A integração de sensores, sistemas inteligentes e automação predial nas edificações brasileiras têm potencial para economizar 87 TWh por ano, o equivalente a 14% de toda a eletricidade consumida no país. A informação consta no estudo “Green & Smart Buildings no Brasil”, que detalha o cenário nacional e o impacto da automação.
O lançamento do estudo foi realizado na terça-feira (3), durante o CEFX (Congresso Edificações do Futuro e Expo), realizado no IEE-USP (Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo).
A estimativa é que a adoção de tecnologias de eficiência energética possa evitar investimentos da ordem de US$ 44 bilhões no setor elétrico, ao reduzir a necessidade de geração.
Apesar do custo de US$ 424 bilhões estimados até 2050 para transformar as edificações brasileiras em verdes e inteligentes, o retorno financeiro pode ocorrer em apenas 2 a 5 anos, de acordo com os organizadores.
“O país, segundo o IBGE, possui hoje, perto de 107 milhões de edificações, as quais respondem por 47% do consumo de eletricidade”, afirmou Juliana Ulian, CEO da GHM Solutions, organizadora do evento.
“Nesse momento pós COP30, em que se discute a descarbonização das economias, se apenas automatizássemos os prédios e adotássemos sistemas de gestão predial, entre outros mecanismos de eficiência energética, seria possível reduzirmos em 40% as emissões de gás de efeito estufa”, complementou.
Segundo Victor Moura, especialista da GHM, só a economia potencial da automação predial equivale a 16,5 GW de capacidade instalada evitada por ano, o que corresponderia a 1,2 vezes a geração da usina de Itaipu, além da redução de 4,7 milhões de toneladas de CO₂. “Isso representa, ainda, 4,7 milhões de toneladas de CO2 evitadas, levando-se em conta premissas conservadoras nesses cálculos”, frisou.
Integração de tecnologias e inteligência ativa
Durante o congresso, o professor Ildo Luíz Sauer, vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente, chamou a atenção para a magnitude do desafio energético global. Segundo ele, o consumo mundial de energia já ultrapassa 620 exajoules, o equivalente a 620 quintilhões de joules.
“Mais do que nunca, com o reconhecimento das crises climáticas, voltamos à questão da gestão da energia. Precisamos retornar à ciência básica e a um sistema econômico sustentável”, defendeu.
A resposta, segundo José Roberto Muratori, do Instituto de Automação/Prédio Eficiente, está na necessidade de se integrar as várias tecnologias para se chegar à máxima eficiência.
Entre elas, a gestão corporativa, com gêmeos digitais, dashboards, alarmes e analytics da supervisão dos sistemas, controles programáveis para a iluminação e climatização, assim como sensores.
“A automação predial, contudo, não é algo estático”, alertou: “é preciso revisar diariamente os sistemas, baseando-nos em dados, sem “achismos”, acompanhando o desempenho real de equipamentos.”
De acordo com o consultor e projetista de automação residencial e predial, não basta às edificações uma automação passiva. “Ela deve ser ativa, capaz de tomar decisões automaticamente, com inteligência”, conclui Muratori.
Casos práticos e resultados comprovados
Os resultados com automação predial e eficiência energética podem ser medidos na prática. Luciano Rosito, diretor geral da B.E.G.Brail, ressaltou que já é possível obter reduções de 70% de economia de energia com uma infraestrutura de dados sem comprometer o nível de conforto dos ambientes das edificações.
Ele apresentou um estudo de caso de um galpão de logística, com tecnologia DALI, baseada em sensores instalados a 16 metros de altura, num sistema de 560 luminárias, com economia de 58%.
No entanto, para Marcos Martins Poli, diretor executivo da Abilux (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação), não bastam produtos de eficiência energética para resolver o desafio energético. Para ele, é importante maximizar os recursos de energia disponíveis nas edificações.
Na mesma linha, Adriano Cotrim Pita, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, reforça: “não existe edifício inteligente sem projeto inteligente, e isso significa uma edificação que leve em consideração o meio ambiente e seu uso.”
Já, segundo Lucia Abadia, conselheira da Associação Mulheres em Energia, há um aspecto importante para quem investe em edificações a ser considerado: “A parcela de pagamento do imóvel um dia acaba. Mas a taxa de manutenção é permanente. Precisamos evoluir na consciência da sustentabilidade, com economia de energia ao longo do tempo”, concluiu Lucia.
Para baixar o estudo Green & Smart Buildings no Brasil, clique aqui.
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