A Casa dos Ventos tem ampliado sua atuação no segmento de hidrogênio verde, com a aprovação do CZPE (Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação) para a instalação uma planta dedicada ao hidrogênio e à amônia verdes na ZPE do Pecém, no Ceará.
A iniciativa ainda em fase de desenvolvimento envolve atividades de engenharia, definição de fornecedores, negociação com potenciais parceiros e avaliação de off-takers, compondo um dos projetos mais estruturados da empresa além de seus empreendimentos eólicos e solares.
O diretor-executivo Lucas Araripe afirma que a companhia trabalha de forma simultânea em diversas frentes, com foco em estudos técnicos e econômicos.
De acordo com ele, o plano é disponibilizar 1,2 GWm de energia renovável proveniente de parques eólicos e solares, distribuídos entre Nordeste e Sudeste, para viabilizar a produção de até 900 mil toneladas anuais de amônia verde.
As estimativas iniciais indicam investimentos de R$ 12 bilhões na planta principal e outros R$ 13 bilhões nos projetos de geração associados. A decisão final de investimento está prevista para 2026, e a entrada em operação deve ocorrer a partir de 2030.
Parceria
O executivo explica que a TotalEnergies é a parceira vinculada ao projeto no Pecém, por meio da sociedade já existente entre as empresas. O objetivo em conjunto é avaliar modelos tecnológicos, identificar formas de redução de custos e atender critérios de certificação exigidos pelo mercado europeu.
A Petrobras, embora tenha firmado um memorando de entendimentos com a Casa dos Ventos em 2023 para estudos gerais sobre renováveis, não participa dessa iniciativa específica e o MoU se encerra em 2025.
Incentivos necessários
No campo regulatório, Araripe destaca que o desenvolvimento do hidrogênio verde no país depende de políticas públicas voltadas à competitividade.
Ele cita cinco pontos considerados relevantes: incentivos fiscais, definição de arcabouço regulatório adequado, estímulos à demanda interna, mecanismos contratuais de longo prazo e cooperação internacional para padronização e acesso a equipamentos.
Para a Casa dos Ventos, essas medidas serão importantes para permitir planejamento industrial e reduzir custos de produção.
O diretor-executivo ressalta que a disponibilidade de energia renovável no Brasil cria condições favoráveis para o desenvolvimento da cadeia de hidrogênio de baixo carbono, especialmente considerando requisitos de certificação europeia.
O foco inicial da empresa permanece voltado à exportação de amônia, dado o potencial de demanda externa. No entanto, a companhia também avalia projetos para o mercado interno, incluindo aplicações industriais e uso em fertilizantes.
Possibilidades associadas ao metanol verde e à navegação também fazem parte dos estudos em andamento.
Araripe observa que o custo atual do hidrogênio verde, estimado entre US$ 4,6 e US$ 9,51, ainda é significativamente superior ao do hidrogênio cinza. Ele considera, porém, que há tendência de redução de preços em função de ganho de escala, evolução de tecnologias de eletrólise e eventuais mecanismos de incentivo previstos por programas nacionais e internacionais.
Segundo ele, o hidrogênio pode desempenhar papel relevante na competitividade futura de setores industriais que buscam reduzir suas emissões.
Com o marco legal aprovado em 2024 — incluindo o Rehidro e o PHBC (Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão) —, Araripe avalia que o país estabeleceu diretrizes iniciais importantes.
Em contrapartida, aponta que ainda são necessárias regulamentações complementares, além de definições sobre critérios técnicos, linhas de financiamento e modelos de certificação.
Para o executivo, a consolidação de projetos de grande escala dependerá de estabilidade regulatória e de instrumentos que permitam previsibilidade de longo prazo.
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