O valor da tarifa extra que será cobrada no mês de julho, na bandeira vermelha 2, será de R$ 9,492 para cada 100 kWh consumidos. Trata-se de um aumento de 52% em relação ao valor que vinha sendo praticado, de R$ 6,243.
O anúncio foi dado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) após aprovar, no começo da tarde desta terça-feira (29), a resolução que estabelece o valor das novas bandeiras tarifárias a partir de 1º de julho de 2021.
Segundo a entidade, o novo preço contempla os custos de geração de energia elétrica decorrentes da maior crise hídrica dos últimos 91 anos, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema).
A diretoria da ANEEL também decidiu os valores que serão cobrados nas demais bandeiras. A verde, que indica boas condições de geração de energia, seguirá sendo gratuita.
A amarela, por sua vez, subirá de R$ 1,343 para R$ 1,874 para cada 100 kWh consumidos (39,5% de aumento). Já a bandeira vermelha, no patamar 1, sofrerá redução de 4,75%, caindo de R$ 4,169 para R$ 3,971.
Em nota, a Agência destacou que as bandeiras tarifárias, atualizadas anualmente até 2019, permaneceram com valores inalterados em 2020 como medida emergencial para aliviar a conta de luz dos consumidores e auxiliar o setor elétrico durante a pandemia da Covid-19.
“Pelo mesmo motivo, a ANEEL manteve a bandeira verde de junho a novembro de 2020 – nesse período, os custos da Conta Bandeira foram supridos pela Conta Covid, empréstimo ao setor elétrico feito junto a bancos públicos e privados, com o objetivo de aliviar os impactos da atual crise no setor elétrico”, pontuou a entidade.
Taxa social
A ANEEL também divulgou nesta terça-feira a incidência dos adicionais de bandeiras tarifárias na conta de luz dos consumidores que possuem direito à Tarifa Social de Energia Elétrica. Os valores seguirão os mesmos percentuais de descontos que são estabelecidos por faixa de consumo.
“Isso significa que as famílias de baixa renda, inscritas no programa de Tarifa Social, pagam as bandeiras com os mesmos descontos que já têm nas tarifas, de 10% a 65%, dependendo da faixa de consumo”, explicou a ANEEL.
Sobre a crise hídrica
O Brasil passa hoje pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos, com níveis críticos de reserva de água em seus reservatórios estratégicos. O problema vem se alastrando desde o final do ano passado, com a falta de chuvas, o que levantou discussões sobre risco de um racionamento de energia no país, como o realizado há 20 anos, em 2001.
Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração de energia do país, estão com apenas 30,2% de sua capacidade. Em alguns deles, o índice encontra-se abaixo dos 11%. É o caso dos reservatórios de São Simão, Itumbiara, Marimbondo e Água Vermelha.
A crise obrigou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a se pronunciar em cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta segunda-feira (28) pedindo para que a população faça o uso consciente de água e energia elétrica, de modo que o problema não se agrave nos próximos meses.
“Diante desse cenário, simulações da ANEEL na Conta Bandeiras demonstraram que os valores anteriormente estimados pela Consulta Pública ANEEL n° 10/2021, realizada para a contribuição da sociedade para o cálculo da atualização das bandeiras em 2021, seriam insuficientes para cobrir os custos de compra de energia das distribuidoras”, alegou a ANEEL.