Projeto prevê otimizar produção de energéticos em plataforma integrada

Participação no LRCAP pode ser ponto de partida para início de construção de planta piloto.
Projeto prevê otimizar produção de energéticos em plataforma integrada
Foto: Freepik

Consórcio de empresas com sede no Ceará desenvolve protótipo de plataforma que vai integrar a geração de energéticos diversos. A oferta ao mercado será balanceada em linha com a sazonalidade da demanda comercial de cada tipo de produto. O modelo de operação foi batizado pelos empreendedores de Migma Energy.

Em fase de estudos, uma planta piloto – Prova de Execução – prevê combinar, em um único site e a depender das condições na região onde estiver localizado, produção de hidrogênio verde, geração de energia em usina termoelétrica, fabricação de metanol verde, de amônia, e de combustível sustentável de aviação (SAF), entre outras possibilidades.

Com investimentos iniciais calculados numa faixa entre R$ 450 milhões a R$ 600 milhões e construção estimada em cerca de três anos – contados a partir da obtenção dos recursos -, a planta piloto poderá ter o Leilão de Capacidade na forma de Potência (LRCAP) como estímulo inicial.

Isso, caso saia vencedora nesse certame a ser programado pelo governo, mas que ainda não tem edital e nem data prevista para realização, embora seja uma das principais demandas do setor elétrico.

Mix de fontes

O complexo pioneiro poderá contar com uma configuração que inclui um eletrolisador de 100 MW de capacidade, para produção de hidrogênio, enquanto que a usina seria equipada com turbinas que, juntas, somariam de 100 a 120 MW, podendo chegar a 200 MW. A modularização é um dos objetivos, permitindo fases de implementação.

O consórcio está em negociações com fornecedores de equipamentos e também com investidores para a captação dos recursos necessários aos empreendimentos, o que inclui agentes internacionais, embora não haja interesse na exportação de hidrogênio. O foco é o mercado local.

Nordeste prioritário

A usina termoelétrica da Migma Energy deverá ser multicombustível. Vai operar com hidrogênio e gás natural, o que tende a definir a região do Porto de Pecém (CE) como local mais provável para a instalação do projeto piloto.

Embora o modelo de plataforma tenha sido criado para operar em qualquer lugar do país que apresente condições para tanto, estados como Piauí, Pernambuco e Ceará são tidos como candidatos favoráveis a replicar a plataforma, destaca Adão Linhares, presidente da Energo, empresa que encabeça o consórcio também formado pela BFA Finanças e Negócios, Ceneged, e HL Soluções Ambientais.

O Nordeste, lembra Linhares, conta com grandes excedentes de energia renovável – eólica e solar – que hoje enfrentam barreiras de escoamento. Seja por conta de gargalos em linhas de transmissão, seja por falta de carga. Isso obriga o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a lançar mão de frequentes curtailments, com sérios prejuízos às companhias geradoras da região.

Outros atrativos do Nordeste, acrescenta o presidente da Energo, é a possibilidade de instalação de data centers, grandes consumidores de eletricidade. A existência de produtores de biocombustíveis é outro ponto positivo, segundo ele, porque o metanol usado hoje na produção de biodiesel não é de origem limpa.

Fora do Nordeste, o executivo aponta o Porto do Açu, no Rio de Janeiro, como área potencial para receber a plataforma integrada e até mesmo para o atendimento de comunidades isoladas da Amazônia, como forma de descarbonizar a matriz local cuja geração de eletricidade é em grande parte garantida à base de diesel fóssil.

Parceria estratégica

“A plataforma Migma Energia atua com algoritmos e inteligência artificial para monitorar recursos naturais (sol, vento) e otimizar fluxos de energia, calor e produtos entre os diversos processos, garantindo energia estável”, descreve Linhares.

O executivo, que já foi também secretário de Energia do governo do Ceará, ressalta que o avanço do projeto, no entanto, depende também de fatores externos, como maior clareza e estabilidade da regulação sobre hidrogênio verde no Brasil.

Entre as negociações em curso, o consórcio estabeleceu um pré-acordo com o governo do Piauí, através da Invest Piauí – agência de atração de investimentos estratégicos -, dada a forte integração potencial com demandas específicas locais, principalmente para a produção de metanol e energia estável.

“A contrapartida do estado não envolve transferência financeira direta, mas sim apoio institucional efetivo, organização de políticas públicas locais e incentivos alinhados com a descarbonização da cadeia de biodiesel e a substituição do metanol cinza pelo de baixo carbono”, informa Linhares

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Foto de Antonio Carlos Sil
Antonio Carlos Sil
Antonio Carlos Sil é jornalista formado pela FMU/FIAM. Atuou como repórter pela Brasil Energia, além de serviços prestados para Agência Estado, Exame e Canal Energia. Trabalhou em assessorias de comunicação da CPFL Energia, CESP e AES Tietê. Cobre setor elétrico desde 2000. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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