É verdade que 2023 começou para o mercado solar com algumas preocupações sobre a reação do consumidor a respeito do início da cobrança do Fio B.
Embora esse tópico realmente peça uma atenção redobrada na hora de formular os argumentos de venda, não podemos deixar de reconhecer e comemorar outros avanços.
Um desses avanços que merecem atenção é o da eletromobilidade no Brasil. Em 2022, a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) registrou um crescimento de 43% nas vendas de carros elétricos.
Isso representa um total de 49.245 unidades, com 8.460 emplacamentos de automóveis completamente eletrificados. Hoje, a frota total no país é de 126.504 veículos.
De um ponto de vista global, a empresa de consultoria Boston Consulting Group prevê que até 2030 a frota de veículos elétricos plugáveis e à bateria aumentará 160 vezes, chegando a cerca de 507 mil unidades circulando nas ruas e estradas de todo o mundo.
Não faltam motivos para acreditar que 2023 será ainda melhor para a eletromobilidade. Neste artigo, destaco alguns dos pontos fortes e oportunidades do segmento para este ano.
Fatores que influenciam no crescimento da eletromobilidade
No final de 2022, os veículos elétricos plug-in superaram pela primeira vez a participação de 1% do mercado nacional de veículos. O mais impressionante é que isso foi alcançado sem políticas públicas.
Ao que tudo indica, o Brasil tem potencial para ser referência em eletromobilidade. Segundo o boletim mais recente publicado pelo Ministério de Minas e Energia, a média mundial de fontes renováveis na matriz elétrica é de apenas 28%, enquanto o Brasil tem mais de 85% de sua geração renovável.
Por isso, nossos veículos elétricos apresentam uma emissão de CO2 realmente muito baixa, capaz de acabar com a emissão de outros poluentes nocivos para a população.
Considerando a importância da Agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança), os carros elétricos devem conquistar protagonismo nos próximos anos.
Além do impacto ambiental, a economia na manutenção do carro elétrico também o torna uma opção atrativa para o brasileiro. Abastecer um carro elétrico pode gerar uma economia de 60% no valor em reais por quilometro rodado, em comparação com um veículo movido a combustível fóssil. A manutenção apresenta uma redução de custo de, em média, 30%.
Há também o crescimento de políticas públicas. Diversas prefeituras e estados já isentam os eletrificados do pagamento do IPVA e dos rodízios, por exemplo.
Segundo o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, a formação de ministérios do novo governo federal também demonstra o objetivo de buscar caminhos mais sustentáveis para desenvolver a indústria nacional. É o caso da Secretaria de Economia Verde, anunciada pelo vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin.
O transporte coletivo cada vez mais verde
Outra boa notícia a respeito da eletromobilidade é o crescimento das frotas de veículos elétricos para o transporte coletivo.
No dia 8 de fevereiro, a prefeitura de Cascavel (PR) e o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) assinaram um contrato que garante recursos para a aquisição de 15 veículos elétricos, que serão abastecidos por uma usina fotovoltaica própria do município.
A usina é fruto de um investimento de R$ 25 milhões. Ela possui mais de 5 mil painéis solares, ocupando uma área de cerca de 40 mil metros quadrados.
Além de representar inovação da mobilidade e sustentabilidade, a economia estimada de R$ 260 milhões em combustíveis em 25 anos deve ser revertida em queda de preço da tarifa dos ônibus, sem falar na redução do custo operacional do sistema.
Descarbonização é uma necessidade
Um grande desafio é reduzir o apelo brasileiro pelo etanol. O mundo caminha para a predominância dos carros elétricos, e é preciso que nosso mercado se prepare para acompanhar a mudança.
Isso se torna nítido quando olhamos para o exemplo da Europa, que determinou o fim das vendas de carros à combustão até 2035.
Os EUA seguem um caminho similar, estimando que até 2030 já terão pelo menos 50% do mercado eletrificado. Cerca de 3% do mercado global já está empenhado em aderir à eletromobilidade.
Desafios da infraestrutura
Uma razão para o crescimento da frota de veículos elétricos nos EUA foi a atuação do governo para fomentar uma estrutura pública de carregamento. Locais próprios para carregamento público são essenciais para massificar a adoção desta inovação.
Porém, o Brasil ainda dispõe de poucos locais para carregamento público, e grande parte destes carregadores são do tipo carga lenta, que pode levar horas. Com o consumidor acostumado à realidade da gasolina e etanol, em que encontram facilmente os postos de combustíveis que demoram no máximo 5 minutos para abastecer, essa transição pede uma adaptação mais leve. O mercado precisa crescer em opções de carregadores rápidos e ultra rápidos.
Conclusão
Diante das oportunidades e desafios da eletromobilidade, fica a expectativa de que a Secretaria de Economia Verde tenha um trabalho significativo na expansão dos veículos elétricos, criando novas formas de incentivo e tornando menos custosa a aquisição e o uso dos VEs.
Da parte do mercado de energia solar, precisamos avançar em tecnologias para o carregamento cada vez mais rápido e eficiente, garantindo assim a melhor experiência para o consumidor. Que possamos dar o devido valor a este segmento de potencial tão otimista e transformador.
As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.
Uma resposta
Comparando o consumo energético de veículos elétrico e à combustão (dois SUVs), ambos com 150 cv de potência, com base nas informações dos fabricantes, a economia para abastecer um carro elétrico em R$/km seria bem superior à 60%. Veículo à combustão: R$ 0,47/km x Veículo elétrico: R$ 0,11/km. Veja publicação em nosso Instagram: @maisolarenergia.