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“Grande entrave para abertura de mercado é que ninguém quer ceder”, desabafa Tili

Declaração do diretor da ANEEL ocorreu durante evento em São Paulo promovido pelo escritório de advocacia Lefosse
“O grande entrave para abertura de mercado é que ninguém quer ceder”, desabafa Tili
Ricardo Tili durante participação no Lefosse Energy Day 2024. Imagem: Divulgação/Lefosse

Em tom de desabafo, Ricardo Tili, diretor da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), afirmou durante participação em um evento em São Paulo que o grande entrave para abertura do mercado livre de energia para baixa tensão são os próprios agentes, que não querem abrir mão dos seus atuais benefícios. 

“A gente precisa ter um pouco de sensibilidade para discutir o setor elétrico como um todo e não setorialmente. Acho que o grande entrave para abertura de mercado é porque ninguém quer ceder, cada um com o seu mercado. Quero que abra o mercado, mas quero continuar com o meu subsídio”, disse durante o Lefosse Energy Day, na quinta-feira (8).

O tema surgiu quando o mediador do debate, Raphael Gomes, sócio do escritório de advocacia Lefosse, questionou os painelistas sobre quais seriam as prioridades para abertura do mercado livre. 

Fabiola Sena, CEO da Fset, consultoria boutique em regulação, mercado e estruturação de projetos, disse que dois problemas que precisam ser resolvidos: construir uma solução para os contratos legados e pensar na adequação do suprimento de energia, uma vez que a expansão a geração atualmente é guiada pelo Mercado Livre

“80% da expansão do setor está guiada pelo mercado livre. Esse mercado não vai contratar térmica, não vai contratar PCHs, então será só solar e eólica. E isso é um problema, porque tecnicamente precisamos garantir que todas as cargas sejam atendidas de forma plena em situações, por exemplo, de pré-racionamento”, disse a consultora. 

Para o diretor da ANEEL, a solução para expansão segura do mercado de energia passa pela sinalização adequada de preço. “O sinal de preço correto garante a expansão equilibrada”, disse Tili. 

O modelo de comprar megawatt e vender megawatt tem que mudar. A energia tem que ser valorada pelo atributo. A energia solar não entrega a mesma energia que a térmica, a eólica e a hidrelétrica”, acrescentou o regulador. “Não posso ter a energia com o mesmo preço às 14h, às 8h e às 18 horas”, complementou.

Tili explicou que hoje o sistema elétrico convive com uma rampa de carga de 40 GW em 1h. “O que está fazendo essa rampa é a geração solar, quando ela sai tá entrando a iluminação pública.” “Não adianta ficar expandindo só com solar e eólica que o [sistema] vai cair”, afirmou. 

“A solar e a eólica não custa o preço que está vendendo hoje. A GD [geração distribuída] não pode dar 30% de desconto na tarifa do consumidor cativo porque não para de pé. Vou só aumentando o encargo e mudando a maneira de dividir a conta”. 

“A ABRACEEL tá aqui para defender a comercialização, a Elbia [Gannoum] vai defender a eólica, o Rodrigo [Sauaia] vai defender a solar, mas o setor elétrico não vive de uma fonte”, declarou Tili. 

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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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