No próximo dia 1º de agosto, entra em vigor a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. A medida deve afetar alguns setores, como as indústrias de aço. Com a sobretaxa americana, o setor pode enfrentar queda nas exportações.
Nos últimos anos, o Brasil ficou entre os principais fornecedores de aço para os EUA, principalmente minério de ferro. No entanto, o que pode parecer ser uma notícia negativa para a indústria do aço, também pode abrir uma janela de oportunidade no mercado de energia solar brasileiro.
“Hoje, o Brasil é exportador de aço para os Estados Unidos. E o aumento da taxa de importação lá, que já era alta, com essa política protecionista do Trump, pode gerar uma sobra de aço no mercado nacional. Então, mesmo que ainda não tenhamos sentido diretamente os efeitos dessa mudança, a expectativa é que o preço do aço aqui caia um pouco”, disse David Sigismondi, diretor comercial da Axial Brasil.
A Axial está ainda entre as 10 empresas que mais comercializam trackers solares no mundo. O aço é o principal insumo utilizado na construção de estruturas fixas e trackers para energia solar.
Os trackers são equipamentos que acompanham o movimento do sol ao longo dia. Essas estruturas são projetadas para otimizar a geração de energia solar, ajustando-se dinamicamente para captar a máxima quantidade de radiação solar possível.
Segundo Sigismondi, caso a taxa de Trump seja mantida, é possível que haja uma redução dos preços dos trackers no Brasil a partir de setembro ou outubro.
“Se a tarifa de 50% se consolidar em agosto, os produtores que exportam podem segurar o estoque esperando uma reversão. Mas, como o aço não pode ficar parado por muito tempo, eles vão precisar desovar. Isso deve pressionar os preços para baixo”, analisou o diretor.
O executivo, porém, ressalta que a “Curva A”, que representa os principais componentes de um projeto fotovoltaico, como tracker, módulo e inversor, já está com preços no limite. “Então, se eu fosse investidor, não adiaria a decisão esperando redução de custo. Mas ficaria atento ao cenário e negociaria”, sublinhou.
Expansão para novos mercados
A Axial chegou ao Brasil há três anos e se tornou uma das principais fornecedoras de trackers para o mercado de geração solar distribuída. A empresa trabalha também com estruturas fixas, mas optou por se concentrar nos trackers por ter mais valor agregado.
“No Brasil, estamos há três anos e começamos com foco em GD (geração distribuída) – projetos menores, mais fáceis de gerenciar e com menos risco. Dentro desse nicho, estamos entre os três maiores fornecedores. Agora, em 2025, estamos entrando forte na geração centralizada”, disse o executivo
A companhia tem uma fábrica de transformação na Bahia e um escritório em São Paulo. “A gente expandiu a fábrica na Bahia para ter mais estoque e melhorar o supply chain. Antes trabalhávamos com poucos projetos, agora queremos escalar com mais volume. A GD é mais just-in-time, entrega varejista. Na Geração Centralizada, o prazo é maior, e isso nos permite operar com mais eficiência”, disse Sigismondi.
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