Dois anos após o acordo firmado durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que estabeleceu como meta triplicar a capacidade global de geração de energia renovável até 2030, a maioria dos países ainda não deu os primeiros passos para tornar esse objetivo realidade.
É o que aponta um relatório divulgado nesta quinta-feira (31) pela Ember, think tank especializada em transição energética. Segundo a análise, a promessa de elevar a capacidade global a 11 TW até o fim da década tem sido negligenciada nas atualizações das metas climáticas nacionais.
Até julho de 2025, apenas 22 dos 118 países que se comprometeram com as metas climáticas na COP 28,atualizaram formalmente seus compromissos em relação à instalação de novas fontes renováveis.
A maior parte das atualizações veio da União Europeia, responsável por 15 dessas revisões. Do total, 16 países aumentaram suas metas, enquanto seis acabaram recuando.
O Brasil figura entre os poucos que reforçaram sua ambição. O país adicionou 15 GW à meta de capacidade renovável até 2030.O governo brasileiro, inclusive, pretende manter o índice de participação das renováveis na matriz nacional acima dos 80% nos próximos anos.
Essa meta está em consulta pública no Plano Setorial de Energia, que projeta esse nível de renovabilidade até pelo menos 2035.
Apesar de algumas iniciativas pontuais, o avanço global das metas é tímido. A soma atual dos compromissos representa apenas 2% a mais do que o total estabelecido em 2023, ano do acordo.
Segundo a Ember, se mantido esse ritmo, a capacidade renovável mundial pode, no máximo, dobrar até o fim da década, atingindo cerca de 7,4 TW, muito abaixo dos 11 TW prometidos.
Outro dado preocupante é que, entre os 20 maiores produtores de eletricidade do planeta, nove ainda não atualizaram suas metas. Apenas China e África do Sul têm previsão de fazê-lo até o fim deste ano.
Outros países-chave, como Estados Unidos, Rússia, Canadá e Turquia, permanecem sem planos definidos e, segundo o relatório, é pouco provável que avancem ainda em 2025.
Para Katye Altieri, analista de eletricidade da Ember, o papel das metas vai além de definir números ambiciosos. “O objetivo de uma meta nacional para energias renováveis não é tanto forçar a construção de mais energias renováveis, mas sim garantir que sejam construídas de forma inteligente”.
“Uma meta pode ajudar o governo a planejar o melhor local para a sua instalação, bem como as redes e a flexibilidade para integrá-las, além de ajudar as empresas a investir em cadeias de suprimentos, contribuindo para um sistema elétrico mais barato e seguro”, afirmou.
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