O Portal do Hidrogênio já está disponível para, entre outros serviços, consultas sobre projetos, regulação e legislação desse esse setor que, ao poucos, começa a tomar forma no Brasil e tem potencial para movimentar consideravelmente a economia do país nos próximos anos.
Lançada oficialmente nesta terça-feira (22) pelo MME (Ministério de Minas e Energia) e EPE (Empresa de Pesquisa Energética) a plataforma visa organizar e compartilhar informações estratégicas sobre esse mercado.
O evento, realizado no Auditório da EPE, marca também o cumprimento de um compromisso assumido pelo Brasil no Diálogo de Alto Nível em Energia da ONU em 2021.
O presidente da EPE, Thiago Prado, destacou a relevância do hidrogênio na descarbonização da economia brasileira. Ele sinalizou que, nos cenários selecionados para quantificação no Plano Nacional de Energia 2055, “a presença do hidrogênio é uma constante”.
O portal foi construído como uma plataforma aberta para orientar decisões, fornecendo dados, estatísticas, marcos regulatórios e projetos em andamento, ajudando a separar “fato de opinião”, disse.
Prado ressaltou que o lançamento não é um ponto final, mas sim “uma largada para uma nova fase,” que exige o engajamento contínuo para manter o portal vivo e aprofundar as análises.
Marta Carvalho, especialista sênior do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), explicou que a criação do portal foi resultado de uma cooperação técnica financiada pelo programa UK-SIP.
Ela afirmou que o BID apoia o Brasil no desenvolvimento da descarbonização da indústria, sendo o hidrogênio um dos caminhos. A instituição lidera, ainda, o plano de investimento aprovado pelo CIF (Climate Investment Fund) voltado para essa área.
Karina Sousa, diretora de Transição Energética do MME, detalhou que o PNH2 (Programa Nacional de Hidrogênio) busca tornar o hidrogênio de baixa emissão de carbono competitivo, posicionando-o como uma alternativa para os setores de difícil abatimento de emissões.
A estratégia do PNH2, que estrutura o portal, visa consolidar o Brasil como o produtor mais competitivo e ter “hubs de hidrogênio” até 2035. Esses hubs são definidos como concentrações estratégicas de produção, demanda e capacidade de exportação em um mesmo local para compartilhamento de infraestrutura.
O assessor da diretoria da EPE, Jeferson Soares, explicou que a plataforma não é “apenas mais um site,” mas busca reduzir a assimetria de informação, fornecendo disponibilidade abrangente de dados, normas técnicas, legislação e estágios dos projetos. Ele comentou que, embora o resultado final pareça simples e intuitivo, “simplificação dá trabalho mesmo”.
Na demonstração das funcionalidades, Rodrigo Guimarães, Analista de Pesquisa Energética da EPE, mostrou que o portal está estruturado em torno dos seis eixos do PNH2 e foca na experiência do usuário.
Ele destacou as ferramentas interativas como o mapa de projetos, que exibe o potencial técnico e o status dos empreendimentos cadastrados, e o Mapa de Conhecimento, que lista instituições de ensino e pesquisa. O site possui versões em inglês e espanhol, com tradução automática.
Apesar da iniciativa do governo, o setor de hidrogênio ainda enfrenta desafios no Brasil. Um levantamento da Cela (Clean Energy Latin America) indica 111 potenciais projetos de hidrogênio verde no país.
O principal entrave é a ausência de regulamentação da Lei 14.990/2024, que prevê R$ 18 bilhões em incentivos fiscais entre 2028 e 2032. Essa regulamentação é considerada essencial para destravar projetos, garantindo segurança jurídica aos investidores que já protocolaram cerca de R$ 180 bilhões em potencial de investimentos no MME.
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