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Excesso de oferta na China leva fabricantes à falência ou processo de reestruturação

Cenário destaca importância da escolha por empresas com solidez no setor
4 minuto(s) de leitura
Excesso de oferta na China leva fabricantes à falência ou processo de reestruturação
Empresas menores estão vendendo painéis a qualquer preço e desaparecendo do mercado. Foto: Freepik

Um número crescente de fabricantes chineses de equipamentos fotovoltaicos estão quebrando ou entrando em processos de reestruturação financeira na China, em meio a um cenário de excesso de oferta e guerra de preços na indústria, segundo reportagem da Bloomberg.

Uma subsiidária da Zhejiang Akcome New Energy Technology foi a mais recente a pedir equivalência à falência na China, quando foi ordenada por um tribunal a realizar um processo de reorganização depois de um credor disse que a fabricante “não era capaz de pagar dívidas” e claramente “não tinha solvência”.

Em 30 de abril, os ativos da Zhejiang Akcome Photoelectricity Technology totalizavam 2,513 bilhões de yuans (US$ 346,4 milhões) e as dívidas eram de 1,562 bilhão de yuans, de acordo com o registro na Bolsa de Valores de Shenzhen.

A quebra da Akcome ocorre depois que outro fabricante menor, a Gansu Golden Solar, entrou em processo de pré-reorganização no início de julho. 

“A gente acompanha no dia a dia isso, inclusive vamos muitas vezes para a China justamente pra entender como funciona. E nos últimos dois anos temos visto realmente um excesso de oferta. Hoje, a capacidade de produção de células na China é praticamente o dobro da necessidade global”, disse Sérgio Polesso, fundador da PHB.

Muita gente lá está desesperada, vendendo a qualquer preço. E, pra não perder muito dinheiro, estão usando células de qualidade B e C e vão ter uma deterioração muito grande em pouco tempo. Em cinco, seis anos, a produção pode cair até 50%”, relatou.

Segundo o executivo, o cenário na China reflete muito no Brasil. “Você comprava um módulo a 0,25 centavos de dólar o watt, isso no início de 2023. Atualmente, está 0,075. A gente sabe que o custo de produção é bem mais alto do que isso. Então, está realmente uma competição muito grande”.

“Os pequenos na China compraram estoque e precisam se desfazer disso para pagar algumas contas e cair fora do mercado. Já os grandes conglomerados, normalmente, não trabalham só com placa solar, trabalham com outros produtos, vem de outro tipo de indústria que sustenta o negócio deles”, explicou. 

Portanto, conforme Polesso, para as empresas pequenas, marcas alternativas que tem no país, é muito complicado. “Eles estão vendendo a qualquer preço, fazem caixa e desaparecem, e vão desaparecer muitos”.

“Você tem que considerar também que 5% da produção global é adquirida pela própria China e o país agora deu uma recuada. O governo chinês, que é o grande comprador e está com excesso de estoque, também diminuiu o volume de compra”, acrescentou. 

De acordo com ele, no mercado brasileiro está basicamente a mesma coisa. “Vemos um monte de gente importando coisas muito baratas, sem qualidade, criando uma guerra desleal aqui”.

“O cliente final não conhece [a energia solar]. Não é quando ele vai comprar uma geladeira, no qual conhece as marcas, mas só que ele está esquecendo que há equipamentos eletrônicos que vão dar defeito”, concluiu o fundador da PHB.

Diante desse cenário, o que fazer?

Felipe Santos, diretor Latam da DAH Solar, ressalta a importância da escolha do fabricante no momento do projeto de um sistema fotovoltaico. “Os aspectos de qualidade são sem dúvida importantíssimos, mas olhar para longevidade da empresa cada vez mais passa a ser crucial. Estamos falando de sistemas que tem durabilidade de 30 anos, desta forma a parceria com o fabricante deve ser proporcional a este período.” 

Santos destacou ainda aspectos a serem avaliados no momento da decisão. “É fundamental verificar se a companhia tem tradição no segmento, há quanto tempo foi fundada, se tem produção verticalizada, há quanto tempo está presente no mercado brasileiro, a relevância do setor solar brasileiro para este fabricante e a presença de estrutura local com time local – aspectos simples mas valiosos neste momento de decisão”.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

2 respostas

  1. na minha opinião eu prefiro mesmo a Energia Solar, mesmo com esses comentários falsos. estou muito satisfeita com nossa Energia Solar, foi a melhor e econômica do Brasil.

  2. Excelente a abordagem, pois num mercado extremamente competitivo, existem muitos fabricantes com o menor preço, mas com qualidades bem inferiores, e que certamente irão penalizar a produtividade na geração e em pouco tempo.
    E quem não conhece este mercado priorizando apenas o custo imediato na aquisição, acabará entendendo da pior forma.

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