Apesar de a energia fotovoltaica ter crescido nos últimos anos, dados levantados pelo Canal Solar mostram que o Brasil continua sendo um dos países que mais desperdiça a chance de apostar no crescimento da fonte sustentável.
Atualmente, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país conta com uma população estimada de 213,3 milhões de pessoas, distribuídas em cerca de 61 milhões de famílias.
No entanto, informações da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) mostram que no território nacional apenas 437,7 mil sistemas solares em residências estão em operação – o que, na prática, revela que a cada 139 famílias, apenas uma utiliza o sistema de compensação por meio da fonte.
Entre os principais motivos que explicam a falta de uma maior adesão da população estão a falta de incentivos e de campanhas educacionais do Governo Federal.
O funcionário público Vanderlei Aparecido, de 53 anos, é um dos brasileiros que há anos pensa em instalar um sistema em sua casa. No entanto, conta que não se sente confortável para fazer o investimento por causa de algumas dúvidas.
“A primeira é saber qual é o tipo de sistema que precisamos instalar; o segundo é saber se a tecnologia é avançada ou não; e a terceira é a qualidade: em qual marca posso confiar? Essas são grandes dificuldades”, comentou.
Falta de incentivos
De acordo com Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a baixa adesão aos equipamentos fotovoltaicos – perto da capacidade de geração que a fonte possui no país – poderia ser driblada se houvesse mais investimentos em linhas de crédito e benefícios adicionais para quem aderisse ao sistema.
Como exemplo, cita o modelo adotado pelos Estados Unidos, onde o consumidor com energia solar instalada em sua propriedade ganha um desconto proporcional a sua geração no valor do imposto de renda.
Segundo ele, também falta ao Brasil uma maior atuação do Governo em campanhas capazes de popularizar o sistema e desmistificar o boato de que a tecnologia é completamente inacessível.
“O Brasil ainda está muito atrasado no uso da geração própria. Na Austrália, uma em cada cinco propriedades já geram a sua própria energia, ou seja, 20% de participação. Aqui no nosso país, esse número está longe dos 1% ainda”, explicou.
O CEO ainda chamou a atenção para os benefícios que esse tipo de energia oferece para a economia do país, ainda mais em um momento de crise hídrica, com aumentos consecutivos na conta de luz e um risco considerável de racionamento.
“É bom que novos investimentos sejam feitos, principalmente, agora, porque nenhuma tecnologia é mais rápida do que a geração própria em telhados para ajudar a aumentar o fornecimento de energia elétrica no país”, pontuou.