Os consumidores do mercado livre de energia devem se preparar para um aumento significativo nos custos a partir de 2026. De acordo com estimativa da ANACE (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), o acréscimo pode chegar a R$ 65 por MWh, o que representa um impacto real entre 5% e 12% nas despesas com energia elétrica.
O principal fator para essa elevação está associado aos efeitos do PLV 4/2025 (originado da Medida Provisória 1.300/2025). A proposta amplia encargos ligados à reserva de capacidade, subsídios para fontes renováveis, descontos em tarifas de distribuição e transmissão e benefícios à geração distribuída, entre outros mecanismos que aumentam os custos repassados aos consumidores.
“A análise reflete uma tendência extremamente preocupante não só de falta de enfrentamento dos problemas do setor elétrico pelo Executivo e o Legislativo, como da criação de novos beneficiários que ampliam as pressões sobre os valores pagos pelos consumidores”, alerta o diretor-presidente da ANACE, Carlos Faria.
O levantamento, elaborado para orientar empresas na previsão orçamentária de 2026, também projeta um impacto adicional de R$ 15 a R$ 20 por MWh relacionado à gratuidade de energia para famílias de baixa renda com consumo mensal de até 80 kWh.
Outro ponto de atenção é o custo adicional com a energia de Angra I e II, estimado entre R$ 7 e R$ 12 por MWh, além da isenção da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) para os consumidores de baixa renda, que deve acrescentar de R$ 0,50 a R$ 1 por MWh às tarifas dos demais usuários.
Embora reconheça a relevância social das políticas de acesso à energia, Faria destaca que o aumento das despesas para as empresas têm efeitos econômicos amplos. “É inegável a importância do aumento dos benefícios para os consumidores de baixa renda. Mas não se pode ignorar a gravidade do impacto desses benefícios para as empresas”, reforça Faria, lembrando que a ampliação do custo da energia justamente é prejudicial para a sustentabilidade dos negócios, com efeito direto sobre a geração de empregos, o crescimento da economia brasileira e recai sobre os preços dos produtos e serviços, com impacto inflacionário.
A ANACE também chama atenção para fatores estruturais que podem manter a tendência de alta nos próximos anos, como a expansão do mercado livre, a prorrogação de contratos do Proinfa e o avanço acelerado da geração distribuída, elementos que podem adicionar entre R$ 4 e R$ 8 por MWh aos custos finais dos consumidores.
Todo o conteúdo do Canal Solar é resguardado pela lei de direitos autorais, e fica expressamente proibida a reprodução parcial ou total deste site em qualquer meio. Caso tenha interesse em colaborar ou reutilizar parte do nosso material, solicitamos que entre em contato através do e-mail: redacao@canalsolar.com.br.