Sunova traça planos para 2025 com foco em HJT e mercado norte-americano

Diretor regional Brasil da empresa analisa ainda as tendências e desafios do setor solar
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Sunova traça planos para 2025 com foco em HJT e mercado norte-americano
Armazenamento de energia está se tornando uma tendência incontestável no setor, destaca o executivo. Foto: Sunova Solar/Divulgação

O setor fotovoltaico passou por mudanças significativas nos últimos anos, impulsionado por avanços tecnológicos, oscilações no preço dos módulos e desafios regulatórios. Em 2024, a intensa competição entre fabricantes resultou em um mercado focado em preço e volume, impactando a lucratividade das empresas e trazendo à tona questões como fake power e a necessidade de fiscalização mais rigorosa.

Diante desse cenário, 2025 promete ser um ano de transformação para o setor, com reajustes de preços, fortalecimento da qualidade dos produtos e um mercado mais estruturado. Além disso, o armazenamento de energia vem ganhando relevância como uma solução fundamental para a expansão da energia solar no Brasil, exigindo capacitação dos integradores e novas estratégias das empresas do setor.

Para entender melhor esses movimentos e os investimentos planejados para 2025, conversamos com Wellington Araújo, diretor regional Brasil da Sunova Solar. Na entrevista, ele compartilha sua visão sobre as principais tendências do setor, o posicionamento da Sunova frente aos desafios do mercado e as estratégias da fabricante para consolidar sua atuação no Brasil e no exterior.

Como você avalia o atual cenário do mercado fotovoltaico no Brasil e quais os desafios e principais tendências esperadas para 2025?

O ano de 2024 foi marcado por uma intensa competição entre os fabricantes de módulos fotovoltaicos, resultando em um mercado altamente orientado a preço e volume, mas com baixa lucratividade. Esse movimento impactou até mesmo grandes empresas verticalizadas, que possuem controle sobre toda a cadeia produtiva, desde a fabricação de células até a produção de módulos.

O relatório da Bloomberg, divulgado no primeiro trimestre de 2025, evidencia esse cenário, apontando bilhões de dólares em prejuízo para os principais players do setor. Isso reforça que o mercado enfrentou um período desafiador, onde a pressão por preços baixos comprometeu a rentabilidade das empresas.

Para 2025, espera-se uma mudança significativa no comportamento do segmento. Já observamos atualizações frequentes nos preços dos módulos, e especialistas globais indicam que os valores devem superar a marca de US$ 0,12 por Wp.

Esse reajuste tende a ocorrer rapidamente, pois as empresas estão buscando reestruturação financeira para garantir operações sustentáveis e rentáveis. Além disso, há mudanças importantes nas políticas regulatórias, tanto no Brasil quanto na China, que influenciam diretamente a cadeia de suprimentos.

Na China, por exemplo, o governo impôs restrições na capacidade produtiva de grandes fabricantes de células. Empresas que operavam com 30 GW de capacidade agora só podem utilizar de 10 a 15 GW, com a exigência de que essas operações sejam lucrativas.

Isso impacta diretamente a disponibilidade de insumos, tornando mais difícil encontrar opções de menor custo. Como consequência, os insumos disponíveis são de maior qualidade e mais caros, o que influencia o preço final dos painéis.

Diante desse cenário, o custo dos kits fotovoltaicos deve aumentar. Ademais, o posicionamento das marcas será mais estratégico, priorizando qualidade e rentabilidade em vez de uma simples disputa por preços baixos.
Outro fator relevante é o fim do ex-tarifário, que em 2024 beneficiava a importação de determinados módulos. Em 2025, cerca de 95% desses benefícios foram revogados, o que adiciona mais um elemento de pressão sobre os preços.

No que diz respeito às tecnologias, os fabricantes estão se movimentando em direção à HJT. A Sunova, por exemplo, já está oferecendo módulos de 700 Wp com tecnologia HJT, o que representa uma evolução natural da TopCon N-Type.

Além da questão dos preços, um grande desafio enfrentado pelo setor em 2024 foi a qualidade dos painéis disponíveis no mercado. O tema fake power ganhou destaque, especialmente em um ambiente onde o foco estava apenas no preço, sem uma fiscalização rigorosa sobre os produtos importados.

O ano passado registrou ofertas de módulos abaixo do custo de produção, levantando dúvidas sobre a veracidade das especificações de potência desses produtos. A ausência de uma regulamentação eficiente dificultou a garantia de que esses painéis realmente entregavam a potência declarada.

Em 2025, espera-se um fortalecimento da atuação do Inmetro, tornando a fiscalização mais rigorosa e garantindo que os módulos vendidos no Brasil atendam aos padrões técnicos estabelecidos. Isso será fundamental para garantir que a relação preço x qualidade seja equilibrada, proporcionando ao mercado produtos com células de melhor qualidade e desempenho confiável.

O setor fotovoltaico passou por um ano desafiador em 2024, mas a tendência para 2025 aponta para um setor mais estruturado, onde a qualidade e a rentabilidade ganharão espaço frente à guerra de preços. O aumento dos custos deve ser acompanhado de uma melhora nos produtos oferecidos, com a entrada de tecnologias avançadas e um controle mais rígido sobre a conformidade dos módulos.

O armazenamento de energia tem sido apontado como uma solução crucial para a expansão da energia solar. Como a Sunova tem se preparado para esse mercado?

O armazenamento de energia está se tornando uma tendência incontestável no setor fotovoltaico. No Brasil, já enfrentamos desafios técnicos, como a inversão de fluxo, um tema que algumas concessionárias têm levantado e que pode dificultar a viabilidade de projetos para os integradores.

Nesse cenário, soluções como sistemas híbridos, off-grid e sistemas de armazenamento de energia (BESS – Battery Energy Storage System) surgem como alternativas estratégicas para viabilizar projetos solares. Assim, os integradores precisarão se capacitar para atuar como provedores de soluções completas, indo além da simples instalação de sistemas fotovoltaicos e incorporando tecnologias de armazenamento.

Embora o custo ainda seja um fator relevante, a expectativa é que, com o tempo, essas soluções se tornem mais acessíveis e viáveis. O armazenamento de energia já é uma realidade e deve ser cada vez mais integrado às soluções existentes no mercado.

A Sunova já está de olho no mercado de armazenamento há cerca de dois anos, desenvolvendo produtos voltados para essa área. Atualmente, a empresa já viabilizou negócios na Europa e na África do Sul, onde iniciou projetos que envolvem sistemas de armazenamento de energia.

Agora, estudamos expandir esse portfólio para o mercado brasileiro, oferecendo soluções que atendam às necessidades locais. Esses sistemas exigem uma engenharia avançada e um corpo técnico altamente capacitado, sendo uma abordagem diferente da tradicional manufatura de módulos fotovoltaicos.

A fabricante tem ampliado sua atuação no mercado e, além da manufatura de módulos fotovoltaicos, também se consolidou como fabricante de células solares. Nos últimos anos, a empresa expandiu seu portfólio, trazendo microinversores e inversores string, apresentados durante a Intersolar do ano passado.

Atualmente, esses produtos estão em fase de amadurecimento e deverão ser disponibilizados ao mercado brasileiro ainda este ano. A incorporação do armazenamento de energia ao portfólio da Sunova reforça sua posição como uma empresa que integra soluções fotovoltaicas completas.

O armazenamento está no roadmap estratégico da Sunova, alinhado ao compromisso da empresa em oferecer soluções tecnológicas inovadoras e eficientes para o setor solar. A ampliação do portfólio não apenas fortalece a presença da empresa no mercado, mas também contribui para o avanço da energia fotovoltaica no Brasil, proporcionando soluções mais robustas e preparadas para os desafios técnicos e regulatórios do setor.

Quais serão as novidades que a empresa trará ao setor esse ano?

Entre as novidades estão os módulos com potência acima de 700 W com tecnologia HJT; frame de compósito como alternativa ecologicamente e financeiramente mais viável que o frame de alumínio; microinversores; e inversores string.

A Sunova Solar tem alguma estratégia para fortalecer ainda mais sua presença no Brasil?

A Sunova é uma marca fortemente consolidada no setor de energia solar, especialmente entre os integradores do mercado de GD. Há três anos consecutivos, a empresa figura entre as top 3 marcas mais reconhecidas pelos integradores do setor.

Esse reconhecimento é resultado de um relacionamento próximo e de confiança com seus parceiros estratégicos. A fidelidade dos distribuidores, muitos dos quais trabalham com a Sunova há cerca de quatro anos, tem sido fundamental para fortalecer a presença da marca no Brasil.

Para ampliar ainda mais essa presença, a Sunova dedica uma parte significativa de seus investimentos em ações cooperadas com seus distribuidores estratégicos. A companhia apoia financeiramente eventos realizados por esses distribuidores, garantindo uma conexão direta com os integradores e reforçando a presença da marca nos principais encontros do setor.

Em 2025, a Sunova seguirá investindo fortemente em participação presencial e eventos em parceria com seus principais distribuidores no Brasil. Essa estratégia é vista como a maneira mais eficaz de se comunicar diretamente com a base de integradores, fortalecendo ainda mais o relacionamento com os parceiros e impulsionando o crescimento da marca no país.

O compromisso da Sunova com seu canal de vendas e distribuição continua sendo uma prioridade, e a empresa seguirá apostando em ações que garantam o fortalecimento dessa parceria estratégica ao longo do ano.

Quais investimentos estão sendo planejados para 2025?

A Sunova possui uma atuação consolidada no Brasil, mas opera globalmente também sob outro nome, que pertence ao grupo Yuncheng Solar. Em 2025, o principal foco de investimento será a consolidação de tal marca nos Estados Unidos, um mercado promissor e estratégico para o crescimento do grupo.

Esse processo envolve uma operação robusta, incluindo:

  • Infraestrutura industrial para produção local de módulos;
  • Expansão da equipe e estrutura organizacional;
  • Fortalecimento da marca e das parcerias estratégicas no mercado norte-americano.

O grupo Sunova aposta fortemente no potencial do setor fotovoltaico nos EUA, direcionando grande parte de seus investimentos para garantir o sucesso dessa operação.

Embora os Estados Unidos recebam um volume significativo de investimentos, o Brasil segue como um dos mercados mais estratégicos para a Sunova. A empresa continuará investindo fortemente no país, mantendo ações voltadas para:

  • Eventos cooperados com distribuidores, fortalecendo a relação com integradores e promovendo a marca junto aos profissionais do setor;
  • Participação na Intersolar 2025, trazendo novidades em módulos, microinversores, inversores string e soluções de armazenamento de energia;

Patrocínio de eventos estratégicos do setor, reforçando a presença da marca e sua proximidade com os principais players do mercado.

Além das ações de marketing e expansão comercial, a Sunova continuará investindo em P&D para fortalecer seu portfólio. Entre as prioridades para 2025 estão:

  • Aprimoramento na fabricação de módulos e células solares;
  • Integração de microinversores e inversores string ao portfólio, aproveitando a forte rede de distribuição da empresa;
  • Investimentos em soluções de armazenamento de energia, entendendo que essa tecnologia será uma transição natural para o mercado solar nos próximos anos.

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Foto de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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