Como uma empresa pode aderir aos I-RECs? Entenda os passos necessários

Certificados reforçam a reputação corporativa e geram valor para clientes e investidores, destaca profissional do Grupo Polar
Paulo Silva, do Grupo Polar. Foto: Divulgação

Em um cenário em que a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma exigência do mercado, empresas de todos os setores estão buscando formas mais eficientes e transparentes de comprovar seu compromisso com a agenda climática. 

Uma das ferramentas que têm ganhado força nesse contexto são os I-RECs (Certificados Internacionais de Energia Renovável), que permitem rastrear e validar o consumo de eletricidade proveniente de fontes limpas.

Mais do que uma tendência, o uso dos I-RECs se tornou uma estratégia prática para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para o cumprimento de metas ESG (ambientais, sociais e de governança) de todas as empresas. 

Os certificados reforçam a reputação corporativa, aumentam a transparência das ações sustentáveis e geram valor para clientes, investidores e parceiros. Na prática, entidades que adotam os I-RECs demonstram que sustentabilidade não é apenas discurso, mas parte integrada da gestão. 

Foi com esse objetivo que o Grupo Polar, que atua no setor de cadeia fria, decidiu investir na aquisição desses certificados e incorporá-los à sua estratégia empresarial.

Em entrevista ao Canal Solar, Paulo Silva, responsável pela área de socioecoeficiência da companhia, detalhou o passo a passo da adesão aos certificados, os desafios enfrentados durante o processo, os principais benefícios percebidos e os planos para ampliar essa iniciativa.

O objetivo da conversa foi esclarecer dúvidas e oferecer um ponto de partida para outras empresas que desejam seguir esse mesmo caminho, mas que ainda não sabem como fazer para incorporar os I-RECs de forma estratégica e acessível às suas metas de sustentabilidade.

Confira a entrevista abaixo: 

Foto: Freepik

O que levou o Grupo Polar a optar pela aquisição de I-RECs? Quais foram os principais fatores considerados na decisão?

A principal motivação do Grupo Polar para adquirir os I-RECs foi reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade e a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Ao garantir que toda a energia consumida em suas operações seja de fontes renováveis, a empresa neutraliza as emissões de carbono de escopo 2, associadas ao consumo de eletricidade de fornecedores externos.

Essa iniciativa reforça a transparência da organização em relação às suas práticas ambientais e contribui diretamente para suas metas de ESG.

Como foi, na prática, o processo de adesão do Grupo Polar aos I-RECs? Quais etapas a empresa precisou cumprir ao longo do caminho? Poderiam detalhar um passo a passo desse processo?

O processo de adesão aos I-RECs foi conduzido de maneira estruturada e alinhada às práticas sustentáveis já adotadas pela empresa. As principais etapas foram:

  1. Avaliação do consumo de energia:
    • Analisamos detalhadamente nosso consumo energético para determinar a quantidade de I-RECs necessária.
    • Monitoramos o consumo por meio das faturas da fornecedora de energia, geramos indicadores e realizamos a análise cruzada dos dados para garantir uma estimativa precisa da demanda.
  2. Seleção de um fornecedor autorizado
    • Pesquisamos empresas certificadas para emissão e comercialização dos I-RECs no Brasil.
    • O Instituto Totum é a entidade responsável por registrar e garantir a rastreabilidade dos certificados, além de credenciar os fornecedores autorizados.
  3. Aquisição dos certificados
    • Formalizamos a compra dos I-RECs, assegurando que o volume adquirido corresponda ao consumo de energia da empresa no período definido.
    • Esse processo inclui a verificação da origem dos certificados para garantir que sejam provenientes de fontes renováveis certificadas.
  4. Registro e acompanhamento
    • Mantemos um controle atualizado dos certificados adquiridos para garantir total conformidade com nossas metas de sustentabilidade.
    • Monitoramos continuamente nosso consumo energético para assegurar que a estratégia de uso de energia renovável esteja sendo cumprida de maneira eficiente.

Com essa abordagem, o Grupo Polar assegura que o uso de I-RECs seja integrado de forma eficaz às nossas iniciativas ambientais, contribuindo para a transparência e credibilidade das nossas ações em sustentabilidade.

Na opinião do Grupo Polar, quais são os maiores desafios enfrentados por uma empresa que quer aderir aos I-RECs? Existe alguma barreira regulatória ou burocrática no Brasil?

A adoção de energia renovável trouxe benefícios que vão além da redução das emissões de GEE. Entre os principais impactos positivos, podemos destacar:

  • Reforço da transparência ambiental: a comprovação do consumo de energia renovável fortalece a credibilidade da empresa e sua reputação no mercado.
  • Maior engajamento da cadeia de valor: o incentivo a fornecedores, parceiros e comunidades locais a adotarem práticas mais sustentáveis.
  • Atendimento a requisitos de ESG: a  aquisição de I-RECs alinha-se às melhores práticas ambientais, sendo um diferencial competitivo no mercado.

Além da compensação do consumo de energia com fontes renováveis, quais foram os benefícios de adquirir os I-RECs?

A adoção de energia renovável trouxe benefícios que vão além da redução das emissões de GEE. Entre os principais impactos positivos, podemos destacar:
• Reforço da transparência ambiental – A comprovação do consumo de energia renovável fortalece a credibilidade da empresa e sua reputação no mercado.
• Maior engajamento da cadeia de valor – Incentivo a fornecedores, parceiros e comunidades locais a adotarem práticas mais sustentáveis.
• Atendimento a requisitos de ESG – A aquisição de I-RECs alinha-se às melhores práticas ambientais, sendo um diferencial competitivo no mercado.

Como a adesão aos I-RECs tem impactado a reputação da empresa perante clientes e parceiros?

A energia renovável desempenha um papel fundamental na indústria da cadeia fria, que envolve o armazenamento, transporte e distribuição de produtos sensíveis à temperatura, como alimentos perecíveis, medicamentos e vacinas. 

Esse setor tem um grande consumo de eletricidade em equipamentos como câmaras climáticas, containers e freezers que são utilizadas para armazenar além dos produtos sensíveis a temperatura, os insumos utilizados no transporte como por exemplo os elementos refrigerantes Ice Foam, Tech Gel e PCM.

A adoção dos I-RECs fortaleceu a imagem do Grupo Polar como uma empresa comprometida com a sustentabilidade, transmitindo confiabilidade para clientes e parceiros de negócios.

Além disso, essa iniciativa demonstra, de maneira clara e documentada, que a sustentabilidade não é apenas um discurso, mas sim um pilar estratégico da organização. Essa postura tem sido valorizada por stakeholders e fortalece a competitividade da empresa no setor.

O uso dos I-RECs tem ajudado a empresa a atingir metas de ESG ou compromissos de sustentabilidade?

Sim. A comprovação do consumo de energia renovável por meio dos I-RECs tem sido fundamental para que o Grupo Polar alcance suas metas de ESG, especialmente na redução das emissões de Escopo 2. Entre os principais avanços proporcionados pela iniciativa, destacam-se:

  • Redução das emissões de CO₂: o uso de energia renovável reduz significativamente as emissões associadas ao consumo elétrico da empresa.
  • Maior conformidade com padrões internacionais: a adoção dos I-RECs reforça o compromisso do Grupo Polar com práticas ambientais responsáveis e alinhadas a padrões globais.
  • Fortalecimento da governança corporativa: o monitoramento do consumo energético e a comprovação de ações sustentáveis agregam valor à estratégia ESG da empresa.

Dessa forma, a aquisição dos I-RECs vai além da compensação de emissões, tornando-se uma peça-chave na construção de um modelo de negócios mais sustentável e competitivo.

A empresa pretende expandir o uso dos I-RECs nos próximos anos? Existe algum plano para isso?

Sim! A expansão do uso de I-RECs está alinhada ao crescimento das operações do Grupo Polar. À medida que a empresa amplia sua capacidade produtiva – com a aquisição de novas máquinas, equipamentos e aumento dos turnos produtivos – o compromisso com a sustentabilidade também evolui.

Nosso plano estratégico prevê a manutenção e ampliação do consumo de energia renovável para acompanhar essa expansão, garantindo que o crescimento da organização ocorra de forma responsável e sustentável. 

Dessa forma, buscamos não apenas fortalecer nossa atuação no mercado, mas também reforçar nosso compromisso ambiental e a qualidade no atendimento aos nossos clientes.

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Foto de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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