A Sunrun, uma das maiores empresas de energia solar residencial dos Estados Unidos, teve um faturamento de US$ 523,9 milhões no segundo trimestre de 2024, uma queda de 11% em relação ao mesmo período de 2023.
Embora o faturamento da Sunrun tenha diminuído, o lucro líquido no segundo trimestre deste ano foi de mais de US$ 139 milhões, uma alta de 152% quando comparado ao segundo trimestre de 2023, em que foi registrado o lucro líquido de cerca de US$ 55 milhões.
As informações foram apresentadas por Mary Powell, CEO da Sunrun, durante a divulgação do balanço financeiro da empresa aos acionistas. A executiva pontuou que estes números resultam da estratégia da empresa em potencializar a oferta em seu portfólio de sistemas fotovoltaicos com baterias.
Mary ainda destacou que no segundo trimestre, foi gerado um fluxo de caixa de US$ 217 milhões. “Continuamos a executar nossa estratégia de crescimento focada em armazenamento [com baterias] e maiores margens para gerar um fluxo de caixa significativo”, disse.
Ainda de acordo com Mary, as instalações com baterias no segundo trimestre cresceram 152% em relação ao ano anterior, totalizando 265 MWh instalados só neste período.
“No segundo trimestre, mais que dobramos as novas instalações com baterias e alcançamos uma taxa de integração [de sistemas de energia solar com baterias] de 54%. Agora, temos 1,8 GWh de capacidade de armazenamento em rede, com mais de 116 mil sistemas fotovoltaicos e de armazenamento instalados”, acrescentou.
Fonte: Sunrun
A executiva também ressaltou que a Sunrun fez uma parceria com a Tesla Electric para dar apoio à rede elétrica do Texas, despachando a energia armazenada nas baterias dos clientes da Sunrun durante o horário de ponta.
Preço da energia em alta e novas regras de Net Metering impulsiona sistemas com baterias
Mary destacou o crescimento da tarifa de energia elétrica nos EUA. Segundo a executiva, o preço da eletricidade em todo o país quase dobrou entre maio de 2023 e maio deste ano.
E ao mesmo tempo, de acordo com ela, os consumidores americanos estão enfrentando cada vez mais quedas de energia devido a incêndios florestais, furacões e grandes tempestades. “O número médio anual de interrupções relacionadas ao clima aumentou quase 80% na última década”, pontuou.
Neste cenário, Mary ressaltou que os sistemas fotovoltaicos e de armazenamento de energia são uma saída econômica e que proporcionam segurança energética aos consumidores dos EUA.
“Os custos dos módulos solares e das baterias diminuíram significativamente na última década, permitindo a geração de energia local e acessível para milhões de famílias em toda a América”, pontuou.
Durante a conferência foi destacado o NEM 3.0, a nova versão da Net Energy Metering, que trouxe mudanças significativas para o mercado solar na Califórnia, afetando diretamente tanto consumidores quanto empresas do setor.
Essa versão reduziu significativamente os créditos que os consumidores recebem ao exportar energia produzida a partir de painéis solares para a rede elétrica. Isso tornou o retorno sobre o investimento em sistemas solares menos atraente, especialmente sem baterias.
Na avaliação do Paul Dickson, CFO da Sunrun, o mercado de de armazenamento tem sido impactado positivamente. “De forma geral, vemos consumidores em todos os mercados expressando interesse por baterias, mas realmente temos áreas onde as taxas de adesão de baterias são muito mais fortes. No Havaí e em Porto Rico, por exemplo, temos quase 100% de adesão de baterias. Na Califórnia, como armazenamento de backup, está 80%”, comentou.
“Vemos muitas oportunidades futuras por causa disso. Nossos vendedores estão ansiosos para vender. Então, à medida que trabalhamos com políticas, diferentes cidades, concessionárias e uma boa estratégia de mercado, é daí que virá o crescimento adicional”, acrescentou Dickson.
Mary ainda pontuou que a Sunrun está adotando a estratégia de storage first. “Vendemos outros produtos também, mas o armazenamento tem sido realmente um foco chave nosso, não apenas pelo valor que proporciona aos acionistas e aos clientes em termos de resiliência, mas também porque continuamos a ver que será uma futura chave para desbloquear o valor dos serviços de rede, que continuamos a mencionar”, comentou.
“Vemos um potencial significativo em nosso programa de retrofit, voltando à nossa base de clientes existente. Portanto, novamente, esperamos ver um crescimento real também nesse segmento”, complementou destacando a oportunidade da empresa em aumentar o faturamento utilizando sua carteira de clientes.
Segurança energética
Recentemente, o furacão Beryl atingiu a costa como uma tempestade, provocando queda de energia de aproximadamente 3 milhões de casas e empresas no Texas. Alguns residentes esperaram mais de uma semana para que a energia da rede fosse restaurada em suas áreas, mas esta não foi a realidade de Michael Shepard, morador de Porter, no estado texano.
“Fiquei nove dias sem energia elétrica da concessionária, mas tudo o que eu precisava estava funcionando graças aos painéis solares e à bateria da Sunrun. Foi essencial, e eu recomendo a todos para que possam armazenar a energia do sol e serem autossuficientes durante essas quedas de energia”, relatou Michael Shepard.
Projeções futuras
Durante a apresentação do balanço financeiro, a Sunrun divulgou as perspectivas até o final de 2024. Danny Abajian, CFO da companhia, comentou que a empresa está empenhada em reduzir seus custos e em aumentar a geração de caixa, com foco na oferta de sistemas de armazenamento com baterias e outros produtos de maior valor agregado.
“Estimamos que a capacidade instalada de sistemas de armazenamento pela Sunrun fique entre 275 MWh a 300 MWh no terceiro trimestre de 2024, representando um crescimento de aproximadamente 64% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já para o ano completo, estamos aumentando nossa expectativa para 1.030 MWh a 1.100 MWh, uma alta de 86% em relação à nossa previsão anterior, que era de 800 MWh a 1.000 MWh”, informou Abajian.
Em contrapartida, o CFO pontuou que a capacidade instalada de sistemas puramente de energia solar (sem baterias) caia cerca de 15% em comparação com o ano anterior.
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