Conta-Covid será fundamental para recuperação do setor elétrico

No entanto, de acordo com Marangon, a Conta-Covid trará algumas consequências para o mercado, como o aumento da tarifa em 2021
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“Acredito que é uma medida importante, fundamental para continuarmos funcionando bem”. Esta é a análise feita por Bernardo Marangon, especialista em mercados de energia elétrica e diretor da Exata Energia, ao afirmar que a Conta-Covid será essencial para a recuperação econômica do setor elétrico.

“Uma das iniciativas mais importantes do governo foi a criação da Conta-Covid. As distribuidoras estão sofrendo muito com a inadimplência e a queda significativa da carga em função do isolamento social, o que reflete negativamente na receita destas empresas. Como são responsáveis por boa parte da arrecadação do setor e dos impostos, precisam se manter saudáveis financeiramente, para que não haja um efeito cascata afetando os outros segmentos de geração e transmissão”, disse Marangon.

Explicando de maneira simplificada, ele comentou que as distribuidoras terão acesso a uma dívida com um sindicato de bancos e esta dívida será paga por meio de um novo encargo. “Esta estrutura está sendo chamada de Conta-Covid, que garantirá a sobrevivência das distribuidoras e, consequentemente, toda cadeia do setor elétrico. O consumidor terá um encargo a mais na tarifa de energia, como reflexo desta medida”.

No entanto, de acordo com Marangon, a Conta-Covid trará algumas consequências para o mercado, como o aumento da tarifa em 2021. “Infelizmente não tem o que fazer. O governo está gastando muito para socorrer todos os setores. Então, nesse momento, é o que tem que ser feito. Salvar o máximo de empresas e manter o maior número de empregos para não termos uma retomada ruim na economia. Para o mercado de geração distribuída, o aumento da tarifa tende a motivar novos investimentos, com objetivo de evitar e reduzir o custo com a energia. Por isso, acreditamos que 2021 será excelente para este setor”, concluiu.

Segundo o MME (Ministério de Minas e Energia), a Conta-Covid vai injetar liquidez no setor elétrico e atenuar o impacto nas contas de luz dos efeitos financeiros que a pandemia de coronavírus trouxe para as empresas.

Por meio de empréstimo de vários bancos, coordenado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), parte dos aumentos nas tarifas de energia, que seriam incorporados à conta de luz em 2020, será diluído ao longo de cinco anos.

Alíquota zero de IOF para operação da Conta-Covid

O presidente Jair Bolsonaro assinou, no dia 28 de maio, o decreto que reduz a zero a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na contratação de crédito da Conta-Covid. A isenção, prevista no Decreto 10.377 e agora autorizada pelo governo federal, visa reduzir ainda mais os custos financeiros da operação, em contraposição aos custos normais de mercado. O valor total da operação deve chegar a R$ 16 bilhões.

De acordo com o governo, o decreto determina que a redução de alíquota somente se aplica aos fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2020. O empréstimo contratado pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) será usado na cobertura, total ou parcial, de déficits e de antecipação de receita incorridas pelas concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica. Isso inclui a parcela da contratação de demanda não utilizada por grandes consumidores de energia, que terá seu pagamento postergado até julho desse ano.

Imagem de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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