Emissões elétricas no Brasil devem crescer 54% até 2060, alerta Aurora

Para consultoria, país precisa criar estrutura de mercado que incentive soluções como hidrelétricas e armazenamento
3 minuto(s) de leitura
Emissões do setor elétrico devem aumentar 54% no Brasil até 2060, alerta Aurora
O Brasil deve se tornar um emissor maior que a Grã-Bretanha até 2047. Imagem: Pixabay

As emissões de carbono do setor elétrico brasileiro devem aumentar 54% entre 2024 e 2060, chegando a 7,7 gramas de CO2/kWh, apesar dos pesados investimentos em energias renováveis.

O alerta foi feito pela Aurora Energy Research, consultoria em previsões de mercado de energia e análises de investimento. O Brasil deve se tornar um emissor maior que a Grã-Bretanha até 2047.

Atualmente, o setor elétrico britânico emite 26 vezes mais (132 gCO2/kWh) do que o setor brasileiro (5 gCO2/kWh). No entanto, o Reino Unido tem previsão de diminuir as emissões em 112% (-15,9 gCO2/kWh) até 2060. 

De acordo com a Aurora, devido às restrições às hidrelétricas, o setor elétrico brasileiro vai crescer baseado em energia eólica e solar. “O share de capacidade solar e eólica onshore deve aumentar de 21% em 2023 para 54% em 2060”.  

Porém, em função da característica intermitente das fontes renováveis, o sistema vai exigir a contratação de termelétricas para garantir a segurança do abastecimento de eletricidade no Brasil, principalmente nos períodos de baixa produção das energias verdes. 

Segundo a Aurora, no Brasil, “formas de resiliência do sistema carbono neutras, como baterias e usinas hidrelétricas reversíveis, são prejudicadas pela estrutura regulatória atual.

Investimentos nessas tecnologias não são financeiramente atraentes, pois as usinas não são compensadas por fornecer serviços ancilares.

Além disso, faltam mecanismos governamentais para ajudar os investidores a gerenciar os altos custos de desenvolvimento e importação dessas tecnologias”. 

No próximo Leilão de Reserva de Capacidade, previsto para agosto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a especular sobre a possibilidade da participação de tecnologias de armazenamento. No entanto, isso ainda não foi confirmado.

O leilão de capacidade foi o mecanismo criado pelo governo para contratar capacidade para atender à demanda de pico do sistema e quando as renováveis não estão gerando.  

“Em 2021, apenas usinas térmicas participaram e, para o leilão de agosto, apesar de adicionar a possibilidade de expansão de hidrelétricas existentes pela primeira vez, espera-se novamente uma maior expansão dessas usinas”, avaliou a Aurora.

“Além disso, as regulamentações existentes no Brasil criam incertezas, particularmente em relação a tarifas e licenciamento, já que os sistemas de armazenamento têm papéis duplos no consumo e na geração. Isso prejudica o investimento em projetos de armazenamento, limitando sua contribuição para a redução de emissões de carbono e a estabilidade da rede”, completa a consultoria.

Para Inês Gaspar, Gerente de Produto da Aurora, “as térmicas têm um papel importante ao proporcionar flexibilidade e segurança de abastecimento, mas sem regulamentação e sem uma estrutura de mercado que incentive soluções livres de carbono, como hidrelétricas e sistemas de armazenamento, o Brasil corre o risco de atingir emissões de carbono mais altas até 2047 do que as da Grã-Bretanha, divergindo do caminho da Europa para o Net Zero.”

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Imagem de Wagner Freire
Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

Uma resposta

  1. Parabéns pela reportagem. Pelo andar da carruagem o Brasil não vai poder produzir Hidrogênio Verde conforme critérios europeus!!

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