O Energyear Brasil 2025 reuniu especialistas do mercado fotovoltaico para discutir as perspectivas do segmento de armazenamento de energia e a evolução das baterias no país.
O evento, que aconteceu nos dias 5 e 6 de fevereiro no Sheraton São Paulo WTC Hotel, abordou a importância da tecnologia para a estabilidade da rede elétrica, os desafios regulatórios e as oportunidades de expansão no Brasil.
Entre os destaques, os profissionais enfatizaram o avanço das baterias de lítio, a necessidade de profissionalização do setor e o potencial das aplicações no agronegócio e em comunidades isoladas.
Evolução das baterias e crescimento da demanda
Mauro Fernando Basquera, gerente de Engenharia LATAM da Sungrow, destacou a evolução das baterias de lítio e sua importância no mercado de armazenamento. Ele explicou que, assim como os módulos fotovoltaicos, as baterias continuam avançando em eficiência e capacidade.
“Quando comecei a trabalhar na Sungrow, utilizávamos células de 280 A. Agora, estamos com células de 314 A e, no próximo ano, trabalharemos com células de 600 A”, disse.
Basquera também apresentou dados do Plano da Operação Energética 2024, que prevê um crescimento da carga do Brasil de 3,3% ao ano e uma demanda instantânea de 120 GW até 2028. Atualmente, a maior demanda registrada foi de 102 GW, em janeiro de 2025.
Baterias como tecnologia avançada e não commodity
Andrey Oliveira, diretor de Soluções da Huawei Digital Power Brazil, reforçou que baterias não são commodities, mas sim produtos com alta tecnologia embarcada. Ele ressaltou que há dois aspectos fundamentais a serem considerados: a tecnologia do sistema de armazenamento e a tecnologia do PCS (Power Conversion System), que faz a interação entre diferentes fontes de energia.
“Diferentemente do inversor, que trabalha seguindo a rede e fornecendo potência, o PCS precisa responder ativamente às demandas da carga. Isso significa que a escolha do equipamento adequado para cada aplicação deve ser feita com uma avaliação técnica criteriosa”, afirmou.
Ele citou como exemplo o setor agrícola e as microrredes, que exigem equipamentos robustos para lidar com diferentes condições operacionais. Oliveira destacou a necessidade de desumidificadores em ambientes como a Amazônia, onde a umidade elevada pode comprometer a durabilidade dos equipamentos.
“Outro ponto crítico é a resposta do PCS a afundamentos de tensão e transientes elétricos, que ocorrem, por exemplo, no acionamento de motores. Alguns equipamentos trabalham no modo de geração de tensão, mas não conseguem responder rapidamente a essas variações, o que pode comprometer a estabilidade do sistema”, explicou.
Armazenamento de energia e impacto na infraestrutura elétrica
O executivo da Huawei também ressaltou o impacto positivo do armazenamento de energia na infraestrutura elétrica, ajudando a postergar investimentos em distribuição e reduzindo a necessidade de grandes obras.
“O BESS (Battery Energy Storage System) pode ser uma solução eficiente para otimizar o sistema elétrico sem a necessidade de licenciamentos ambientais complexos ou construção de novas linhas de transmissão”, relatou.
Ele defendeu ainda maior envolvimento da academia e a realização de estudos sobre os benefícios do armazenamento para o setor elétrico, destacando que a disseminação do conhecimento é essencial para acelerar a adoção da tecnologia no Brasil.
Brasil ainda está em estágio inicial na adoção das baterias
Já Ricardo Marchezini, Country Manager Brazil da Risen Energy, pontuou que o tema das baterias ainda é relativamente novo no Brasil, mas que o momento atual é crucial para demonstrar a expertise das empresas que dominam essa tecnologia.
“Nosso mercado ainda está em estágio inicial, enquanto países como Estados Unidos, Europa, Austrália e Chile já possuem um nível mais avançado de implementação. Precisamos direcionar esforços para capacitação e parcerias estratégicas, para que o Brasil possa evoluir nesse segmento”, frisou.
Potencial do armazenamento no agronegócio e sistemas isolados
André Sá, gerente de Vendas da Canadian Solar, trouxe dados sobre a necessidade de armazenamento para sistemas isolados e aplicações no setor agrícola. Ele destacou que o Brasil tem 271 cidades atendidas por usinas termelétricas e que a meta é reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
“Nosso objetivo é desligar os geradores a diesel e migrar para soluções mais sustentáveis. No setor de irrigação, um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que 55 milhões de hectares no país já têm disponibilidade hídrica para sistemas de irrigação, mas ainda não contam com infraestrutura elétrica adequada. Cada hectare necessita de aproximadamente 1 kW de potência, o que representa um mercado potencial de 100 GWh para sistemas de armazenamento”, explicou.
O gerente reforçou que, mesmo em áreas conectadas à rede elétrica, o fornecimento pode ser insuficiente para atender à demanda, tornando as soluções de baterias essenciais para garantir a estabilidade energética.
Sá também destacou a importância da capacitação profissional para o desenvolvimento do setor. “O mercado está crescendo rapidamente, e há uma grande necessidade de profissionais qualificados para atuar com sistemas de armazenamento de energia. Quem investir em conhecimento e especialização terá grandes oportunidades nesse segmento”, finalizou.
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Uma resposta
Deveriam apresentar sistemas, projetos básicos e projetos detalhamentos de: Baterias de Íon-Lítio (Li-ion), de Baterias de Íon-Lítio e Fluxo de Vanádio, de baterias de estado sólido, lítio-enxofre, de Baterias de Íon-Lítio e Sistemas Híbridos entre outras!
Entendo, “acredito” que projetos praticis e simples ajudariam muito a s empresas brasileiras.