Brasil quer nacionalizar produção de tecnologias verdes, diz assessor da Fazenda

Governo quer fazer com que empresas produzam tecnologias renováveis ao invés de o Brasil exportar suas riquezas
Brasil quer nacionalizar produção de tecnologias verdes, diz assessor da Fazenda
João Resende, assessor especial do Ministério da Fazenda.. Foto: Tiago Mendes/Divulgação

O Governo Federal quer participar da transição energética global com altos investimentos em energias verdes, mas de uma forma com que a maior parte da riqueza gerada fique no Brasil e beneficie a industrialização nacional. 

“Não queremos ser exportadores de sol e vento a partir de um painel solar feito na China com carvão, com eletrolisador feito na Alemanha, e transportado em um navio feito em Singapura e replicar 500 anos de economia extrativista sem valor agregado”, disse João Paulo de Resende, assessor especial do Ministério da Fazenda.

A fala ocorreu durante a abertura do Congresso Brasil Competitivo, realizado na sexta-feira (27). O evento teve como objetivo abordar a nova política industrial do país e o futuro verde do setor, além de discutir os principais desafios para o financiamento da agenda climática brasileira.

De acordo com Rezende, a ideia do Governo Federal é fazer com que grandes multinacionais optem por produzirem suas tecnologias renováveis no Brasil ao invés de o país ficar “exportando subsídio brasileiro para limpar a matriz de produção elétrica da Alemanha, da França, dos Estados Unidos, para eles produzirem bens industriais verdes”, afirmou.

Para ele, a forma mais inteligente de participar do processo de transição energética global é fazer com que as grandes potências do mundo venham produzir bens industrializados no país. 

“A principal solução que a gente quer vender para o mundo é um produto industrial (brasileiro) com zero pegada de carbono”, ressaltou. “Por isso, estamos conversando com alemães, americanos, ingleses, franceses, sauditas, entre outros”, ressaltou. 

O assessor, que representava o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também questionou as demandas por investimentos públicos em novas tecnologias, como a produção de hidrogênio verde, que demanda milhões de reais para ser criada e ainda está em fase de pesquisas.

“É como se a Arábia Saudita dissesse ‘eu preciso colocar dinheiro de outros setores na produção de petróleo para podermos ser competitivos’ (…) Se tem uma coisa que dá para dizer que temos competitividade são as energias limpas. Esse é o nosso trunfo. É o momento de aproveitarmos a oportunidade”, afirmou Resende.

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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