Migrações pelo modelo varejista caem em 2025, diz CCEE

Movimento não representa perda de atratividade, mas sim um estágio de maturação do setor, avalia diretor da Armor Energia
Migrações pelo modelo varejista caem em 2025, diz CCEE
Foto: Canva

O número de migrações de unidades consumidoras para o Mercado Livre de Energia — por meio do modelo varejista — vem diminuindo gradualmente ao longo de 2025, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

Neste ano, foram registradas 2.349 migrações em janeiro, 2.044 em fevereiro, 1.785 em março e 1.790 em abril, quando o volume se manteve estável. A partir daí, o ritmo entrou em retração contínua: 1.626 em maio, 1.513 em junho, 1.252 em julho e 1.133 em agosto, conforme o último boletim divulgado.

Em 2024, o cenário havia sido o oposto — as migrações cresceram mês a mês entre janeiro e agosto, impulsionadas por um ambiente de preços mais competitivos e pelo otimismo com a abertura do mercado.

Fonte: CCEE

Apesar da queda nos números, Fred Menezes, diretor de Trading da Armor Energia, destaca que o movimento atual não representa perda de atratividade, mas sim um estágio de maturação do setor.

O profissional explica que a desaceleração reflete a elevação estrutural dos preços da energia, mas reforça que o ACL (Ambiente de Contratação Livre) continua sendo uma alternativa sólida tanto para grandes consumidores do Grupo A quanto para empresas de menor porte.

“Mesmo com o cenário de preços mais elevados, a migração continua ocorrendo, pois o Mercado Livre oferece alternativas que permitem um planejamento energético mais eficiente, além de possibilidades reais de economia e flexibilidade contratual. É uma alternativa vantajosa para empresas que buscam gestão estratégica de energia”, destaca Menezes. 

O executivo destaca ainda que o aumento do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) máximo para 2025 — fixado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) em R$ 751,73/MWh, o maior desde a implementação do modelo atual — ilustra o novo patamar de custos do setor.

A diversificação da matriz elétrica, com maior participação de fontes renováveis intermitentes, térmicas flexíveis e sistemas de armazenamento, tem elevado os custos médios de operação. Além disso, o vencimento de outorgas de usinas incentivadas e encargos setoriais adicionam novas pressões tarifárias.

Mercado segue atrativo e mais exigente

Mesmo com esse contexto de preços mais altos, o Mercado Livre de Energia segue atrativo. Menezes observa que há uma busca crescente por contratos de preço fixo ou com desconto garantido sobre a tarifa regulada, que oferecem previsibilidade em meio à volatilidade do setor.

“A postura do mercado hoje é de cautela. Consumidores e comercializadoras estão mais atentos à gestão de riscos e às mudanças regulatórias. Mas esse comportamento é sinal de amadurecimento, não de retração. O mercado livre está mais exigente”, avalia Menezes.

Fred Menezes, diretor de Trading da Armor Energia. Foto: LinkedIn/Reprodução

Além do fator econômico, o ACL tem se consolidado como ferramenta estratégica para diversificação de fornecedores, aquisição de energia renovável e fortalecimento das metas ESG das empresas.

A Medida Provisória 1.304, em tramitação no Congresso Nacional, prevê a abertura gradual do mercado para todos os consumidores, o que deve ampliar a base de adesões nos próximos anos.

“Hoje, é fundamental incorporar análises de risco, flexibilidade contratual e visão de longo prazo para tomar decisões assertivas. Quem se antecipa às mudanças sai na frente”, conclui Menezes.

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Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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