O consumo de energia elétrica no Brasil totalizou 66.632 MWmed em agosto, de acordo com dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). O volume representa uma queda de 1,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Já na comparação com julho, houve aumento de 1%, interrompendo uma sequência de cinco meses consecutivos de retração. A CCEE analisa dois ambientes distintos do mercado.
No ACR (Ambiente de Contratação Regulada), responsável pelo fornecimento às distribuidoras e à maior parte dos consumidores residenciais, a demanda foi de 37.333 MWmed – uma redução de 1,2% em relação ao ano anterior.
Já no ACL (Ambiente de Contratação Livre), que permite a escolha do fornecedor de energia, o consumo somou 29.299 MWmed, retraindo 1,7% no mesmo comparativo.
O recuo no consumo é atribuído, em parte, às temperaturas mais amenas do outono e inverno, que reduzem o uso de equipamentos de refrigeração, como ventiladores e ares-condicionados.
Setores e regiões
Entre os 15 ramos de atividade econômica avaliados pela CCEE, o destaque positivo ficou com os setores de Saneamento (alta de 2,9%), Minerais Não-Metálicos (0,7%) e Transporte (0,5%). Em contrapartida, as maiores retrações ocorreram em Telecomunicações (-5,6%) e Químicos (-5,1%).
O setor de Serviços, que engloba shoppings e grandes estabelecimentos comerciais e representa a maior fatia do consumo no Mercado Livre, também apresentou queda de 5%, contribuindo para o resultado negativo do ACL.
Regionalmente, Acre (12,1%), Maranhão (7,2%) e Piauí (4,4%) registraram as maiores altas no consumo. Já Mato Grosso do Sul (-8,8%), Amapá (-8,6%), Goiás e Rondônia (ambos com -4,5%) tiveram as reduções mais expressivas.
Reservatórios e operação do sistema
Paralelamente, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) divulgou, no mesmo período em que a CCEE apresentou seus dados, o boletim do PMO (Programa Mensal da Operação) referente à semana de 4 a 10 de outubro.
O documento aponta estabilidade nos níveis dos reservatórios em todos os subsistemas do país, indicando um cenário hidrológico favorável à manutenção da segurança energética nacional.
A região Sul apresenta a melhor previsão de EAR (Energia Armazenada) — indicador que mede o volume de água acumulado nos reservatórios das hidrelétricas — com expectativa de 87,4% até o fim do mês. Em seguida aparecem o Norte (68,4%), o Nordeste (49,2%) e o Sudeste/Centro-Oeste (46,4%).
“Estamos acompanhando, em tempo real, os cenários dos reservatórios e preparados para atender plenamente a demanda da sociedade. Seguimos atentos às projeções futuras para adotar as medidas necessárias para permanecer com a continuidade da confiabilidade e da segurança do sistema”, afirmou o diretor-geral do ONS, Marcio Rea.
Por sua vez, as estimativas de ENA (Energia Natural Afluente) — volume de água que chega aos reservatórios — indicam que a região Sul deve alcançar 121% da MLT (Média de Longo Termo), seguida pelo Norte (58%), Sudeste/Centro-Oeste (52%) e Nordeste (37%).
A MLT representa a média histórica do volume de chuvas e afluências em determinado período, usada como referência para avaliar se o cenário hidrológico está acima ou abaixo do comportamento esperado.
Já as projeções de demanda de carga apontam crescimento de 0,7% no SIN (Sistema Interligado Nacional), chegando a 82.318 MWmed. O avanço é puxado principalmente pelas regiões Norte (+6,5%), Sul (+0,6%) e Sudeste/Centro-Oeste (+0,3%), enquanto o Nordeste deve registrar leve retração de 1,2%.
O CMO (Custo Marginal de Operação) — indicador que reflete o custo de geração de energia no sistema — está fixado em R$ 302,19/MWh para três dos subsistemas, com exceção do Nordeste, que terá R$ 181,13/MWh na próxima semana operativa.
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