Painel solar se desprende de telhado e atinge carro durante temporal

Episódio apenas reforça a importância do uso correto das estruturas de fixação para sistemas fotovoltaicos
Painel solar se desprende de telhado e atinge carro durante temporal
Painel solar ficou caído no canteiro da avenida. Foto: Nathalia Alcântara/Midiamax

Duas mulheres precisaram do apoio do Corpo de Bombeiros após um painel de energia solar cair sobre o carro em que trafegavam por uma avenida de Campo Grande (MS) no final da tarde desta quinta-feira (20). 

O equipamento se soltou do telhado de uma instalação durante o temporal que atingiu a capital sul-mato-grossense e outras cidades do estado, que estão sob alerta do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Nesta semana, as rajadas de ventos ultrapassaram a barreira dos 80 km/h em Campo Grande. Houve registro de bairros sem energia elétrica, além da queda de um transformador na região central da cidade. 

As duas mulheres não ficaram feridas, apesar do estrago causado no veículo. O painel de energia solar, por sua vez, foi parar no canteiro da avenida. 

De acordo com profissionais ouvidos pelo Canal Solar, o episódio reforça a importância do uso correto das estruturas de fixação para sistemas fotovoltaicos. 

Gustavo Lopes, engenheiro civil de Estruturas na SSM, destaca que no Brasil há normas que regem a instalação das estruturas de fixação.

Entre elas, o profissional destaca:

  • NBR 6.123: abrange as considerações sobre as forças devidas ao vento em edificações no Brasil;
  • NBR 8.800: estabelece os requisitos básicos que devem ser obedecidos no projeto de estruturas de aço e estruturas mistas;
  • NBR 14.762: prevê o dimensionamento de estruturas de aço perfis formados a frio. 

Segundo ele, se a instalação tivesse seguido as normas previstas um módulo jamais teria se desprendido de um telhado nestas situações (ventos de até 80 km/h). “Provavelmente, pode ter ocorrido um erro no dimensionamento da estrutura, falhas de projeto ou falhas na execução da instalação”, comentou. 

Já Raphael Vaz, engenheiro de produtos da 2P, destaca que todos os projetos tem seus pré-requisitos, nos quais os manuais de instalação e as determinações dos fabricantes precisam ser seguidos. 

“Se um fabricante ‘A’ recomenda as boas práticas para um determinado tipo de material, não é a mesma coisa que o fabricante ‘B’. Então, o instalador precisa ler os manuais de instalação para saber como proceder e qual o jeito certo de instalar cada uma das estruturas. Cada manual precisa ser seguido à risca”, enfatizou. 

O profissional destaca também que o mercado brasileiro ainda carece de bons produtos e que o número de empresas qualificadas ainda é baixo.

“Muito se fala sobre a escolha de um módulo de alta eficiência e inversores que não deem pane no sistema, mas pouco se fala sobre os produtos que sustentam uma instalação e fazem com que ela fique de pé por mais de 25 anos”, afirmou. 

“No Brasil, existe um mercado dos serralheiros e metalúrgicos que fazem uma estrutura alternativa, que em muitos casos não é boa, porque não se coloca para eles nenhuma orientação sobre exposição de ventos e afins. Além das boas práticas é importante que se escolha equipamentos de qualidade”, ressaltou Vaz. 

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.
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