O fake power, módulos que entregam menos potência do que declaram, compromete há anos a confiança do consumidor, distorce a concorrência e prejudica especialmente quem atua com seriedade técnica.
Em determinados períodos, estimativas já apontaram que essa prática chegou a representar quase 30% do mercado, tornando a deslealdade uma vantagem competitiva real.
Depois de tentativas frustradas ao longo dos anos, INEL e Inmetro conseguiram, pela primeira vez, tirar o tema do discurso e colocá-lo na prática: um equipamento dedicado, um protocolo de ensaios, um fluxo de fiscalização real e um modelo operacional que começou a produzir resultados concretos. É, de fato, um avanço inédito para o mercado.
Mas esse avanço não se sustenta sozinho.
A continuidade do programa exige agora um gesto simples, responsável e imediato: um compromisso pragmático dos atores que serão diretamente beneficiados pela implementação de mecanismos que possibilitem um ambiente de concorrência transparente, recompensando empresas e produtos que cumprem o que prometem a seus consumidores.
Tal compromisso difere de outras proposições dadas pelo mercado e que visavam endereçar os desafios e ações necessárias à vigilância de mercado, mas que esbarravam em compromissos e complexidades que impossibilitaram maior participação.
Desta forma, o programa foi redesenhado para ser viável e proporcional ao tamanho do problema, considerando sua real relevância para o setor.
É imprescindível que seja reconhecido o papel do INEL em todo o processo, conduzindo as etapas iniciais com espírito público, senso de urgência e esforço institucional genuíno, traduzindo as demandas e anseios de todo o segmento em um esforço que resultou em uma proposta inovadora, com objetivos e resultados em completa consonância com os anseios do mercado.
Neste contexto, ainda que a entidade tenha atingido o limite de sua capacidade técnica e orçamentária, o programa entregou ao país a primeira estrutura real de enfrentamento ao fake power.
Sem esse movimento, o Brasil continuaria sem instrumentos práticos que possibilitassem a identificação dos inúmeros problemas que estavam sendo relatados.
Agora, porém, não existe outra alternativa a não ser chamar à responsabilidade os fabricantes diretamente interessados, muitos dos quais permaneceram distantes dessa discussão até aqui — seja por falta de atenção, seja por conforto em relação ao status atual do mercado.
Se o setor não consolidar esse apoio agora, o programa não se sustenta a partir de janeiro, com risco de retomada de um ambiente desalinhado aos princípios e valores pretendidos : competição desorganizada, práticas que beiram o imoral, prejuízo ao consumidor e insegurança para os fabricantes sérios que mantêm equipes no país, recolhem impostos e investem para competir de forma limpa.
O setor pediu uma solução durante anos — e ela existe. Está funcionando. O que falta é decidir se ela terá continuidade ou se volta ao papel.
O INEL expressa todo seu reconhecimento a todos que participaram das etapas iniciais desse grandioso projeto, e mesmo com adversidades e ferramentas limitadas, avançou na condução de iniciativa tão relevante para o setor, com trabalho conjunto de seus integrantes, de sua Secretaria de Indústria e Comércio e das empresas que acreditaram ser possível modificar o cenário anteriormente existente.
Fizemos tudo o que era possível fazer. Avançamos onde ninguém avançou. Entregamos o que muitos acreditavam ser inalcançável.
Se este compromisso não for renovado e as próximas etapas não sejam viabilizadas, teremos cumprido nosso papel em estabelecer um novo marco, que será lembrado pela perseverança e dedicação daqueles que estiveram à frente por todo o processo.
Qualquer decisão equivocada daqui para frente — inclusive a omissão — imputará exclusivamente aos fabricantes que permaneceram distantes deste esforço a responsabilidade por devolver o mercado ao caos, às más práticas e à concorrência desleal.
Agora é a vez dos verdadeiros interessados assumirem o seu papel.
A escolha é do próprio setor — e ela precisa ser feita agora.
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