O agronegócio brasileiro exerce um papel decisivo na transição energética do país, sendo responsável por 60% de toda a energia renovável consumida no território nacional. A constatação é de um estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas), elaborado pelo Observatório de Bioeconomia da instituição.
Segundo o levantamento, sem a participação do setor agropecuário, a participação das fontes limpas na matriz energética brasileira cairia drasticamente — de 49% para cerca de 20% —, colocando o país em um patamar semelhante à média global, estimada em torno de 15%.
De acordo com o coordenador do núcleo de bioenergia da FGV, Luciano Rodrigues, o agronegócio reúne uma série de vantagens naturais e estruturais que favorecem o uso de energia limpa em toda a sua cadeia produtiva, como o clima tropical; a produção extensiva com menor necessidade de irrigação, alta produtividade por hectare e uso de tecnologia adaptada às condições do país.
No entanto, essa vantagem convive com uma vulnerabilidade: a dependência do diesel. “Em 2022, 73% da energia usada diretamente na agropecuária brasileira veio de combustíveis fósseis, em especial o diesel. Isso torna o setor sensível a choques externos, como variações no preço do petróleo ou crises geopolíticas”, explica o pesquisador.
Eficiência energética na produção agropecuária
O estudo da FGV também analisou a eficiência energética do setor com base na métrica GJ/USD1000 — ou seja, a quantidade de energia consumida para gerar mil dólares de valor bruto da produção agropecuária.
Em 2022, o Brasil registrou uma intensidade energética de 1,9 GJ por mil dólares, próxima à média mundial de 1,7 GJ. O indicador sugere uma competitividade moderada, revelando que o país é capaz de gerar valor agrícola com relativa eficiência no uso de energia, comparado a nações desenvolvidas.
Ainda assim, o levantamento aponta que há espaço para melhorias, especialmente em segmentos agroindustriais de menor valor agregado, onde a relação entre energia consumida e valor gerado ainda é menos eficiente.
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Metodologia
O estudo da FGV se baseou em dados disponibilizados pelo BEN (Balanço Energético Nacional), principal instrumento oficial de monitoramento da evolução da matriz energética brasileira.
Além disso, foram utilizadas informações da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e as modelagens globais como o GTAP-Power (expansão da base de dados GTAP – Global Trade Analysis Project – com foco na eletricidade).
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