Sistemas híbridos zero grid com baterias e fator de simultaneidade

Qual a importância do fator de simultaneidade ao dimensionar um sistema com bateria sem injeção de energia na rede?
Dimensionamento de sistemas híbridos zero grid com baterias e fator de simultaneidade
As aplicações de sistemas híbridos com baterias são diversas. Foto:

Artigo publicado na 22ª edição da Revista Canal Solar. Clique aqui e baixe agora gratuitamente!

O ano de 2024 começou bastante promissor para o mercado de sistemas fotovoltaicos híbridos. Nas convenções, congressos e palestras do setor, há um aumento significativo dos temas a este respeito e começa-se a perceber uma maior interação de todos os agentes da cadeia (fabricantes, distribuidores, integradores, concessionárias de energia e consumidores finais) quando o assunto é inversores híbridos e baterias.

Apesar de ainda não se ter nenhum dado oficial sobre as vendas deste tipo de kit até o momento da escrita deste artigo, já há relatos entre os fabricantes, distribuidores e integradores de que há um aumento expressivo na procura e consequentemente na venda deste tipo de sistema. Já se fala, inclusive, de falta de equipamentos no mercado devido a alta nas vendas.

As aplicações de sistemas fotovoltaicos híbridos com armazenamento de energia são inúmeras e as principais serão relatadas neste texto. Antes, vamos relembrar o conceito de sistemas híbridos, que nada mais é que a combinação de diferentes fontes de energia para compor a alimentação de determinados sistemas.

A união de diferentes fontes, por exemplo a solar e a rede de distribuição (que pode ser a combinação de outras fontes), oferece grandes vantagens já que combina as características de sistemas on-grid e off-grid, ou seja, a conexão com a rede e o armazenamento de energia.

As aplicações de sistemas híbridos com baterias são diversas e podemos destacar: sistemas backup, cobertura de horário de ponta (time of use / time shifting), controle de demanda (peak-shaving), sem injeção na rede (grid-zero), entre outros. Vale destacar que, em geral, quando bem dimensionado, é possível entregar mais de uma função em um mesmo projeto.

Os sistemas de backup tem como objetivo principal a entrega de energia nos períodos de falta da rede pública, ou seja, garantir o fornecimento de energia às cargas nos momentos em que ocorrem falhas na rede da concessionária.

Algumas cargas são críticas para o sistema, como sistemas de CFTV, computadores e banco de dados, iluminação, entre outras.

Portanto, muitas estratégias utilizam as baterias para garantir o fornecimento a essas cargas críticas, garantindo que não haverá interrupção do fornecimento, mesmo que não se tenha energia disponível na rede das distribuidoras.

A cobertura do horário de ponta, ou do inglês, time shifting ou time of use, utiliza os sistemas de armazenamento para carregar as baterias em horários pré-programados ou que se tenha a geração solar (momentos em que a energia tem um preço mais baixo), e depois descarregá-las em horários convenientes, como os horários em que a energia da rede é mais cara (horário de ponta).

Outra estratégia é o controle de demanda ou do inglês peak shaving, onde a principal função é  fornecer energia para o sistema para que a demanda de uma unidade consumidora não seja ultrapassada ou até mesmo para cobrir a entrega de energia onde a rede é limitada ou insuficiente.

Há também a aplicação na mobilidade elétrica, com a ascensão dos veículos elétricos e o alto volume de vendas atuais, estratégias como a de controle de demanda utilizando baterias serão cada vez mais comuns, principalmente em condomínios, onde se deseja instalar pontos de carregamento elétrico e a demanda contratada é limitada, podendo ter um alto custo para um pedido de aumento de demanda e dependerá também da disponibilidade da rede local da distribuidora.

Destaca-se também os sistemas híbridos com armazenamento aplicados para evitar a injeção na rede ou controlar essa exportação de energia, conhecidos como grid-zero, zero export ou zero-grid. Sistemas zero-grid são uma estratégia de controle em um sistema fotovoltaico visando a não exportação ou limitação de exportação de energia para a rede da distribuidora.

Não é uma classificação de um tipo de sistema fotovoltaico, mas sim uma maneira de controle implementado dentro de um sistema fotovoltaico, seja ele on-grid ou híbrido.

É importante citar que pode-se ter o zero-grid com ou sem armazenamento, porém o armazenamento permite o aproveitamento da energia do sistema fotovoltaico nos momentos em que há excedente de geração em relação a carga, potencializando os ganhos financeiros.

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No contexto de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos híbridos com baterias, o fator de simultaneidade exerce um papel muito relevante. Isso porque o dimensionamento do banco de baterias está diretamente relacionado à capacidade de energia que se deseja armazenar, e essa quantidade de energia está diretamente ligada ao perfil de consumo do cliente, ou seja, a curva de carga de cada consumidor.

Para contextualização, o fator de simultaneidade pode ser visto em outro artigo do canal solar: “Lei 14.300: O que é e como calcular o fator de simultaneidade?”. O fator de simultaneidade é definido como a razão entre a energia autoconsumida e a energia gerada durante um determinado intervalo de tempo, simplificando, é a quantificação da geração do sistema solar que é direcionado para o consumo instantâneo.

A importância do fator no dimensionamento em sistemas fotovoltaicos híbridos com armazenamento pode ser explicada pelo simples motivo que a energia gerada que não é autoconsumida, pode ser armazenada e não exportada para a rede.

Portanto, o dimensionamento do banco de baterias estará relacionado a quantidade de energia que está sendo gerada e não consumida instantaneamente, assim, esse dimensionamento estará diretamente relacionado com o fator de simultaneidade.

Em situações atuais, desde o estabelecimento da Lei 14.300 e também da questão da inversão de fluxo em muitas distribuidoras, sistemas de armazenamento têm sido utilizados como alternativa à não exportação na rede.

Aliado a isso está o preço das baterias que caiu significativamente nos últimos anos. Os custos de rede que se pagam ao exportar ou até mesmo a impossibilidade de exportação na rede, tem feito que essa solução seja cada vez mais procurada pelos integradores do setor de energia solar fotovoltaica.

Sabendo desta dificuldade, a ideia da elaboração deste artigo é apresentar uma alternativa para o dimensionamento do banco de baterias sem necessitar de uma campanha de medição para levantar a curva de carga do cliente, visto que isso pode se tornar oneroso e impraticável para a simples elaboração de uma proposta de sistema híbrido para um cliente.

Para conferir a análise completa, basta baixar, gratuitamente, a Revista Canal Solar neste link.

Foto de Geraldo Silveira
Geraldo Silveira
Gerente de Engenharia na CS Consultoria. Professor dos cursos do Canal Solar e da pós graduação em Proteção de Sistemas Elétricos de Potência da PUC/MG. Mestre em Engenharia Elétrica pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Graduado em Engenharia Elétrica pela UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá). Especialista em energia solar fotovoltaica com atuação em projeto, execução e avaliação de usinas solares.

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