem a necessidade de obra ou manutenção.

Comissões mensais por cliente ativo e escalabilidade tornam esse modelo especialmente interessante para empresas que já possuem base de leads ou atuação local consolidada.

Serviços recorrentes e fidelização da base

Com a maturidade do mercado, o pós-venda ganhou protagonismo. Clientes esperam suporte contínuo, atualização de sistemas e monitoramento remoto — especialmente em sistemas com inversores inteligentes e integração com automação.

A oferta de planos mensais de O&M, retrofit de sistemas subdimensionados e venda de acessórios (como carregadores veiculares) são fontes legítimas e crescentes de receita.

Regulação e modelos de negócio: o que observar

Três pontos regulatórios merecem atenção do integrador em 2025:

  • Lei 14.300/2022: ainda em fase de transição, exige cuidado na apresentação das regras para novos consumidores;
  • PL 624/2023 (Marco do Armazenamento): em discussão no Congresso, pode viabilizar novos formatos de operação e comercialização de energia armazenada;
  • Inversão de fluxo: a ANEEL estuda mecanismos de precificação para regiões com alta penetração de GD, o que reforça a importância de dimensionamento adequado e foco no autoconsumo.

Estar atualizado sobre esses temas é fundamental para transmitir segurança ao cliente e evitar propostas com riscos ocultos.

Como monetizar essas tendências na prática

As tendências mencionadas não são apenas técnicas: são oportunidades comerciais reais para empresas bem estruturadas. Abaixo, algumas possibilidades:

Estratégia

Benefício financeiro estimado

Projeto híbrido com baterias

Faturamento até 40% maior por projeto, com margem ampliada

Aplicação agrivoltaica

Contratos médios maiores, menor concorrência, crédito rural

Energia por assinatura

Receita mensal recorrente por cliente ativo

O&M e monitoramento remoto

Receita previsível com base fidelizada

Integradores que se organizam para oferecer esses serviços passam a atuar como parceiros estratégicos de seus clientes, e não apenas como fornecedores de instalação.

Conclusão

O setor fotovoltaico brasileiro está consolidado, mas longe de estabilizado. O ritmo de transformação é alto — e quem atua na ponta precisa acompanhar com inteligência, flexibilidade e visão de negócio.

Para os integradores, 2025 não é um ano para esperar. É um ano para evoluir: tecnicamente, comercialmente e estrategicamente. O mercado valoriza quem entrega com clareza, acompanha de perto a regulação e propõe soluções alinhadas com os objetivos do cliente.

Integradores bons não vendem sistemas. Vendem soluções. E quanto mais valor você entrega, mais margem você preserva.

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

Foto de Silla Motta
Silla Motta
Administradora de Empresas com MBA em Marketing pela PUC RJ, atua desde 1997 no setor elétrico brasileiro. É fundadora e CEO da Donna Lamparina e participante do Pacto Global da ONU, promovendo a adesão das empresas aos Princípios Universais e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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