Nos últimos cinco anos, o consumidor brasileiro enfrentou uma rotina persistente de quedas de energia. Segundo dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), entre 2020 e 2024 os clientes do mercado cativo ficaram, em média, de 10 a 12 horas por ano sem energia elétrica.
Além disso, o período foi marcado por episódios emblemáticos de falhas prolongadas que expuseram as fragilidades da infraestrutura elétrica nacional. Em 2023, uma tempestade severa deixou mais de dois milhões de pessoas sem energia por vários dias em São Paulo.
No mesmo ano, o Rio Grande do Sul sofreu longos períodos de desabastecimento após ciclones históricos, enquanto o Amapá voltou a registrar instabilidades recorrentes após o blecaute de 2020, quando parte do estado enfrentou 21 dias de fornecimento comprometido.
Embora cada ano apresente particularidades, os números evidenciam que a falta de energia permanece um desafio consistente. Para entender a evolução da duração, frequência e indenizações pagas pelas distribuidoras, o Canal Solar analisou os dados da ANEEL referentes aos últimos cinco anos.
2020: início da década marcado pelo apagão histórico do Amapá
Em 2020, ano do blecaute que deixou quase 800 mil pessoas no Amapá sem energia por 21 dias, o consumidor brasileiro ficou 11 horas e 30 minutos sem luz, em média.
A frequência média passou de seis interrupções por consumidor, e as distribuidoras pagaram R$ 630,9 milhões em compensações por falhas superiores aos limites regulamentares.
2021: tempo sem energia cresce e indenizações aumentam
Em 2021, um apagão de grande porte ocorrido em maio, provocado por falha em uma linha de transmissão ligada ao complexo de Belo Monte, atingiu vários estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Ceará e Amazonas.
No total, o consumidor ficou quase 12 horas sem energia, em média, com 5,98 interrupções ao longo do ano. As compensações automáticas aumentaram e chegaram a R$ 718,5 milhões.
2022: leve melhora nos índices, mas compensações seguem em alta
O ano de 2022 não registrou um apagão de grande repercussão nacional, mas o país contabilizou mais de 40 blecautes com ao menos dez minutos de duração.
O brasileiro ficou quase 11 horas sem energia, em média, e a frequência caiu para 5,47 interrupções. Apesar da melhora, as concessionárias desembolsaram R$ 783 milhões em compensações — o maior valor até então.
2023: apagões mais severos e indenizações recordes
Mesmo com eventos extremos – como o colapso na rede após tempestades em São Paulo e os impactos de ciclones no Rio Grande do Sul -, o Brasil registrou redução nos indicadores médios.
O tempo médio sem energia caiu para aproximadamente 10 horas e 30 minutos, e a frequência para cinco interrupções por consumidor. Por outro lado, as indenizações dispararam e alcançaram R$ 1,08 bilhão, marcando um novo recorde.
Consumidores driblam apagões em São Paulo com energia solar e baterias
2024: Frequência cai e o tempo sem energia se estabiliza
Em 2024, os dados da ANEEL mostram que os consumidores ficaram, em média, 10 horas e 14 minutos sem energia, uma redução de 1,7% frente a 2023. A frequência caiu de 5,15 para 4,89 interrupções, e as compensações bateram R$ 1,12 bilhão, o maior valor já registrado.
Comparação internacional: Brasil ainda está muito atrás
Somente nos últimos cinco anos, as distribuidoras brasileiras já desembolsaram mais de R$ 4,3 bilhões em indenizações por falhas no fornecimento de energia. Apesar de a ANEEL apontar uma melhora gradual nos indicadores, o país ainda está longe dos padrões internacionais de qualidade.
Para efeito de comparação, consumidores da Alemanha ficam, em média, menos de 15 minutos por ano sem energia. Na França, o tempo médio anual é de aproximadamente uma hora, enquanto que no Reino Unido gira em torno de 30 minutos.
Nos Estados Unidos, os consumidores ficam, em média, cerca de 2 horas por ano sem energia quando são desconsiderados os eventos climáticos extremos, como tornados e furacões. Incluindo esses eventos, a duração sobe para 5 horas e 30 minutos anuais.
Os dados provêm de agências e órgãos oficiais de cada país, como a BNetzA (Alemanha), a CRE (França), a Ofgem (Reino Unido) e a EIA (Estados Unidos).
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