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Aldo Teixeira fala sobre venda da empresa para Brookfield e expectativas para o setor

Presidente da companhia contou como se deu o processo, falou de valores e garantiu que o mercado solar ganhará muito com a operação

Autor: 10 de agosto de 2021outubro 31st, 2023Brasil
9 minutos de leitura
Aldo Teixeira fala sobre venda da empresa para Brookfield e expectativas para o setor

Aldo Solar, revelou mais detalhes sobre a operação

A notícia de que a distribuidora de equipamentos fotovoltaicos Aldo Solar foi comprada por um fundo de private equity da Brookfield gerou muitas dúvidas sobre o fornecimento de produtos e, principalmente, sobre o valor da venda da empresa, que, somente em 2020, faturou mais de R$ 1,6 bilhão em seus negócios.

Em entrevista ao Canal Solar, Aldo Teixeira, presidente da Aldo Solar, revelou mais detalhes sobre a operação, esclareceu informações que estão circulando na imprensa e ainda fez questão de tranquilizar o mercado. Confira os principais trechos da conversa.

Canal Solar: O mercado solar está em alvoroço desde o começo da semana passada para saber como foi a aquisição da Aldo Solar pelo grupo Brookfield. Gostaria que o senhor contasse sobre como foi esse processo e o que podemos esperar nos próximos meses.

Aldo Teixeira: Esse é um processo de longo prazo, no qual é importante dizer que Aldo Solar é uma empresa familiar do interior do Brasil. A gente ainda abre e fecha essa companhia. Então, para ter um fundo canadense de 600 bilhões de dólares de ativos sob gestão elegendo a Aldo, foi preciso passar por um crivo de companhias “big four” auditando cinco anos do nosso CNPJ. Existem centenas de informações que foram auditadas antes de termos chegado ao prêmio de ser eleita uma empresa de interesse da Brookfield. 

Então, para o mercado brasileiro é importante entender que esse tipo de negócio é possível não só para a Aldo, como para qualquer outra companhia familiar com alto nível de governança. As empresas familiares estando dentro de um ambiente como esse, de normas e éticas, que atendam a todas as questões governamentais, são passiveis de uma transação com um grupo dessa relevância. A Aldo deu um salto profissional muito alto nessa última semana.

A Aldo teve um faturamento de mais de R$ 1 bilhão no ano passado e o mercado está aquecido. Por que vender a empresa neste momento?

Na visão da Aldo, o setor ainda continua crescendo acima dos três dígitos e vai continuar crescendo ao longo dos próximos anos. Então, pensando nesse lado profissional, no mercado brasileiro e em toda a representatividade que a Aldo tem com mais de seus 13 mil revendedores e instaladores pelo Brasil, era inevitável que houvesse um investimento de um fundo como a Brookfield para suportar o crescimento que nós vislumbramos a curto e longo prazo. Isso foi um dos pontos mais relevantes na decisão. 

Com essa mudança, o que os integradores e os instaladores podem esperar? Haverá alguma mudança ou eles poderão continuar contando com os serviços da Aldo Solar?

Se vem alguma mudança, ela vem para melhorar o nosso mercado. Do que vocês estão acostumados a acompanhar não muda nada. Nós fizemos um comunicado interno com os nossos colaboradores, justamente para dizer para eles que a companhia passa agora a ser uma sociedade anônima de um grupo internacional do Canadá e que isso traz um impacto muito positivo para a Aldo e o mercado em geral, com contribuições para o setor de geração distribuída, geração de energia e matriz energética.

Agora, mudança? Não haverá nenhuma. O nosso business plan (plano de negócios) para os próximos anos já está em contrato. A única coisa que muda são as notícias que vão incrementar e facilitar a vida dos integradores. A parte digital, de plataformas e de outras possibilidades de negócios estão no nosso radar e grandes melhorias nos processos vêm aí pela frente, porque a Brookfield tem muito conhecimento e tecnologia e visão de longo prazo para apoiar o setor. 

Existe a perspectiva de a Aldo Solar atuar no mercado de geração centralizada?

O foco da Aldo continuará o mesmo de hoje. Seguimos apoiando, exclusivamente, quem está e sempre esteve ao nosso lado, intermediando as vendas, fazendo seus projetos e suas instalações. 

Então, isso definitivamente não muda. Conversei muito com a Brookfield, e temos alinhamento total que a a Aldo não vai mudar o seu jeito de ser, seguiremos apoiando os revendedores e integradores Brasil afora..

Com relação a centralizada, a Brookfield tem um know how espetacular neste mercado. Ela tem uma companhia chamada Elera, que é líder e está construindo dois parques solares importantes no Brasil somando praticamente 1,5 GW. Os fornecedores que se relacionam com a Aldo hoje, como Trina e Jinko, são muito familiares a Brookfield.

Então, se a Aldo já tinha uma negociação muito elevada  em um cenário bastante exclusivo, com a Brookfield isso tem uma multiplicação muito maior, porque traz know how financeiro, uma robustez. Agora a Aldo tem bancabilidade para suportar qualquer tamanho de projeto e atendendo as necessidades dos nossos parceiros..

O integrador poderá continuar a bater na nossa porta, da mesma maneira que sempre fez. A chegada da Brookfield  só traz mais segurança. Importante é que a Brookfield veio para o mercado de GD e chegou forte avisando todo mundo que veio para ocupar seu espaço.

Essa transação foi feita em meio ao processo de criação do Marco Legal para a GD no Brasil. Isso mostra o potencial de investimentos no mercado de energia solar, sobretudo em projetos de geração distribuída. Como você analisa esta transação ocorrendo neste momento de discussão do projeto de lei?

O Marco Legal do setor está passando por uma movimentação muito forte e isso pode trazer, de uma certa maneira, algumas consequências, melhores ou piores para a indústria. 

Nós acreditamos que o Brasil, reconhecendo a importância do setor para o nosso desenvolvimento sustentável, vai, sem dúvida, aprovar um marco que apoia a energia solar no longo prazo e possibilita todos os brasileiros de buscarem os benefícios da geração distribuída. 

Mas, a Aldo tem o plano B e o plano C. Nós temos vários outros tipos de instalação e projetos que poderiam, na situação mais drástica que a regulamentação trouxer, garantir o funcionamento e a continuidade de negócio, porque já temos o zero grid, o sistema de armazenamento, sistema de off grid, sistemas de bombeamento de água para agronegócio e várias outras aplicações. 

Então, o que acontece é que a energia solar no mundo é tão benéfica para a sociedade em geral em relação a outras matrizes energéticas que fez com que a Brookfield queira investir no setor. 

Assim, ela está aqui firme e dizendo: “Eu estou apostando em vocês, estou apostando no mercado, estou apostando em vocês instaladores e integradores de sistemas fotovoltaicos da Aldo”. É assim que ela vem.

Após a conclusão da transação você será CEO da Aldo e terá uma cadeira no Conselho da empresa. O que se pode esperar? Como a Aldo será gerida?

Posso confessar que uma das coisas que fez parte desta decisão foi a questão familiar. Meu maior anseio, depois de 40 anos de companhia, é dar um pouco mais de conforto para a família. Então, para a família essa decisão foi bem importante, porque coloca a Ruth (sua esposa) e minhas duas filhas numa condição mais tranquila, onde poderão aproveitar um pouco mais o convívio familiar e usufruir um pouco da aposentadoria. 

E eu estou aqui firme na liderança da companhia, tocando o dia a dia como sempre. Então, para o mercado, e para todos os integradores, é um marco, uma notícia muito importante para o setor, mas operacionalmente estamos mais fortalecidos. Continuarei trazendo todas as grandezas que vocês merecem.

Aldo, foi recentemente divulgado uma matéria sobre o valor da venda. Afinal, qual foi o valor da transação?

Os termos são confidenciais. O que quero dizer é que o valor não é relevante. O quanto a família está colocando dinheiro para sua convivência familiar não é o caso agora. É fruto de um trabalho de 40 anos. 

O importante nesta transação é o que fica de legado para o setor. Então, o maior lucro, a maior certeza, a maior garantia que todos vocês podem ter é a grandeza que este negócio vai ficar daqui pra frente. Todos nós saímos engrandecidos nessa operação em uma visão de médio e longo prazo.

Qual é a mensagem que você deixa para os integradores? Como você avalia os últimos dias?

Esses momentos emocionantes foram marcantes na família, recebi centenas de mensagens no WhatsApp, e-mails e telefonemas. Não houve nenhuma destas ligações que não tivessem trazido grande encanto, grande parabéns pela conquista e por este momento que estamos passando. Percebi, no dia seguinte, que se nós (família) tínhamos algum receio, ele foi deixado de lado. 

O mercado aplaudiu de pé. Principalmente os fornecedores europeus, chineses, americanos, tanto da área de TI como na área de solar. Eu recebi com grande louvor essa situação porque eles percebem em questão de segundos que a chave mudou, mas mudou pra muito melhor. Essa é a mensagem que quero deixar para todos vocês. É essa sensação que estamos vivendo hoje e a sensação que vai perdurar ao longo dos anos.

Assista a entrevista na íntegra

Ericka Araújo

Ericka Araújo

Head de jornalismo do Canal Solar. Apresentadora do Papo Solar. Desde 2020, acompanha o mercado fotovoltaico. Possui experiência em produção de podcast, programas de entrevistas e elaboração de matérias jornalísticas. Em 2019, recebeu o Prêmio Jornalista Tropical 2019 pela SBMT e o Prêmio FEAC de Jornalismo.

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