O Complexo Solar Mendubim, o maior empreendimento fotovoltaico do Rio Grande do Norte, foi inaugurado nesta terça-feira (09) no município de Assu. Com investimentos de R$ 2,1 bilhões, o projeto tem 531 MW de potência instalada.
O complexo é composto por 13 usinas e abrange uma área de 1,2 mil hectares – o equivalente a 1,2 mil campos de futebol. Sua construção teve início em julho de 2022 e, no auge da obra, mais de 1,6 mil trabalhadores trabalharam simultaneamente.
Ao todo, são 974 mil módulos de 545 W da Canadian Solar, 2.560 inversores da Huawei e cerca de 11 mil trackers da Nextracker, além de transformadores elevadores de tensão. O complexo também conta com 83 eletrocentros distribuídos em 31 circuitos de média tensão.
Os eletrocentros foram conectados a uma subestação elevatória, composta por dois transformadores de potência de 280 MVA cada, onde a tensão de operação é elevada para 230 mil Volts, para fins de transmissão.
Os painéis solares são instalados em trackers, cujas estacas têm quase 3 metros – dos quais 1,60 metro é cravado abaixo do nível do solo.
Complementam o complexo 54 quilômetros de estruturas de drenagem pelo terreno para escoar a água das chuvas, que chegam a ter uma média próxima dos 120 mm entre janeiro e maio.
Cerimônia de inauguração do complexo
O evento contou com a presença das lideranças das quatro empresas sócias do empreendimento, todas de capital de origem norueguesa – Scatec, Equinor, Hydro Hein e Alunorte – bem como de representantes das três esferas de governo – federal, estadual e municipal – e do governo da Noruega.
“O que nós estamos celebrando aqui hoje é um marco muito importante não apenas para o Rio Grande do Norte, para o Nordeste ou para o Brasil, mas sim para o mundo”, pontuou Fátima Bezerra, governadora Rio Grande do Norte.
A cônsul-geral da Noruega Mette Tangen também enfatizou a parceria entre o país e o Brasil. “O Brasil é muito importante para a Noruega para a transição energética. Estar aqui hoje me enche de orgulho porque mostra que estamos caminhando lado a lado com o Brasil na construção de um futuro mais sustentável para o planeta e para as gerações futuras”, ressaltou.
“Esse complexo solar, em pleno semiárido nordestino, é o segundo empreendimento da Scatec no país. O Brasil é um mercado chave para nós e possui um imenso potencial para crescer em energia renovável”, afirmou Terje Pilskog, CEO global da Scatec.
Aleksander Skaare, country manager da Scatec no Brasil, destacou que o país não apenas se posiciona bem enquanto produtor, mas, ainda, pela qualificação de sua mão de obra especializada no setor das energias renováveis.
“O país tem imenso potencial de crescimento em energias renováveis. Já lidera, de longe, esse setor na América Latina, e é um dos principais players internacionais desse mercado. Queremos fazer parte disso”, ressaltou.
Etapas de construção do complexo Mendubim
O empreendimento, localizado a pouco mais de 200 km de Natal, se estende pelo perímetro de 38 quilômetros. As primeiras operações comerciais começaram em fevereiro deste ano, pelas Mendubins 11 e 9 e, sequencialmente, as demais foram sendo acionadas, até a última data de início da operação comercial, em março de 2024.
O local está a 6 quilômetros da subestação de energia de Assu 3, que se conecta ao SIN (Sistema Interligado Nacional) e a área, considerada excelente para a geração de energia solar, tem uma inclinação máxima de 5%.
A composição acionária do projeto contava, inicialmente, com três sócios – Scatec, Hydro e Equinor, os quais teriam partes iguais no empreendimento. Mas, desde o início de março, a Alunorte adquiriu 10% do empreendimento e assumiu o compromisso de comprar 60% da energia produzida.
A empresa firmou um PPA (Power Purchase Agreement) – termo de compra de energia – por vinte anos. Com isso, a composição se divide agora em 30% para cada um dos sócios iniciais (Scatec, Equinor e Hydro Rein) e 10% para a Alunorte.
Participação das mulheres
Ao longo de sua construção, Mendubim selecionou e capacitou 240 mulheres sem formação profissional para atuarem na área de renováveis, sendo 120 treinadas para montagem dos painéis solares e 120 para atuação em outras qualificações diversas.
A iniciativa foi promovida em parceria com o ITEC (Instituto Tecnológico do Brasil). Esse esforço se soma a outras iniciativas que permitiram à empresa atingir a participação de 30% de mulheres em atividades operacionais e de manutenção dos equipamentos. No Brasil, em todas as áreas, a participação das mulheres da Scatec é de 39% do quadro de funcionários.
Respeito ao meio ambiente
A produção de energia limpa e renovável ao longo dos próximos anos em Mendubim evitará que, aproximadamente, 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes deixem de ser emitidas na atmosfera. Para além desse marco, várias outras medidas foram tomadas para minimizar o impacto do projeto ao meio ambiente.
Entre elas está a decisão inédita da não remoção da camada mais superficial do solo nesse projeto, que é considerada uma inovação de engenharia nas usinas fotovoltaicas.
Tradicionalmente, em projetos similares, são retirados 15 centímetros de cobertura do solo. “A ideia, aqui, foi diminuir o impacto ambiental e preservar a microbiologia do solo”, explica o country manager da Scatec.
Da área construída, foram resgatados mais de 6,2 mil animais da fauna originária local. Um esforço de manejo – abrangendo uma equipe de mais de 40 pessoas – que os direcionou para reservas legais na mesma bacia hidrográfica onde se situa Mendubim.
A grande maioria (95%) desses animais era composta por cobras, lagartos e tatus. “Também tomamos o cuidado de solicitar a um apicultor local para remanejar as colmeias de abelhas que encontramos na região”, informa Skaare.
Da mesma forma, dois Estudos de Impacto Ambiental e outros dois Inventários Florestais foram conduzidos para se chegar a um projeto de reposição florestal, visando a recuperação de áreas degradadas.
Isso resultou no plantio de 340 mil mudas diversas, compostas por espécies nativas do bioma Caatinga, para garantir maior biodiversidade, proteção do solo, conservação da água e a redução da erosão na região.
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