Em uma tentativa de reorganizar o setor solar e evitar uma crise estrutural, o governo chinês anunciou uma série de medidas para conter o excesso de capacidade produtiva e estabilizar os preços ao longo da cadeia de suprimentos. A iniciativa foi discutida em uma reunião promovida pelo MIIT (Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação), reunindo os principais nomes da indústria fotovoltaica do país.
O encontro, liderado por Li Lecheng, ministro do MIIT, contou com a participação de 14 fabricantes de energia solar,além da CPIA (Associação da Indústria Fotovoltaica da China).
Durante a reunião, o governo chinês reforçou a intenção de combater a chamada “concorrência desordenada”, caracterizada por guerras de preços, que segundo autoridades, comprometem a saúde financeira e a sustentabilidade do setor.
Em nota oficial, o MIIT destacou que o setor deverá implementar com firmeza as diretrizes do governo central, reprimir práticas de precificação agressiva e acelerar a retirada de capacidade produtiva obsoleta.
O ministro chinês destacou a importância de as empresas adotarem uma postura de autodisciplina, defendendo uma mudança no modelo de crescimento do setor.
Em vez de priorizar volume e expansão acelerada, o foco agora deve estar na inovação tecnológica, no aumento da qualidade dos produtos e na construção de competitividade sustentável no longo prazo.
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Ele também criticou o modelo vigente, marcado por uma corrida desenfreada por produção, cenário que, na China, é frequentemente chamado de “involução”.
Respostas do setor
Alguns setores já começaram a responder. No segmento de vidro, por exemplo, dez fabricantes anunciaram que reduzirão a produção em 30% durante o mês de julho, como forma de reequilibrar a oferta.
No setor de polissilício, insumo fundamental para a fabricação de células solares, há sinais de consolidação: executivos da GCL Technology e da Daqo New Energy já manifestaram publicamente a disposição de promover fusões e aquisições.
Apesar dos primeiros movimentos, o mercado continua pressionado. Dados da Associação da Indústria de Metais Não Ferrosos da China, mostram que os preços do polissilício, seguem abaixo do custo de produção há mais de um ano.
Ao menos quatro empresas interromperam as operações apenas no primeiro semestre de 2025. A sinalização de intervenção do governo, no entanto, animou os investidores. Após a reunião do MIIT, ações de diversas companhias do setor solar dispararam nas bolsas da China continental e de Hong Kong.
Embora o movimento do governo represente uma virada de postura, analistas alertam que a reestruturação do setor não será rápida. O excesso de capacidade ainda está disseminado em toda a cadeia de valor, da produção de silício até a montagem dos módulos. Segundo eles, o processo de consolidação pode levar meses ou até anos até surtir efeito prático.
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