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Usinas fotovoltaicas flutuantes vão dominar o mercado, aponta especialista

Segundo o engenheiro eletricista José Teixeira, as UFFs apresentam características que as colocam em vantagem com relação às usinas em terra

Autor: 16 de setembro de 2020março 17th, 2021Brasil
4 minutos de leitura

“Calculo que o mercado de UFF (usinas fotovoltaicas flutuantes), nos próximos 10, 15 anos, deve superar as instalações em solo”. Essa é a previsão do engenheiro eletricista José Teixeira, especialista no segmento.

Segundo Teixeira, esse domínio irá acontecer pois esses sistemas solares apresentam algumas características que os colocam em vantagem com relação às usinas em terra. “A principal vantagem é que as UFFs tornam a operação do painel fotovoltaico mais fria, aumentando a eficiência na geração energética. Quando você eleva o sistema para cima d’água já tem o benefício enorme da refrigeração natural que isso proporciona”, explicou.

“A segunda vantagem é que eles proporcionam maior facilidade na limpeza dos módulos. Para uma instalação em terra, por exemplo, você tem que levar um caminhão pipa até o local, usar a água para limpar o módulo e ainda ela é perdida porque se infiltra no solo. Inclusive, há uma consequência preocupante nessas usinas que é o crescimento de erva daninhas, que posteriormente precisam ser cortadas”, comentou o engenheiro.

No caso da UFF, ele destacou que a placa solar acaba sujando muito menos. “Você tem o prazo entre limpezas muito maior, e quando precisa limpar a água está logo debaixo dos seus pés. Eu até brinco com o pessoal que é só pegar um escovão com cabo mais comprido, molhar e limpar o painel. Fora a vantagem que a água usada volta para o reservatório”.

O especialista ressaltou também que quando uma usina fotovoltaica é colocada no reservatório evita-se a evaporação da água. “Em muitos casos a perda de água é brutal, como, por exemplo, no caso da transposição do Rio São Francisco. Devido à calha ser muito larga e pouco profunda, a quantidade de água que se perde por evaporação é enorme. Quando você cobre isso com sistema solar flutuante chega a economizar até 75% dessa evaporação”.

Ademais, segundo Teixeira, as UFFs estão imunes a incêndios, principalmente de queimadas, e contribuem para o uso de recursos naturais disponíveis e não escassos. “A vantagem é não te que dispor daquela área de terra, que pode ter uma aplicação muito mais nobre, como o caso da agricultura, por exemplo”, apontou.

Payback atrativo

De acordo com José Teixeira, o sistema fotovoltaico flutuante costuma ser entre 15 e 30% mais caro que uma instalação equivalente no solo. “É mais caro por conta do preço do plástico. Estamos fazendo um trabalho para chegar, até fim do ano que vem, com 5 a 10% mais caro só”.

No entanto, segundo o engenheiro, pelas vantagens, uma UFF tem um payback mais curto que as instalações em solo de menor valor. “Se você tem um painel mais frio, com baixa manutenção, que suja menos, você consegue empurrar mais kilowatt na rede. Só perdemos em relação a custo porque existem usinas em solo que possuem seguidores solares”, disse.

“Outro fato interessante para se ter uma usina na água é a quantidade de lagos que existem hoje cadastrados no Brasil pela ANA (Agência Nacional de Águas), que gira em torno de 24 mil lagos com mil metros de comprimento. Já os que não são cadastrados, com menos de 1 km de comprimento, devem ser de três a quatro vezes desse total”, exemplificou o especialista.

Interesse por usinas solares flutuantes cresce

À medida que os custos da tecnologia solar caem, o interesse em usina fotovoltaica flutuante cresce. Segundo levantamento realizado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), com base em dados compilados do World Bank Group, estima-se um potencial de capacidade instalada em reservatórios de 4 mil GW no mundo.

De acordo com a EPE, o investimento em usinas solares sobre espelhos d’água chega ainda a ser 18% maior do que a produção fotovoltaica em terra.

Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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