A Indonésia anunciou um plano ambicioso para adicionar 100 GW de capacidade instalada em energia solar em cinco anos, equivalente a quase duas vezes o total instalado hoje no Brasil (cerca de 60 GW).
O projeto inclui 80 GW em minirredes solares com baterias distribuídas em 80 mil vilarejos e mais 20 GW em usinas centralizadas, com foco em expandir o acesso à energia em áreas remotas.
Com território cerca de cinco vezes menor que o Brasil, a Indonésia aposta na energia solar como pilar da sua transição energética. As minirredes serão compostas por sistemas de 1 MW com 4 MWh de armazenamento (BESS), operados pela cooperativa Merah Putih. Já as grandes usinas atenderão tanto à rede principal quanto às regiões isoladas.
Apesar do otimismo, o IESR (Institute for Essential Services Reform) da Indonésia alerta para os desafios de execução desse plano, considerado “desafiador” pelo governo indonésio. A iniciativa ainda está em fase de desenvolvimento, sob responsabilidade de três ministérios indonésios.
“Se implementado de forma eficaz, este projeto se tornará a maior iniciativa de eletrificação rural e programa de geração de energia renovável distribuída no Sudeste Asiático, abordando os desafios de fornecer energia de qualidade, equitativa e acessível para todos os indonésios”, disse o CEO do IESR, Fabby Tumiwa.
No entanto, o executivo salientou que este projeto enfrentará pelo menos três desafios, particularmente nas fases de preparação e implementação, que devem ser superados para o seu sucesso.
Desafios a serem enfrentados
Primeiro, a seleção dos locais das usinas deve levar em consideração as condições geográficas, os requisitos de carga elétrica e garantir a viabilidade técnica e financeira dos 80 mil projetos planejados. Por esse motivo, o envolvimento de universidades, especialmente aquelas com faculdades de engenharia na Indonésia, é considerado essencial.
Em segundo lugar, a construção de uma usina solar de 1 MW e de um BESS de 4 MWh exige pelo menos 30 a 50 trabalhadores com diversos níveis de qualificação, durante um período de 9 a 12 meses, desde a fase de preparação até os testes finais (comissionamento).
A disponibilidade de trabalhadores altamente qualificados e moderadamente qualificados para a construção e o desenvolvimento de usinas solares e sistemas de armazenamento de energia é atualmente muito limitada no país.
Além disso, a disponibilidade é desigual na Indonésia. Para enfrentar esse desafio, o governo avalia que precisa realizar imediatamente uma avaliação das necessidades de mão de obra e preparar instaladores certificados por meio da colaboração com centros de treinamento profissional.
Os programas de treinamento também devem alcançar as comunidades locais próximas aos locais dos projetos para garantir que a força de trabalho recrutada e envolvida seja composta por moradores locais.
Em terceiro lugar, o planejamento e a implementação exigem coordenação entre ministérios, governos locais e partes interessadas, incluindo empresas privadas.
Para tanto, o país entende que precisa transformar este programa em um PEN (Programa Estratégico Nacional) e formar uma força-tarefa composta por elementos que devem estar envolvidos no planejamento e na implementação do programa.
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