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ANEEL prepara regras para evitar abusos no Mercado Livre

Agência fez acordo com o CADE para contribuir no monitoramento da concorrência
ANEEL prepara modelo de fiscalização para evitar abuso de poder no mercado livre
Imagem: Divulgação/Lefosse

A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) está preparando um modelo de fiscalização para tentar minimizar casos de abuso de poder econômico na migração de consumidores para o Mercado Livre de Energia.

Segundo o diretor da Agência, Ricardo Tili, a Tomada de Subsídios (TS) estava pronta para ser lançada, porém a saída de um servidor causou o adiamento do processo

A ABRACEEL (Associação Brasileira de Comercializadores de Energia Elétrica) tem recebido algumas denúncias em que o agente monopolista da rede, no caso a distribuidora, utiliza-se dessa posição para alavancar um outra atividade concorrencial, que é a comercialização de energia. O tema foi destaque em um dos painéis do Lefosse Energy Day, realizado em São Paulo, na quinta-feira (9). 

Bernardo Sicsú, vice presidente de Estratégia e Comunicação da ABRACEEL, citou um exemplo em que o consumidor fechou um contrato com uma comercializadora independente e depois que denunciou o contrato, recebeu uma proposta mais vantajosa para migrar para o mercado livre de uma outra comercializadora ligada ao grupo econômico da distribuidora.

 “O consumidor recebe uma proposta com base em dados que só a distribuidora tem. E o mais preocupante é que na proposta vem sinalizada uma migração antecipada e livre de multas, condição que só pode ser oferecida por um grupo integrado”, disse o executivo. 

Após receber as denúncias da ABRACEEL, Tili determinou que a SFF ( Superintendência de Fiscalização Econômica, Financeira e de Mercado) abrisse um processo de fiscalização para verificar casos de práticas anticoncorrenciais no mercado.

Uma primeira solução já estava desenhada e pronta para ser debatida com os agentes, porém o servidor da ANEEL que estava cuidando do assunto passou em um concurso para Câmara dos Deputados, prejudicando o andamento da pauta. 

A saída de servidores tem sido um problema para a ANEEL, que precisa lidar com um grande volume de processos fora da agenda regulatória, como foi o caso da regulamentação da Medida Provisória 1.212/2024, que caducou no dia 8 de julho.

Além da saída de servidores, o movimento Valorização da Regulação também tem afetado os trabalhos da agência, que atualmente está com um quadro 25% menor do que foi planejado há cinco anos. 

Para Sicsú, há duas vias para mitigar esses casos. Primeiro, intensificar a fiscalização, e para isso é preciso valorizar os servidores da ANEEL. Segundo, criar uma regulamentação que consiga aprimorar as regras para evitar essas situações anticoncorrenciais. 

A ABRACEEL sugeriu à ANEEL também que centralize os pedidos de denúncias de contratos na CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

“Isso vai permitir que, num primeiro momento, a CCEE tenha essa informação e não outros agentes. A Câmara vai gerir melhor esses dados para mitigar essa assimetria de informações. A partir desse modelo centralizado e simplificado, a gente pode ter melhores reports para que o próprio regulador saiba o que está acontecendo”, disse Sicsú. 

“É importante dizer que essas situações de abuso de poder econômico não são generalizadas. Elas são muitas vezes localizadas e  precisam ser tratadas de forma específica, mas na regulação a gente vai conseguir ter um olhar geral para mitigar isso”, completou o representante da ABRACEEL. 

A ANEEL também fechou um acordo com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para contribuir no monitoramento da concorrência no Mercado Livre de Energia.

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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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