Um estudo publicado pelo Global Carbon Budget retrata uma realidade dura diante dos esforços para diminuir a emissão de carbono. Segundo o relatório, as emissões de CO₂ provenientes de fontes fósseis devem aumentar 1,1% em 2025.
Apesar de a transição energética ter se tornado uma preocupação e um dos principais objetivos em escala global, o estudo mostra que, mesmo com o avanço, as medidas tomadas ainda não são suficientes para compensar o crescimento da demanda por energia.
O estudo foi realizado em cooperação com diversas universidades e mais de 90 outras instituições ao redor do mundo, sendo publicado juntamente com um novo artigo na revista Nature, intitulado “Emerging climate impact on carbon sinks in a consolidated carbon budget” (Impacto climático emergente nos sumidouros de carbono em um orçamento de carbono consolidado).
Desmatamento: 4 bilhões de toneladas de CO₂ por ano
Segundo a pesquisa, o desmatamento é um dos principais responsáveis pelo aumento da emissão de gases. Com a diminuição dos sumidouros, ecossistemas capazes de absorver o CO₂ da atmosfera, a tendência é que o nível de emissão aumente.
Corinne Le Quéré, pesquisadora da Royal Society na Escola de Ciências Ambientais da UEA, aponta a necessidade de medidas imediatas:
“Os esforços para enfrentar as mudanças climáticas são visíveis, com 35 países conseguindo reduzir suas emissões enquanto fazem suas economias crescerem, o dobro do número de uma década atrás, e com progresso importante na redução da dependência de combustíveis fósseis em outras regiões.
Ainda assim, o progresso é frágil demais para se traduzir em quedas sustentadas nas emissões globais necessárias para enfrentar as mudanças climáticas. Os impactos emergentes das mudanças climáticas sobre os sumidouros de carbono são preocupantes e reforçam a necessidade de ação urgente”, declara.
O resultado da pesquisa conclui que o enfraquecimento dos chamados sumidouros foi responsável por um aumento de 8% na concentração de CO₂ desde 1960.
Glen Peters, pesquisador sênior do CICERO, afirmou:
“Faz 10 anos desde que o Acordo de Paris foi negociado e, apesar do progresso em muitas frentes, as emissões de CO₂ fósseis continuam a crescer implacavelmente. As mudanças e variabilidades climáticas também estão afetando visivelmente nossos sumidouros naturais de carbono. Está claro que os países precisam elevar seu nível de ambição. Agora temos fortes evidências de que tecnologias limpas ajudam a reduzir emissões, sendo economicamente competitivas em relação às alternativas fósseis.”
Orçamento no limite
O estudo mostra que alguns países devem aumentar, ainda este ano, o nível de emissão: China (+0,4%), Índia (+1,4%), Estados Unidos (+1,9%) e União Europeia (+0,4%). No cenário de transportes, as emissões devem crescer 6,8% na aviação internacional, ultrapassando os níveis pré-COVID, mas deve manter-se estável no transporte marítimo.
Entre os anos de 2015 e 2024, o desmatamento permanente foi responsável por cerca de 4 bilhões de toneladas de CO₂ por ano. Diante desses números, a pesquisa mostra que o orçamento de carbono restante para limitar o aquecimento global a 1,5°C está praticamente esgotado, levando em consideração os níveis de emissão projetados para 2025.
Até o momento, restam 170 bilhões de toneladas de CO₂, que, em teoria, seriam suficientes para manter a meta climática de 1,5°C. No entanto, os especialistas acreditam que essa já não é mais uma realidade alcançável.
“Com as emissões de CO₂ ainda aumentando, manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C não é mais plausível”, afirma o professor Pierre Friedlingstein, do Global Systems Institute da Universidade de Exeter, que liderou o estudo.
“O orçamento de carbono restante para 1,5°C, de 170 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, será esgotado antes de 2030, no ritmo atual de emissões. Estimamos que as mudanças climáticas agora estão reduzindo os sumidouros combinados de terra e oceano, um sinal claro do Planeta Terra de que precisamos reduzir drasticamente as emissões”, completou o estudo.
Até o final de 2025, o Global Carbon Budget prevê 38,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) provenientes de combustíveis fósseis.
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