Cortes de geração saltam para 25,1% em fevereiro

Segundo o Itaú, o aumento em relação a janeiro foi causado pela indisponibilidade da linha de transmissão Xingu/Terminal Rio
Foto: Pixabay

Os cortes de geração aumentaram de 10,2% em janeiro para 25,1% em fevereiro, devido a restrições no sistema de transmissão, segundo relatório divulgado pelo Itaú BBA nesta semana.

A geração eólica registrou uma redução de 25,1% em fevereiro, acima dos 9,3% de janeiro. Já a geração solar teve 24% da produção cortada, frente aos 12% do mês anterior.

Todas as empresas sob cobertura do banco enfrentaram aumentos significativos nos impactos da redução de geração na comparação mensal. Engie, Auren, Serena e Equatorial foram as mais afetadas em termos absolutos.

Em termos relativos (proporcionalmente à capacidade de geração), Eneva, Serena, Engie e Auren tiveram impactos que ultrapassaram 20% do total de geração.

Segundo o Itaú, o aumento nos cortes foi causado pela indisponibilidade da linha de transmissão em corrente contínua de 800 kV Xingu/Terminal Rio, que conecta os estados do Pará e Rio de Janeiro.

No dia 22 de janeiro, sete torres dessa linha, operada pela State Grid, ruíram devido a uma tempestade. Essa linha é responsável pelo escoamento de boa parte da energia da hidrelétrica de Belo Monte.

A linha só retomou sua operação normal em 13 de fevereiro. As restrições por Indisponibilidade Externa ocorreram, principalmente, entre os dias 1º e 13 de fevereiro.

Isso levou a um aumento significativo dos cortes por Indisponibilidade Externa, que subiram de 6% em janeiro para mais de 20% da geração em fevereiro. Vale destacar que, pela primeira vez desde abril de 2024, a redução na geração eólica superou a solar.

Ressalta-se que apenas os cortes por Indisponibilidade Externa são passíveis de ressarcimento aos geradores, mas somente quando ultrapassam a franquia de 70 horas por ano para usinas eólicas e 35 horas para solares.

Das 70 usinas eólicas e solares sob cobertura do banco, 51 ultrapassaram a franquia de horas estabelecida pelo órgão regulador.

Impacto da geração distribuída na redução da geração

O Itaú também analisou as contribuições enviadas na terceira fase da Consulta Pública nº 45/2019, que busca soluções para minimizar o impacto do curtailment nos geradores. O período de contribuição encerrou em 25 de fevereiro, com mais de 50 participações de empresas, associações e outros stakeholders.

Segundo o banco, a Geração Distribuída (GD) foi citada em diversas contribuições como uma das responsáveis pelos cortes de geração por Razões Energéticas, que ocorrem quando a oferta de energia supera o consumo.

De acordo com a ANEEL, esse tipo de corte acontece, principalmente, durante o dia, quando a capacidade de transmissão não é um problema.

Com a expansão da GD, há uma tendência de intensificação desse cenário nos próximos anos, exigindo maior debate sobre os efeitos dessa fonte na operação centralizada do sistema.

O diretor da ANEEL, Sandoval Feitosa, afirmou que quaisquer mudanças para incluir a geração distribuída no grupo de fontes impactadas pelo curtailment dificilmente serão estabelecidas nas discussões regulatórias atuais.

No entanto, muitas contribuições à consulta pública defenderam que os impactos financeiros dos cortes de geração devem ser compartilhados com a GD. A ABEEólica sustenta que a GD deve participar do rateio dos impactos do curtailment devido à sua contribuição para o problema.

A associação sugeriu ao ONS (Operador Nacional do Sistema) que conduza estudos para encontrar uma solução que viabilize uma redução física em tempo real da geração distribuída. A ABEEólica citou o modelo adotado na Austrália, onde novos projetos de GD já exigem medidores inteligentes com capacidade de controle em tempo real.

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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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